AlemanhaXEUA na AL nos anos 30.BRASIL-EUROPA 129. Bispo, A.A. (Ed.). Organização de estudos culturais em relações internacionais





Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

O Brasil experimentou, nos anos trinta e quarenta do século XX, uma extraordinária intensificação nas suas relações com os Estados Unidos, o que se manifestou no intercâmbio cultural, no pensamento e no movimento artístico. Esse relacionamento teve influência na configuração da imagem do Brasil, nos Estados Unidos e no próprio país, marcando concepções e expressões que perduraram para além do período em que surgiram e se desenvolveram.


Questionar e analisar as causas e as circunstâncias que levaram a esse desenvolvimento surge como tarefa relevante para os estudos culturais em contextos globais . Uma das perspectivas a serem particularmente consideradas no caso das relações culturais Brasil/Estados Unidos é a econômica. Ela pode oferecer subsídios para a atual discussão referente às relações entre enfoques econômicos e culturais nos estudos em contextos internacionais e mesmo a prioridades.


Necessários para o tratamento refletido e fundamentado de questões relativas a processos interamericanos do presente, esses estudos chamam a atenção às estreitas relações entre desenvolvimentos continentais e a Europa. Correspondem, assim, aos intuitos da Academia Brasil-Europa em considerar em estreito relacionamento processos histórico-culturais interamericanos e transatlânticos, como expostos em números anteriores desta revista (Veja Tema em debate)


Um documento: Goldsmith Shore World Markets Digest Analysis and Regional News Letter


Uma publicação conhecida e estudada, no Brasil, em círculo relacionado com o comércio e a cultura norte-americana nos anos 30 oferece uma base para a discussão da perspectiva norte-americana das relações entre os dois países na sua inserção político-econômica global e a sua possível internalização por parte de brasileiros.


Trata-se da análise e do noticiário regional para a América Latina e o Caribe publicado em fevereiro de 1939 da Goldsmith Shore Associates, com sede em Nova York (30 Rockefeller Plaza): Goldsmith Shore World Markets: Digest Analysis and Regional News Letter for Latin America anda Caribbean Area, February 1939, Section I: Latin American Regional News Letter.


Goldsmith Shore
"We Have Always Had Competition From Germany"


Uma leitura atenta dessa publicação revela que a principal preocupação dos analistas norte-americanos era a crescente importância da Alemanha no comércio com os países latino-americanos.


Essa retomada de posição alemã na transação econômica com a América Latina em meados da década de trinta era vista como uma ameaça à supremacia comercial dos Estados Unidos.


Segundo os analistas da potente empresa Goldsmith, a Alemanha ainda não estava substancialmente próxima a bater a posição americana no comércio, para além dos 15% que possuía em 1937.


Considerando o continente no seu todo, apesar de todo o progresso que a Alemanha tinha feito, os Estados Unidos ainda estavam na relação de dois para um na competição comercial. A grande perdedora do desenvolvimento que havia ocorrido nos últimos anos era a Inglaterra.


O Digest Analysis salienta que, na América Latina, os EUA sempre tiveram competição da Alemanha e deveriam esperar sempre tê-la.


Os americanos viam com bons olhos concorrências de todas as nações, desde que a competição se desse com base no comércio livre. Os Estados Unidos teriam, porém, todo o direito de objetar contra a concorrência dirigida e apoiada pelo Estado alemão, assim como contra o emprêgo de métodos que determinassem relações bilaterais apoiados por pressões políticas e econômicas.


Ao contrário da alemã, a concorrência japonesa na América Latina não surgia como alarmante para os Estados Unidos. Somente em raros casos as importações japonesas mostravam um real aumento. Isso ocorria no Panamá, na República Dominicana e, em menor grau, no Peru. As vendas do Japão para a América Latina, em 1937, perfaziam apenas 1/14 daquelas dos EUA, as aquisições da América Latina no Japão eram apenas de ca. 2%, o que não parecia modificar-se substancialmente em 1938.


