Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Conceicao-Velha-de-Lisboa. Foto A.A.Bispo©

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Conceicao-Velha-de-Lisboa. Foto A.A.Bispo©

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Fotos A.A.Bispo
©Arquivo A.B.E.

 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 138/11 (2012:4)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização de estudos de processos culturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência -

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2012 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2914


A.B.E.


O Portal da Conceição Velha da Baixa de Lisboa
sob a perspectiva das relações Navegação/Comércio
A Misericórdia ao homem navegante no mar da vida
e a Conceição na tensão tipológica Igreja/Sinagoga

Ciclos de estudos na Itália, França, Espanha e Portugal pelos 500 anos da morte de Amerigo Vespucci (1451-1512)
15 anos de abertura do Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E. na Alemanha

 

Uma das sessões dos ciclos de estudos euro-brasileiros realizados em países europeus na primavera de 2012 foi dedicada ao portal da igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha, na Baixa de Lisboa, rua da Alfândega, freguesia da Madalena, não distante da Praça do Comércio.

Essa igreja é considerada desde 1910 como monumento nacional português, bem patrimonial de excepcional importância histórico-artística, sendo o seu portal considerado como um dos mais relevantes exemplos do Manuelino, ao lado do Mosteiro dos Jerônimos e da Torre de Belém.

A razão da escolha dessa igreja para o desenvolvimento de estudos explica-se pelo escopo dos ciclos. Estes tiveram como objetivo salientar o significado da perspectiva científica no tratamento de questões culturais a serviço da função esclarecedora que devem ter os Estudos Culturais em época marcada por crescente obscurantismo de fundamentação religiosa na Europa e em outras partes do globo. (Veja http://www.revista.brasil-europa.eu/138/Estudos-e-Esclarecimento.html))

Nesse intuito, a atenção passa a ser dirigida aos fundamentos de um edifício de concepções e imagens de remotas proveniências e que passou por resignificações no decorrer da história.

Assim como a leitura de textos não deve restringir-se ao sentido literal das palavras - causa de fundamentalismos obscurantistas - , procurando, através de análises, sentidos mais profundos e ordenações subjacentes, também a leitura da arquitetura e de sua configuração plástica não deve restringir-se à aparência imediata e à consideração das transformações estilísticas no decorrer do tempo, mas sim procurar imagens intrínsecas ou subjacentes, integrantes de um edifício global da visão do mundo e do homem.

A igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha oferece significativas possibilidades de exercícios de leitura, exigindo, devido à sua complexidade, particular atenção diferenciadora.

Esse necessário cuidado de leitura evidencia-se já numa primeira aproximação pelo fato do observador perceber diferentes estilos na configuração plástica da fronte da igreja, em particular no seu portal. Ainda que considerada como um dos grandes monumentos do gótico tardio manuelino, os relevos indicam ser expressões de linguagem visual renascentista e mesmo do Barroco.

O confronto com transformações estilísticas em obras de arquitetura e de plástica arquitetônica no decorrer de reformas e continuidade de trabalhos construtivos em diferentes épocas é comum na História da Arte. Em muitos casos, constata-se interrupções, descontinuidades, quebras de continuidade estilística, e algumas grandes catedrais - como por exemplo a de Valencia - apresentam-se como obras em inacabada e inacabável construção, marcadas por rupturas.

A fronte da Conceição Velha, porém, apresenta-se em singular unidade na diversidade, não manifestando nem um desenvolvimento contínuo na transformação da linguagem visual, nem mudanças abruptas. Ela evidencia um trabalho de composição ou recomposição, de arranjo hábil e coerente de elementos.

O estudo da Conceição Velha pode abrir caminhos para o tratamento de outras obras criadas através da composição de materiais reaproveitados, um procedimento que pode ser constatado com singular frequência no mundo marcado culturalmente pelos portugueses.

Conceicao-Velha-de-Lisboa. Foto A.A.Bispo©

A Conceição Velha e problemas de leitura de reconstruções

O interesse histórico e mesmo teórico-cultural do edifício decorre em primeiro lugar do fato de ser um testemunho de passado em grande parte submerso, afastado da percepção mais imediata devido á destruição de Lisboa pelo terremoto de 1755. Imergir nesse passado surge como tentativa necessária sobretudo sob a perspectiva de países que tiveram a sua formação marcada pelos descobrimentos, pela colonização e ação missionária de Portugal.

Nesse intuito, êle próprio de natureza de natureza reconstrutiva, a igreja da Conceição Velha surge como particularmente significativa por ser também ela resultado de uma reconstrução.

Trata-se, assim, da complexa tarefa de, em intuito reconstrutivo, ler uma obra de reconstrução na qual foram empregados relitos de duas igrejas, a da Misericórdia e a da Conceição, em amálgama de expressões artísticas que correspondiam originalmente aos respectivos programas teológicos.

