Breazilian Information Bureau NY. BRASIL-EUROPA 129. Bispo, A.A. (Ed.). Organização de estudos culturais em relações internacionais





Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 
NY. Foto A.A.Bispo©

Os estudos voltados às relações culturais entre o Brasil e os Estados Unidos necessitam dar particular atenção à época da Segunda Guerra Mundial e aos anos que imediatamente a precederam e sucederam. A intensificação dos contatos bi-laterais, das iniciativas voltadas à aproximação de ambos os países e suas consequências para a cultura e para as artes inseriram-se em contexto político de dimensões globais. As próprias relações culturais entre os países europeus e o Brasil do século XX não podem ser apropriadamente examinadas se não for levado em consideração o desenvolvimento interamericano.


A aproximação dos países americanos entre si, que alcançou nessa época um grau até então não experimentado, oferece um testemunho dos elos existentes entre processos que ocorrem no continente americano e as relações transatlânticas.


A necessidade de uma consideração conjunta do transatlantismo e do interamericanismo, levantada pela Academia Brasil-Europa em evento especialmente dedicado ao tema, em 1983, vem sendo desde então desenvolvida em diferentes contextos, como elucidado em edições anteriores desta revista.


O estudo desses elos à época da Segunda Guerra  revelam-se como particularmente importantes pelo fato de terem estabelecido imagens, criado pressupostos e determinado desenvolvimentos posteriores. O seu exame é de significado para a consideração adequada de obras de artistas brasileiros, de correntes de pensamento e para a análise de rêdes sócio-culturais. É, sobretudo, de relevância para os brasileiros residentes nos Estados Unidos e seus descendentes. A reconstrução do passado, que exige o levantamento de fontes dispersas e a sua análise contextualizada surge como necessária para a memória comunitária e para reflexões mais aprofundadas a respeito de processos de identidade e diferenciação cultural.


The Brazilian Information Bureau


A expansão comercial do Brasil no Exterior, pretendida e fomentada pelo Govêrno brasileiro, e correspondendo à politica norte-americana, teve uma de suas expressões na criação de escritórios, um dos quais foi o Brazilian Information Bureau, mantido em Nova York pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio do Brasil.


A importância desse escritório cresceu de forma extraordinária nos últimos anos da década de 30 em consequência da situação política mundial e da política dos Estados Unidos relativamente à América Latina. Segundo analistas americanos, não o que os Estados Unidos vendiam, mas o que compravam é que determinariam desenvolvimentos vantajosos (Veja artigo).


Uma outra razão era a de que casas importadoras dos Estados Unidos, privadas de importar matérias primas da África, da Ásia e da Oceania, voltavam as suas vistas de forma mais intensa para o Brasil. A partir de maio de 1938, tendo a sua direção confiada a Francisco Silva Jr., a repartição passou a ser aparelhada visando cumprir seus primordiais objetivos comerciais e vir de encontro a essa procura.


Para o desenvolvimento comercial, os interessados necessitavam de informações, de nomes de produtos exportáveis e listas de exportadores brasileiros, de dados sobre matérias primas, sobre suas qualidades e potencialidades, de informações sobre condições alfandegárias, sobre restrições bancárias e análises de mercado.


Correspondendo também a estrategias de economistas norte-americanos (Veja artigo), passou-se a cogitar na introdução nos EUA de produtos até então pouco conhecidos, tal como o da mandioca, o que exigia, por sua vez, estudos de mercado nas diferentes cidades e regiões do país.


Reciprocamente, passou-se a dar maior atenção à venda de produtos americanos no Brasil. Nesse caso, a concepção americana era de apoiar o desenvolvimento técnico e industrial, já que inevitável, suprindo então as necessidades mais avançadas assim criadas. Para isso, os americanos tinham necessidade de informações quanto à propaganda comercial, às possibilidades de anúncios e reclames pela rádio-diofusão e pela imprensa. A obtenção dessas informações, porém, era difícil, sobretudo pela barreira imposta pelo idioma.


A própria denominação do escritório de expansão comercial do Brasil em Nova York indica que este  passou a atuar de forma cada vez mais intensa como agência de informações. Como divulgada então pelo próprio Bureau, se este recebia, em 1937, ca. de 14 consultas mensais, esse número elevou-se, em outubro de 1940, a 1165, e, em abril de 1941, a mais de 12300. As informações eram solicitadas por cartas, telegramas, telefonemas e em visitas pessoais ao escritório.