Goldsmith Shore
Rockfeller Center. Foto A.A.Bispo©

Análise mercantil dos países latino-americanos: Brasil e Argentina


Segundo os analistas, em pelo menos oito importantes países latino-americanos a posição americana estaria ameaçada. Que todos esses países tinham agido em reciprocidade à abertura de "boa vizinhança" americana do Presidente Franklin D. Roosevelt (1882-1945), esse era um fato que não deveria levar a que se acreditasse que seriam sempre os melhores compradores dos Estados Unidos. Os negociantes americanos deveriam, assim, examinar cuidadosamente a estrutura mercantil de cada país específico. Uma análise cuidadosa da situação poderia fornecer chaves para a solução do problema.


O Brasil é um dos países tratados pela publicação, sendo comparado com outras nações do continente.


O problema da Argentina residiria no bi-lateralismo. O comércio bi-lateral entre a Argentina e a Inglaterra passava a ser modificado com a concorrência dos Estados Unidos. A Inglaterra experimentara uma redução na sua posição invejável de principal parceira da Argentina, uma vez que os Estados Unidos assumira esse papel por mais de 3/4 do ano de 1938. A Inglaterra comprara 30% dos produtos da Argentina, enquanto que a porcentagem de compras dos Estados Unidos era apenas de 7%. Entretanto, enquanto dominasse na Argentina a concepção que o meio dominante do intercâmbio comercial era aquelie constituído pelos cereais, a carne e o algodão, que iam dez vezes mais para a Inglaterra do que para os Estados Unidos, as vendas americanas não aumentariam.


O Brasil, porém, seria bastante diferente. Embora todos os elementos da situação fossem diversos daqueles do Brasil, o resultado da análise seria o mesmo. As aquisições do USA no Brasil produziam um excedente que possibilitava ao país a cobrir a maior parte de suas importações.


Entretanto, a situação de 1938 demonstrava que, embora os Estados Unidos criassem praticamente um volume comercial duas vezes maior do que aquele produzido pela Alemanha, a nação americana via-se forçado em dividir com ela, quase que em paridade, o suprimento das importações do Brasil. A causa desse transtorno para os Estados Unidos era o comércio alemão do café, do cacau e do algodão. As vendas americanas ao Brasil não aumentariam até que não se encontrasse uma solução para esse problema.


Rockfeller Center. Foto A.A.Bispo©

Análise mercantil dos países latino-americanos: Chile, Uruguai, México


Também no Chile haveria o problema alemão no comércio. Em 1929, as vendas americanas haviam sido duas vezes maiores do que as da Alemanha. Em 1938, porém, já não havia mais do que 2% de margem de separação entre os dois países quanto à supremacia comercial.


O caso do Uruguai era diferente. Embora não sendo um mercado grande, representava um caso extremo. Nesse país, não restariam traços da supremacia americana, sendo os EUA, em 1938, apenas o terceiro fornecedor. Essa deficiência quanto à compra de produtos americanos pelos uruguaios correspondia à filosofia do bi-lateralismo reinante no país, a mais forte da América Latina.


A economia uruguaia trabalhava contra os interesses dos Estados Unidos por aplicar de forma consequente a doutrina do "comprar daquele que compra de você". O resultado desse princípio foi que, em consequência da queda substancial das vendas aos Estados Unidos entre 1937 e 1938, também reduziram-se as compras de produtos americanos.


Assim como no Brasil e no Chile, a rivalidade alemã no comércio era o grande problema do México. Nesse país, constatava-se o mais drástico declínio de vendas de produtos americanos de toda a América Latina.


A concorrência alemã aproveitara-se da oportunidade criada pela desapropriação de companhias de petróleo. Enquanto que as vendas americanas haviam caído em mais de 50 % desde a desapropriação, a Alemanha aumentara substancialmente o comércio com o México. Entretanto, os Estados Unidos ainda supriram, em 1938, quase que 60% das importações do México, a Alemanha, ao contrário, apenas 20% do total de importações.