Se a coerência da composição foi possibilitada pelo fato de tratar-se de duas igrejas de invocação mariana, é tarefa de uma leitura atenta procurar diferenças mais sutís na linguagem visual, nos seus sentidos teológicos e, mais adiante, nos fundamentos imagológicos subjacentes.

O terremoto, que destruiu a maior parte dos edifícios de Lisboa, destruiu também a antiga igreja da Misericórdia, ali situada. Essa igreja era de excepcional significado para a Lisboa da época dos Descobrimentos, vindo em dimensões logo após a do Mosteiro dos Jerônimos, em Belém. Também foi uma igreja de grande esplendor, tendo nela trabalhado artistas da assim-chamada escola dos Jerônimos.

Desse igreja da Misericórdia destruída durante o terremoto conservou-se a Capela do Santíssimo Sacramento, mais tardia, de fins do século XVI, assim parte da fronte voltada ao Tejo. Essa fachada é marcada pelo seu extraordinário portal, ladeado por duas janelas de acentuada verticalidade e que lembram janelas da fachada sul do Mosteiro dos Jerônimos.

Com as destruições causadas pelo terremoto, a irmandade da Misericórdia foi transferida para a igreja de São Roque, dos Jesuítas.

Destruída no terremoto foi também a igreja da Conceição dos Freires, remontante à mesma época. Foi construída em 1502 no lugar da antiga sinagoga, centro da Judiaria Grande, como doação aos freires da Ordem de Cristo. Supõe-se que um de seus relitos também foram reaproveitados no portal da igreja da Madalena.

A igreja reconstruída passou então a ter a dedicação dessa igreja da Conceição, sendo assim designada como Conceição Velha, um termo que apenas pode ser compreendido considerando-se as decorrências históricas.

Se um observador de fora primeiramente não entende o que significa uma Conceição Velha, o habitante local sabe que ali se encontra uma reconstrução da igreja velha da Conceição, ou seja, recapitula de forma mais ou menos consciente uma situação não mais existente, porém ainda presente.

O significado histórico-cultural dessa presença reside sobretudo no fato de remontar à conversão dos judeus, à transformação da sinagoga em igreja, um processo social e cultural de grandes dimensões e graves consequências.

Ao mesmo tempo, porém, aquele que contempla o portal da igreja da Conceição e que nela entra depara-se com a representação não de Nossa Senhora da Conceição, mas sim de Nossa Senhora da Misericórdia no seu tímpano.

Para uma leitura diferenciada da igreja e de seu recomposto programa visual, torna-se, portanto, necessário considerar tanto contextos de expressões e concepções relacionados com a Conceição como aqueles com a Misericórdia.

Campo de tensões sinagoga/igreja e função paradigmática da Conceição

As reflexões encetadas em Lisboa puderam basear-se nos trabalhos precedentes desenvolvidos no ciclo de estudos levado a efeito na Lonja de los Mercaderes e Consulado del Mar em Valencia (Veja http://www.revista.brasil-europa.eu/138/Consulado-del-Mar.html).

Aquele templo comercial, obra monumental de arquitetura secular gótico-tardia/renascentista traz à consciência o papel extraordinário desempenhado por comerciantes judeus no desenvolvimento econômico e, com o seu enriquecimento e aumento de poder, a pressão por que passaram para converter-se. Aqueles conversos de posses e influência foram organizados na confraria da Misericórdia, com uma capela na própria Lonja. A aceitação de conversos em irmandade de prestígio, de poder econômico e influência social pressupõe, porém, o processo de conversão mais amplo, abrangente também de artesãos de seda e mercadores judeus mais modestos, baseado fundamentalmente no campo de tensões sinagoga/igreja.

Na prosperidade dos judeus em negócios e no crescimento de poder da comunidade judaica parece residir uma das causas explicativas da extinção da Judiaria Grande de Lisboa, em 1496. A sinagoga maior deu lugar então à igreja da Conceição dos Freires, entregue à Ordem de Cristo,  fato que ainda pode ser lido na fronte da Conceição Velha, onde surge, ao alto do portal, emoldurada por esferas armilares, a cruz.

A transformação da sinagoga em igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição, ou melhor, à Conceição de Nossa Senhora indica o significado das concepções correspondentes no processo cristianizador. O binômio sinagoga/igreja foi em geral expresso na linguagem visual com personificações femininas - sendo a sinagoga representada por mulher com olhos vendados - e, em contraste, a representação da Igreja apenas pode remeter à mulher que assume uma posição ímpar entre as mulheres por ser mãe de Cristo.