Com o aumento de seu significado, o Ministro do Trabalho, Dr. Waldemar Falcão, autorizou a ampliação desse escritório de expansão comercial do Brasil em Nova York. Se este ocupava até então uma parte do segundo andar do edifício Fred F. French, as instalações passaram a contar, a partir de 1941, com grande parte desse andar e de um salão no terceiro pavimento do edifício.


Com as suas doze janelas para a Quinta Avenida, o escritório dispunha de localização e espaços representativos para o atendimento de representantes comerciais, jornalistas e interessados em geral.


Brazilian Information Bureau. Arquivo A.B.E.
Para as instalações, proveitaram-se mostruários dos pavilhões brasileiros das feiras mundiais de Nova York e de San Francisco.


Esse material constituiu a base para uma exposição permanente de  amostras de matérias primas de várias regiões brasileiras, assim como de produtos manufaturados.


A exposição de matérias comercializáveis passou a ser complementada com vistas fotográficas de cidades e regiões do Brasil, assim como de aspectos culturais pitorescos e curiosos, capazes de despertar a curiosidade do norte-americano.


Assim, foram focalizadas a imagem da "baiana", devidamente estilizada, a de plantadores, jangadeiros e seringueiros, salientando-se aspectos de exotismo alegre e bem-humorado, diferente mas cultivado, adequados à visão e à mentalidade norte-americana.


O mostruário de produtos e os materiais visuais passou a ser complementado por publicações, folhetos, periódicos e livros.


NY. Foto A.A.Bispo©
Tanto os mostruários como as publicações do escritório de expansão comercial/Brazilian Information Bureau visavam três grupos de interessados:


1) o negociante importador ou potencialmente importador de produtos brasileiros;

2) o capitalista ou industrial que poderia inverter fundos em indústrias estabelecidas no Brasil, e

3) o viajante que necessitava de informações sobre hotéis, atrações, meios de transporte e outros dados para viagens de recreio ou de trabalho.


Dentre os principais nomes dessa fase de apogeu do Bureau citam-se o do já mencionado Francisco Silva Jr., o de Thomas Duckworth, que auxiliava sobretudo no trato em inglês, e o de José Garrido Torres, funcionário do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. O Escritório achava-se subordinado diretamente ao Dr. Ildefonso Albano, diretor do Departamento Nacional da Indústria e Comércio do Brasil.


Ampliação de tarefas do Bureau e formação de acervos


Os colaboradores do Bureau passaram a ser cada vez mais confrontados com solicitações difíceis de serem satisfeitas. A diversidade de temas exigia fontes amplas de dados. Assim, como a própria repartição salientava, em 1941, uma firma indagava quais os tipos mais comuns de teares utilizados nas indústrias textís do Brasil, outra indagava onde ficava Nova Lima, se para essa cidade havia uma estrada de ferro ou serviço aéreo, e, no caso, qual o preço das passagens; outro interessado queria saber qual a temperatura da água em Ribeirão das Lages e o qual a temperatura que encontraria ao chegar ao Rio de Janeiro para poder saber o que vestir. Estudantes desejavam informações precisas sobre leis trabalhistas.


Assim, a repartição sentiu a necessidade de ampliar os seus acervos de dados e fontes de informação sobre todo e qualquer assunto que dizia respeito ao Brasil.


Em 1941, já contava com arquivos contendo relatórios, recortes de jornais e revistas, mapas, plantas de cidades, textos e monografias escritas à mão e datilografadas, além de uma biblioteca de livros e revistas técnicas do Brasil e dos Estados Unidos. Transformou-se, assim, em verdadeiro centro de informações.


O Boletim Americano e Brazil Today


Para além de folhetos e textos sobre matérias primas e assuntos comerciais em geral, o Bureau passou a editar um boletim semanal, em português: o Boletim Americano, com informações gerais de interesse para o comércio e para os jornalistas no Brasil.