Análise mercantil dos países latino-americanos: Guatemala, Peru, Colombia


Também na Guatemala as vendas realizadas pelos Estados Unidos e pela Alemanha estavam muito próximas entre si: os americanos mantiveram 45% do total, a Alemanha 32%, ficando a Inglaterra com menos do que 10%.


No Peru, o pêso da Alemanha fizera-se apenas sentir nos últimos anos. O Peru fazia 36% de suas importações dos Estados Unidos, apenas 25% da Alemanha. Entretanto, a Alemanha estava aumentado o seu comércio muito rapidamente, podendo-se prever que a supremacia americana iria estar em perigo ao redor de 1940.


Na Colombia, o comércio alemão já havia tomado pé, suprindo ca. de 20% das importações do país, enquanto que os Estados Unidos mantinham pouco mais de 50%. O problema, que era de crescente gravidade para os Estados Unidos, era o café vendido para a Alemanha. Um acordo assinado entre o Peru e a Alemanha, em fins de 1938, iria levar a um extraordinário incremento do comércio alemão na Colombia.


Questões de bi-lateralismo e de economia dirigida e comércio multiangular


Em face da campanha comercial vista como agressiva que Alemanha desenvolvia na América Latina, especialmente a partir de 1935, a verdadeira perdedora era a Inglaterra. A exportação americana não havia ainda perdido substancialmente a sua posição. No todo do continente, a Inglaterra comprava mais do que a Alemanha; esta, porém ganhara o segundo lugar em vendas. Assim, não seria em geral a lei do bi-lateralismo que estaria operando, mas a força potente da economia dirigida da Alemanha, com o uso de outras medidas, tais como o da concessão de longos créditos.


Resultados da visita do Ministro do Exterior do Brasil aos EUA


A visita do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Osvaldo de Souza Aranha (1894-1960), que havia sido embaixador nos EUA (1934-1937) foi um evento que, segundo os analistas, teria tocado diretamente na posição de defesa do comércio e dos negócios legítimos dos EUA sob as leis do comércio multiangular. 


Aqui não se tratava da procura de um monopólio comercial. Tratava-se, segundo o Digest, de encontrar meios para prevenir que a principal rival comercial dos EUA, a Alemanha, continuasse a manipular o comércio criado pela compra de café e que agora atuava como uma arma contra os Estados Unidos.


A Alemanha, comprando mais café do que podia consumir, o vendia no mercado mundial. O Brasil devia continuar a vender uma grande quantidade de seu algodão e algum café e cacau à Alemanha, mas o seu mercado mundial, porém, deveria ser protegido.


A "grande ilusão" relativamente à América Latina


Segundo o Digest, os EUA tinham uma ilusão grave sobre a América Latina quanto a ter essa um balanço comercial favorável para com os Estados Unidos.


Embora fosse verdade que os EUA representassem o maior parceiro individual da América Latina, devia-se lembrar que compravam apenas um terço dos seus produtos, e esta tinha que vender os 2/3 restantes a outros países.  Os EUA não podiam, no momento, absorver de forma considerável os 2/3 restantes. 


Em 1937, a América Latina tinha aparentemente, um balanço positivo de 66 milhões de dóílares perante os EUA. Esse balanço positivo, porém, não existia na verdade. Deixava-se nele de registrar que algumas das indústrias principais dos países latino-americanos eram de propriedade de estrangeiros. Os produtos apareciam como exportação, mas não criavam lucros comensuráveis para os países exportadores.


Um exemplo desssa situação era a Colombia. Da sua exportação de petróleo, 100% estavam em mãos estrangeiras. A exportação de produtos de petróleo não trazia vantagens comensuráveis aos colombiano. Esses produtos, se exportados, eram apenas transferidos pelos seu atuais proprietários a outros países. O mesmo dizia respeito a 60% da platina e 30% das bananas. Assim, mesmo que um país individual da América Latina parecesse ter um balanço comercial favorável, esse não seria sempre o caso real. Em 1938, esse balanço aparentemente positivo cessara de existir.