A elucidação desse papel privilegiado, único de Maria consistuia uma das principais preocupações teológicas da época, sobretudo entre Dominicanos e Franciscanos, uns defendendo a santificação de Maria, outros a sua imaculada concepção ainda no ventre de Ana, justificando assim ter nascida sem o pecado original, em ambos os casos, porém, referenciando fundamentalmente esse privilégio antecipadamente às ações meritórias que seriam feitas pelo seu Filho.

A Conceição era a forma de expressão mariana de maior devoção dos marinheiros. Era na capela dos freires de Belém que, antes da partida, oravam os navegadores que partiam. A imagem de Nossa Senhora do Restelo, oferecida pelo Infante D. Henrique (1394-1460), O Navegador, é hoje conservada na igreja da Conceição Velha.

No processo de transformação cultural causado pela conversão, uma compreensão dessa posição privilegiada de Maria e da Igreja como anti-tipo da sinagoga tinha de partir de tipo do qual se diferenciava, assim como de pre-figurações do Velho Testamento. Consequentemente, o observador constata, na linguagem visual do portal da Conceição Velha várias imagens conhecidas de ladainhas e do Rosário, indicando a intensidade com que foi praticado na época. Registra-se, assim, imagens do livro da Sabedoria, em particular no Cântico dos Cânticos, tais como a da fonte (Fons signatus, 4,12) e a do poço da água da vida (Puteus aquarum viventium, 4,15).

Esse motivos dominam as superfícies do portal, surgindo de forma combinada com outros, tal como os vários relacionados com plantas e flores, o que explica a profusão vegetal da ornamentação. 

O significado da Misericórdia na Conceição Velha

Ainda que terminada apenas em 1534, a igreja da Misericórdia foi edificada sob D. Manuel I (1469-1521) a pedido de sua irmã D. Leonor (1458-1525), viúva de D. João II (1455-1495), o "Príncipe Perfeito", para ser sede da primeira Misericórdia de Portugal, instituída em 1498 por essa rainha e pelo Frei Miguel Contreira.

A igreja oferece-se assim como exemplo da atividade construtiva de uma época marcada pelos sucessos dos Descobrimentos e pela expansão comercial, transformando Lisboa em centro por excelência do comércio com produtos exóticos.

Apesar de sua extraordinária riqueza, sendo o seu pai herdeiro do Infante D. Henrique, o Navegador, a rainha, profundamente religiosa, dedicou-se à vida retirada, de piedade e austeridade no Paço de Xabregas. Por sua ordem construiram-se igrejas e edifícios religiosos, entre êles salientando-se o convento da Madre de Deus (1509).

Sobretudo após a sua viuvez, voltou-se a praticar obras de caridade e assistenciais aos necessitados, tomando votos das Franciscanas descalças de Santa Clara. Distinguiu-se, nessa sua religiosidade, pelo apoio que concedeu à instituição de uma rêde de Misericórdias dirigidas por irmandades da Misericórdia.

A prática do auxílio aos pobres marcava sobretudo o culto ao Espírito Santo, que nas suas formas de expressão cultural e festiva ficaria relacionado pelos séculos com a rainha D. Isabel. A orientação religiosa que marcou a criação da rêde de Misericórdias indica sobretudo um cunho mariano, tendo a sua expressão maior na veneração de Nossa Senhora da Misericórdia.

O motivo do Manto Protetor

Toda a configuração do portal é dominada por representação plástica no tímpano, de excepcional valor artístico, e que testemunha a presença da antiga igreja dedicada à Misericórdia na atual Conceição Velha, uma vez que apresenta Maria no seu centro, da qual se extendo o seu manto protetor sôbre os homens que, ajoelhados, são representados como orantes. 

O manto da Misericórdia cobre não pobres, mas sim autoridades da da Igreja e da sociedade da época. Percebe-se, aqui, que a noção da Misericórdia apresenta dimensões mais amplas do que a da caridade aos necessitados. O termo deve ser entendido primordialmente como sendo Maria a Mãe da Misericórdia, sendo a Misericórdia Cristo por excelência. Ela surge como aquela que ouve as súplicas dos homens nas atribulações da existência.

Representantes de diferentes posições da hierarquia e ministérios podem ser vistos de ambos os lados, no da Igreja com a presença de um pontífice (Alexandre VI, 1430-1503), de cardeais, bispos e outras autoridades eclesiásticas em parte reconhecíveis pelas vestimentas e atributos. Do outro lado, identifica-se o vulto do rei D. Manuel I, da rainha D. Leonor e da viúva de D. João II D. Leonor de Lencastre, a irmã de D. Manuel e iniciadora da Misericórdia de Lisboa. Com essas referências a autoridades da época da construção da Misericórdia, já então falecidas à época do término da Misericórdia, o tímpano apresenta uma concepção de Igreja e Estado que se compreendiam como orantes, confiantes sob o manto da Misericórdia.