Para os interessados americanos, editava a revista Brazil Today, que era enviada a várias instituições, firmas e órgãos dos EUA e do Canadá. Essa revista, bem impressa, era ilustrada com imagens e desenhos, procurando-se vir de encontro ao gosto e à mentalidade dos norte-americanos, salientando-se também aqui o bom humor, a alegria e aspectos mais populares, exóticos e engraçados da cultura brasileira. A imagem do Brasil passou assim a ser marcada segundo a visão norte-americana, fato necessário para o interesse primordial da venda de produtos.

Apoio a livros: I Like Brazil de Jack Harding


O Bureau passou a apoiar e a divulgar livros publicados sobre o Brasil em Nova York. Esse fomento dizia respeito, naturalmente, a obras que serviam aos intuitos da propaganda publicitária.


O apoio de livros sobre o Brasil por parte do Bureau correspondia a um interesse geral pela América Latina fomentado pelas instituições americanas. Assim, vários livros sobre o Brasil foram expostos, em 1941, em exibição dedicada à literatura latino-americana realizada na Biblioteca Montclair, Nova Jersey.


O I Like Brazil, de Jack Harding, editado pela The Bobbs-Merril Company, correspondia perfeitamente ao intento de promoção de uma imagem positiva do país e ao despertar de sentimentos de simpatia e interesse pelo seu povo e sua cultura.


O autor, casado com a escritora Bertita Harding, expôs nesse livro as suas impressões e experiências de uma viagem de férias ao Brasil. Salientou o "Brazilian charm", a gentileza, a cortesia, a suavidade e amabilidade do brasileiro assim como a hospitalidade para com estrangeiros.


Vera Kelsey (1891-1961) e Seven Keys to Brazil


Vera Kelsey, nascida em Winnipeg, Manitoba, tendo passado a sua infância em Grand Forks, North Dakota, formou-se em 1909 na Grand Forks Central High School, Grand Forks, ND, mantendo-se vinculada a essa instituição que desempenhou papel considerável no movimento de defesa nacional por ocasião da Guerra, salientava-se pelos seus sentimentos patrióticos.


Estudou também na Universidade de Washington e na Brown University, alcançando o grau de master em Sociologia. Realizou viagens pelo Oriente, trabalhando como publicista para o North China Daily News, em Shanghai, entre 1920 e 1922. Posteriormente, viveu em Nova York e realizou extensas viagens pela Europa, pelo Japão, assim como pela América do Sul e Central, viagens das quais resultaram as suas publicações. De suas viagens pela América do Norte resultou trabalhos de pesquisas, p.e. no Red River Valley, documentados, entre êles British Columbia Rides A Star (1958).


Vera Kelsey produziu vários livros de cunho informativo e turístico-cultural relativos a países que visitou, salientando aspectos econômicos e de modernização, como Modern Industry Comes to China e Brazilien Frontier. O seu pensamento girava sobretudo no oferecimento de pontos fundamentais sobre o país e sua cultura, de "chaves" para o seu entendimento. Assim, publicou, com L. de J. Osborne  Four keys to Guatemala (Funk & Wagnall; Mayflower Publ., 1939) e Seven Keys to Brazil (Funk & Wagnalis, 1940).


Nos Seven Keys to Brasil, republicado em edição revista em 1941, a autora ofereceu um panorama da diversidade regional do Brasil, concentrando-se em particular em sete regiões mais acessíveis ao visitante estadounidense. Essas regiões foram consideradas quanto à sua população e suas ocupações, os seus recursos e os seus pressupostos históricos. A autora emprestou uma especial atenção às grandes cidades. O livro foi completado com dados gerais e considerações sobre atividades econômicas e artísticas.


Incentivada pelo extraordinário interesse pelo Brasil nesses anos, publicou, em 1942, Brazil in Capitals, editado por Harper & Brothers, Six Great Men of Brazil e Maria Rosa. Uma outra publicação, a novela The Owl Sang Three Times, tematizava a vida da colonia americana do Rio de Janeiro, mostrando assim a sua existência e a potencialidade nela existente para a intensificação das relações.


Vera Kelsey exerceu papel influente na vida cultural americana também como editora assistente do Theater Arts magazine e diretora para relações públicas da American Woman's Association e do The American Woman's Club. Foi membro do Author's League of America, da sucursal de Fargo do The National League of American Pen Women. Tornou-se popular como autora de livros de ficção e estórias de mistério. Entre as suas obras, citam-se The Bride Dined Alone (1943), Satan Has Six Fingers (1943), Fear Came First (1945), Whisper Murder (1946), Red River Runs North! (1951), Tomorrow For You (1953) e Young Men So Daring (1956).