Cuba tinha uma situação similar. Quase que 80% da produção era de propriedade estrangeira. No Peru havia uma alta porcentagem estrangeira na posse do cobre. As firmas americanas e outras que controlavam muitas desssas propriedades contribuiam muito para a prosperidade dos países nos quais estavam localizadas. Proporcionavam parte das entradas da nação através do pagamento de royalties e taxas. A grande parte dos lucros, porém iam para os proprietários no Exterior.


Para além de um frequente balanço negativo, alguns países tinham uma estrutura rígida relativamente ao serviço de dívida externa. Haveria outros itens invisívels que deveriam ser considerados. Sobretudo por essa razão - mais do que por um estrito bi-lateralismo - restrições comerciais e controles de importação é o que deveria ser considerado em vários países que numa primeira vista pareciam ser prósperos. Esses fatores não podiam ser ignorados; mais do que itens temporários de comércio, tenderiam a retardar vendas dos EUA.


"Promoção da importação" como estrategia dos EUA


Tendo em vista a evolução esperada do desenvolvimento comercial na América Latina, marcada pela ameaçadora atividade alemã, o Digest Analysis salienta a fase marcada pela nova estrategia comercial dos Estados Unidos: o fomento à importação.


Um grupo de executivos de casas exportadoras já haviam criado um comitê para o estudo do problema. Partiam do princípio de que também aqui os empreendedores particulares deveriam tomar a iniciativa. Por parte do govêrno, este trabalhava no sentido de desenvolver uma cooperação interdepartamental com a América Latina através de vários departamentos individuais e agências. Essas agências governamentais haviam feito 74 propostas sobre projetos específicos, envolvendo no total aproximadamente 1 milhão de dólares.


Esse iniciativa parecia ser muito promissora e lucrativa. Proporcionaria comércio adicional para os países individuais e viria de encontro ao interesse americano de substituir tanto quanto possível o modêlo de economia baseado numa só mercadoria que dominava em muitos países da América Latina.


Nesse intuito, o Departamento de Agricultura dos EUA tinham criado uma comissão no Brasil para investigar novos produtos brasileiros, não-competitivos, que poderiam encontrar um mercado nos Estados Unidos. Neles se incluiam madeiras industrializáveis, quinino, cânfora, óleos e babassú.


Necessidade de conhecimentos do que se processava na América Latina


Excetuando-se a questão ainda não solucionada das desapropriações no Mexico, a América Latina jamais tinha estado tão bem disposta relativamente aos USA do que naqueles anos. Essa área, incluindo o Caribe e Puerto Rico, constituia quase 3/4 de um mercado de um bilhão de dólares para vendas da exportação americana. No estado do comércio mundial, os Estados Unidos precisavam saber muito mais e com rapidez o que se processava nas outras Américas.


Os Goldsmith Shore Associates propunha-se, assim, na sua Regional News Letter e Digest Analysis, oferecer um panorama claro sobre as condições que influenciariam acontecimentos na América Latina e no Caribe no presente e no futuro proximo, com uma interpretação do seu significado prático para os negócios americanos - expresso em "dólares e cents".


Cinco tópicos surgiam como sendo básicos quanto à situação que os EUA encontravam na América Latina:

  1. 1.O problema do comércio externo da América Latina era um conflito de interesses entre três grupos de pessoas: a) o exportador do Exterior que desejava comércio para cobrir pagamentos de vendas; b) o investidor em ações externas de um país que desejava pagamento e c) o capitalista estrangeiro que investira grandes somas na estimulação da capacidade produtiva de um país e desejava transferir os seus lucros. Esses três grupos competiam nesses países.