Tanto na devoção à Nossa Senhora da Misericórdia como no motivo do manto protetor a igreja revela a vigência em Portugal de formas de expressão religiosa que alcançaram uma particular intensidade em vários países da Europa em fins do século XV. Trata-se, assim de um processo religioso-cultural e de natureza imagológico que ultrapassou fronteiras, sendo a igreja de Lisboa uma de suas expressões. Pode-se lembrar não apenas a mencionada devoção à Misericórdia na capela da Lonja, como também a intensidade do culto à Misericórdia na Itália, tornando-se essa forma de devoção de significado na missão jesuítca na China (Veja http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Budismo-aplicado.html ).

Também o motivo do Manto Protetor alcançou uma particular intensidade no século XV, sendo particularmente fomentada por Dominicanos. Ainda que já documentado em séculos anteriores, Ocidente, essa forma de devoção, intensificada como no Leste por relatos de visões, foi fundamentada em pré-figurações do Velho Testamento, correspondendo a um uso de Direito consuetudinário de oferecer proteção através do cobrimento de uma pessoa com um manto. A presença desse motivo pode ser constatada com singular frequência naquele século, tanto no Leste como em outras partes da Europa. Exemplos significativos da Europa central são oferecidos por imagens alemãs (por ex. Ravensburg, 1480).

Estudos mais pormenorizados poderiam distinguir determinadas formas de representação, inserindo a plástica portuguesa em correntes iconográficas e indicando a sua singularidade. Maria surge de pé, sem o seu Filho nos braços, como pode ser registrado em outros casos, tendo sob o seu manto, de forma também usual, figuras representado o clero e a sociedade. Maria não surge aqui com braços abertos, dois quais pende o manto-véu, mas sim este é seguro por anjos, diferenciando-se porém desse conhecido tipo de representação pelo fato de não cobri-la, mas dela se extenderem lateralmente.

O manto estrutura o tímpano não apenas em campos da direita e da esquerda, mas também numa esfera superior e numa inferior. A superior, marcada por dois anjos que seguram o manto dos dois lados, corresponde à parte superior do corpo de Maria. A inferior é aquela sob o manto, onde se encontram os representantes da Igreja e do reino, correspondendo à parte inferior do corpo de Maria.

A imagem central surge no centro, tal como eixo, integrando em si as esferas humanas à sua direita e esquerda e, ao mesmo tempo, abrangendo a criação humana e a angelical. Abrangendo verticalmente as esferas inferiores e superiores, a imagem sugere um movimento de subida das profundezas às alturas.

O observador tem a sua atenção agora dirigida à configuração ondulada do manto e que parece sugerir, nas suas movimentações e mesmo correntezas, o mundo no qual se encontram ou se encontravam os homens nas águas da existência.

Em observação mais atenta, o observador constata que não se trata de um manto, mas sim que decorrem ou fluem de suas vestes. No seu impulso ascensional, Maria surge como aquela que se eleva do mar à região da luz. Na representação ela surge como Assunta, já coroada.

A constatação da intensidade de motivos marianos na decoração do pórtico abre perspectivas para a leitura do seu enquadramento marcado ao alto pelas esferas armilares laterais e pela cruz ao centro.

O observador reconhece tratar-se aqui de expressões de símbolos tipológicos marianos relacionados com imagens militares ou de defesa, entre elas a sua interpretação como Turris Davidica (4,4) e Turris eburnea (7,4). O decantar de Maria como Castrorum acies ordinata (6,3) poderia talvez explicar a aparência de fortaleza ou de burgo da fachada da igreja.

A estruturação em duas partes elucidada no seu sentido através das referências ao poder eclesiástico e ao do Estado na representação do tímpano, é salientada pelos arcos que, tal como numa representação de proporções aritméticas, salienta a divisão binária dos grupos e a unidade do todo na imagem central. A essa divisão binária correspondem abaixo as duas portas de entrada.

O Renascimento, aqui, seria explicável não apenas como expressão de uma influência externa, mas sim como uma atualização segundo impulsos da época a partir de fundamentos do próprio edifício de imagens. Essa referenciação segundo a Antiguidade Clássica apenas pode ser compreendida a partir das características do sistema de visão do mundo e do homem. Nesse sistema, os tipos podiam ser encontrados tanto na tradição clássica como na bíblica, os anti-tipos possuiam apenas correspondentes na tradição antiga não-bíblica.

Grupo de estudos sob a direção de

Antonio Alexandre Bispo



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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. "
O Portal da Conceição Velha da Baixa de Lisboa sob a perspectiva das relações Navegação/Comércio. A Misericórdia ao homem navegante no mar da vida e a Conceição na tensão tipológica Igreja/Sinagoga". Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 138/11 (2012:4). http://www.revista.brasil-europa.eu/138/Conceicao-Velha-de-Lisboa.html




  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


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