Apoio à arte brasileira: Leopoldo Gotuzzo (1887-1983) e Tomás Santa Rosa Jr. (1909-1956)


Paralelamente à promoção do Brasil através de exposição de produtos, folhetos informativos e divulgação de livros que contribuiam a uma boa imagem do pais, o Bureau também dedicou-se ao apoio de exposição de obras de arte brasileiras e/ou com temática relativa ao Brasil.


Também aqui, a atenção dirigiu-se sobretudo a obras que despertavam a atenção do apreciador norte-americano e correspondiam às suas expectativas. Deveriam mostrar aspectos culturais distintivos, ou seja, característicos, porém sem ênfase retórica nacionalista, capazes de despertar a simpatia daqueles empenhados na "boa vizinhança".


Obras cuja difusão foi apoiada pela repartição apresentavam, assim, temática nacional brasileira, com sugestões exóticas, ao mesmo tempo, porém, tratadas em linguagem estilística denotadora de discreta e amável modernidade.


De significado foi a exposição de três quadros brasileiros, em 1941, na Grand Central Galleries, de Nova York: a Baiana, de Leopoldo Gotuzzo, Capinzal, de José Panzetti, e Pescadores, de Tomás Sta. Rosa Jr.. Esses quadros eram propriedade da coleção da International Business Machines.


A galeria em que se apresentaram essas obras pertencia a uma associação de pintores e esculturos, uma cooperativa de artistas criada em 1922. Também aqui interesses artísticos uniam-se estreitamente com motivos econômicos. Viria a gozar da reputação de ser uma das maiores galerias de venda de quadros do mundo.


O quadro A Baiana, de Leopoldo Gotuzzo, pintor gaúcho, denota a sólida formação acadêmica que esse artista recebera de Frederico Trebbi e, mais tarde, em Roma, do retratista francês Joseph Noel Sylvestre (1847-1926). Em 1914, enviou quadros para o Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, alcançando considerável renome no Brasil, na década de vinte. Na Europa, trabalhou e expôs em Portugal e na França.


Dos quadros então apresentados, uma especial atenção merece também Os Pescadores, do artista paraibano Tomás Santa Rosa Júnior (1909-1956). Tendo estudado no Liceu Paraibano, e após ter passado um tempo em Salvador, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como auxiliar de Candido Portinari (1903-1962).


Alcançou renome na década de 30 como ilustrador de periódicos, entre outros de Sua Revista e Rio Magazine, assim como de publicações da editôra José Olympio. Como cenógrafo, realizou trabalhos para espetáculos da Cia. de Comédias Jaime Costa, tendo fundado o grupo Os Comediantes, em 1938.






Visita de Alzira Vargas do Amaral Peixoto, filha de Getúlio Vargas (1883-1954)


Um dos pontos altos da história das atividades do Bureau de Nova York deu-se com a visita da filha do Presidente Getúlio Vargas, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, em 1941, acompanhada pelo seu marido, o Comandante Ernani do Amaral Peixoto, Interventor do Estado do Rio de Janeiro.


A visita foi guiada por Walder Sarmanho, conselheiro comercial da Embaixada Brasileira. Presentes à recepção estiveram também os membros do Bureau e o Tenente Bernardino Nogueira, da Aviação Portuguesa.


A filha de Getúlio Vargas veio aos Estados Unidos para batizar um novo vapor da Companhia Moore & Mac Cormack em Chester, Pennsylvania, ocorrido a 12 de abril de 1941. O navio recebeu o nome de Rio de Janeiro, e fazia parte da "Frota da Boa Vizinhança" norte-americana, representando um símbolo da solidariedade entre as duas maiores repúblicas do hemisfério ocidental. Com 15.500 toneladas, salientava-se por ser o primeiro a possuir instalações de ar condicionado em quase todas as suas dependências.


A nave foi benzida por D. John Francis O'Hara CSC (1888-1960), na sua qualidade de ex-presidente da Universidade de Notre Dame e bispo auxiliar da Marinha e da Armada norte-americana. Correspondendo simbolicamente ao nome do navio - e à presença do Interventor do Rio de Janeiro - a nave não foi batizada com a quebra de uma garrafa de champagne, mas sim de uma garrafa de água do Rio Paraíba, homenageando-se o Estado do Rio de Janeiro. A cerimônia foi assistida por grande público, contando com a presença de importantes figuras da administração, do corpo diplomático, e das áreas comerciais e culturais do Brasil e dos EUA.


A Columbia Broadcasting Company, uma das principais estações rádio-difusoras dos Estados Unidos, irradiou, no dia 12 de abril de 1941, as cerimônias do lançamento da nave. Esse programa foi transmitido por onda curta para o Brasil e outros países latino-americanos pelo anunciador brasileiro da Columbia, Luiz Lopes Correia.


A filha do presidente brasileiro chegou a Nova York por avião da Pan American Airways, acompanhada do seu esposo, tendo sido recebidos pelo prefeito de Nova York, Fiorello Enrico La Guardia (1882-1947) e esposa.


Durante a sua permanência, foram alvo de diversas homenagens, distinguindo-se uma visita ao Presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) em Washington, e um banquete oferecido pela American Brazilian Association e a Pan American Society.



American Brazilian Association e American Coffee Corporation


Duas entidades desempenharam papel de importância nessa fase da história das relações entre os Estados Unidos e o Brasil, demonstrando os elos entre os interesses comerciais e as atividades culturais apoiadas por representações diplomáticas: a American Coffee Corporation e a American Brazilian Association.


Duas personalidades representavam o vínculo entre as duas instituições: Berent Friele (1895-1985) e William T. Moran.


Berent John Beyer Friele, presidente da American Coffee Corporation, foi também presidente da American Brazilian Association até 1941. Nesse ano, foi substituido por William T. Moran, da gerência do National City Bank de Nova York. Este já se achava há cinco anos estreitamente ligado com o Brasil. Havia sido um dos fundadores da American Brazilian Association.


Essa associação havia sido criada primordialmente com interesses econômicos, visando a potencialidade de tratos comerciais do Brasil, possuidor de tantas riquezas naturais. O seu presidente salientava, porém, que a sua fundação havia sido antes de mais nada resultado de sentimentos de simpatia e amizade de norte-americanos para com o povo brasileiro, decantado pela sua bondade e hospitalidade.


Com a eleição de William T. Moran, a associação entrou numa nova fase de sua existência. Para vice-presidentes foram eleitos Renato de Azevedo, gerente do Lloyd Brasileiro, L. E. Freeman, advogado da firma Momsen & Freeman, e P. R. Nelson, da firma Ruffner, McDowell & Burch. O cargo de Tesoureiro foi confiado a Herman G. Brock.


Berent Johan Beyer Friele, de origem norueguesa, presidente da American Coffee Corporation de 1929 a 1946, que desenvolvera a American Brazilian Association, era, desde meados da década de trinta, o maior comprador de café do mundo, responsável por ca. de 14% das importações anuais do produto pelos EUA. Dedicando-se sobretudo ao comércio do café com a Colombia e o Brasil, valorizando aqui particularmente Poços de Caldas, Minas Gerais, onde, na sua opinião, crescia  o café de mais alta qualidade do Brasil. Mantinha relações de negócios com a família Rockefeller, sendo assistente para relações diplomáticas de Nelson A. Rockefeller (1908-1979), quando este tornou-se governador de Nova York. A American Coffee Corporation era sucursal da Great Atlantic & Pacific Tea Company.


Nos anos da Guerra, no Brasil, dirigiu o Office of Inter-American Affairs dos EUA, tratando não apenas de interesses comerciais, mas também de questões relacionadas com a saúde e o intercâmbio cultural. Após a guerra, com membros dos Rockefeller, atuou na direção da American International Association for Economic and Social Development, uma organização voltada ao fomento da produção agrícola, tendo dado particular atenção ao Brasil.


Exposição de modas inspirada pelo Brasil: "Brasil Romântico"



"O Brasil Romântico" foi tema de uma exposição de modas inspiradas em motivos históricos do Brasil realizada pela revista de Snellenburg, Filadelfia, sob o patrocínio do Consulado brasileiro local. A exposição foi inaugurada a 21 de abril de 1941 por João Josetti Jr., do Brazilian Information Bureau. A cerimônia inclui canções e danças brasileiras.


Os mostruários apresentados constaram de material enviado pelos diversos órgãos de publicidade comercial do Brasil, tais como o Brazilian Information Bureau, o Departamento Nacional do Café, o Instituto Nacional do Mate, o Brazil Nut Advertising Fund. A Pan-American Airways colaborou com transportes e passagens. Grande foi o êxito alcançado pelas amostras de tecidos brasileiros, especialmente de sêda artificial, remetidas pelo Brazilian Information Bureau, de Nova York.


Exposição de Cultura e da Literatura Brasileiras


Em 1941, realizou-se outra exposição significativa dedicada a vários aspectos da cultura brasileira, em particular da literatura e da moda, na Enoch Pratt Library, em Baltimore, Maryland. O Brazilian Information Bureau participou nessa exibição, para ela tendo enviado um mostruário portátil com informações gerais sobre o Brasil, impressos e amostras de artigos produzidos e exportados pelo Brasil, tais como tecidos, carnaúba, côco, babassú, ferro cristal, fibras, borracha, etc. No ato da inauguração, falaram Armando Fleury de Barros, consul do Brasil em Baltimore e Raul d'Eça, diretor do Inter-American Book Exchange da União Panamericana, membro da congregação da G. Washington University.


Monografia sobre selos brasileiros e livro sobre Portinari


A União Panamericana publicou uma monografia intitulada "Who'sWho on the Postage Stamps of Brazil", de autoria de Rogélio E. Alfaro, que considerava personalidades que figuram em selos de correios do Brasil. A publicação foi prefaciada pelo Embaixador do Brasil em Washington, que salientou a importância da publicação ao estudo da filatelia brasileira.


A universidade de Chicago publicava um livro sobre Cândido Portinari, que exibira as suas obras nos Estados Unidos e que haviam sido entusiasticamente recebidas.


Música e danças brasileiras: Carmen Miranda (1909-1955)


Eleanor Powell (1912-1982), dançarina e estrela da Metro-Goldwyn-Mayr, preparou-se, em 1941, para fazer uma viagem ao Brasil e a outros países da América Latina. Passou a estudar o português. Pensava estudar as danças sul-americanas para as interpretar nos Estados Unidos.


A Companhia Twentieth Century Fox preparou o seu astro Dom Ameche, protagonista dos filmes "Uma Noite no Rio" e "Encontraram-se na Argentina", para uma longa viagem pelo Brasil. Essa companhia apoiava também Carmen Miranda que deu iníco a um filme com o suporte artístico de Dom Ameche (1908-1993).


(...)


Antonio Alexandre Bispo


Todos os direitos relativos a texto e imagens reservados. Reproduções apenas com a autorização explícita do editor.

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.."O Brazilian Information Bureau nas suas relações com a American Brazilian Association e a American Coffee Corporation - movimento brasileiro à época da visita da filha de Getúlio Vargas aos EUA.50 anos de morte de Vera Kelsey (1891-1961)" Revista Brasil-Europa 129/20(2011:1). http://www.revista.brasil-europa.eu/129/Brazilian_Information_Bureau_NY.html




  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


  2. Brasil-Europa é organização exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. Não tem, expressamente, finalidades jornalísticas ou literárias e não considera nos seus textos dados divulgados por agências de notícias e emissoras. É, na sua orientação culturológica, a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro e originada de iniciativa brasileira. Foi registrada em 1968, sendo continuamente atualizada. A A.B.E. insere-se em antiga tradição que remonta ao século XIX.


  3. Não deve ser confundida com outras instituições, publicações, iniciativas de fundações, academias de letras ou outras páginas da Internet que passaram a empregar designações similares.




 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 129/20 (2011:1)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2706



O Brazilian Information Bureau
nas suas relações com a
American Brazilian Association e a American Coffee Corporation
- movimento brasileiro à época da visita da
filha de Getúlio Vargas aos EUA -
50 anos de morte de Vera Kelsey (1891-1961)


Trabalhos da A.B.E. em Nova York, Los Angeles e Boston - Ano Edward MacDowell 2010 e Ano Listz 2011

 

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