  2. 2. Matérias primas seriam fatores de prosperidade para todos os países latinoamericanos. Os niveis de preço mundial para esses produtos básicos, junto com o volume vendido determinava em que medida esses países podiam comprar no Exterior. Esses fatores limitavam as suas aquisiçõess não apenas de produtor para o seu desenvolvimento, mas também para necessidades fundamentais.

  3. 3.A América Latina não seria uma só entidade comercial, embora sempre fosse tratada como tal. Cada uma das vinte repúblicas necessitava ser tratada diferentemente na base de suas vendas e pelos problemas especiais que afetavam vitalmente as relações de negócios com os USA e com o resto do mundo.

  4. 4.Os EUA eram o maior mercado para a América Latina, mas não para todos dos seus produtos. As nações européias compravam mais fortemente cereais, carne, algodão e alguns outros produtos do que os EUA. Em 1937, as vendas dos EUA para as repúblicas da América Latina haviam sido maiores do que às cinco naçõess concorrentes, a Alemanha, a Inglaterra, a Itália e o Japão. Não era o que se vendia, mas o que os EUA compravam da América Latina que exerceria uma influencia cada vez maio nas futuras relações comerciais. Dever-se-ia fazer importação mais diferenciada da América Latina.

  5. 5.A industrialização crescente da América Latina seria inevitável. Os EUA deviam fazer planos para suprir os meios para essa industrialização. Esse seria um desenvolvimento saudável que beneficiaria as indústrias americanas. Algumas classes das exportações dariam lugar a outras, mas o crescimento da industrialização no todo levaria a uma situação melhor do que a anterior. Os mais importantes parceiros comerciais eram as nações mais industrializadas. A ênfase em acomodações para a América Latina significava produzir necessidades industriais; a colaboração dos bancos particulares eram fatores de importância nessa direção.


Os Goldsmith Shore Associates salientavam que a revista Shipping Digest anunciara que Eugene F. Sitterley, editor da publicação Importers Guide criaria dentre em breve um escritório destinado a desenvolver mercados nos Estados Unidos para produtos latino-americanos. O Foreign Commodity Bureau, como se chamaria, constituia uma divisão do Importers Guide, funcionando sob a direção de C. W. Vanderleck, perito em mercados estrangeiros.


Relevância para a análise de desenvolvimentos relativos à cultura


Essas análises econômicas norte-americanas da década de 30 surgem como de considerável significado para os estudos de relações culturais entre o Brasil e os Estados Unidos, que vivenciaram, no fim da década, singular desenvolvimento.


Em primeiro lugar, ela dirige a atenção à questão de uma competição com a Alemanha, ressaltando a ameaça que era sentida no desenvolvimento das atividades comerciais da Alemanha nacionalsocialista com os países da América Latina, um desenvolvimente que, nessas dimensões, não tem sido suficientemente considerado nos estudos voltados à história das relações culturais Brasil/Alemanha da época.


Essa tensão com a Alemanha é aqui formulada alguns anos antes da eclosão da Segunda Guerra, o que abre diferentes perspectivas na consideração dos desenvolvimentos europeus, colocando-os à luz de situações competitivas transatlântico-interamericanas já interpretadas, nos Estados Unidos, como confronto entre sistemas de livre mercado de iniciativa particular e aqueles de economia dirigida.


Muitos dos pontos levantados na análise considerada explicam modos de pensar e mecanismos que levaram a iniciativas de relevância cultural.


Assim, quando se afirma a necessidade de um maior conhecimento do que acontecia nos demais países do continente pode-se entender a simpatia para com artistas latino-americanos nos Estados Unidos e o fomento de agências de informação, de publicação de livros, de exposições e de concertos.


Quando se afirma que não era o que os EUA vendiam, mas o que compravam da América Latina o que mais significava, entende-se que não tanto a propaganda cultural americana no Brasil e em outros países, mas antes a "compra" ou a importação de "produtos culturais" brasileiros e latino-americanos em geral nos Estados Unidos haja marcado os desenvolvimentos.


A recepção da cultura brasileira e o sucesso alcançado por artistas brasileiros nos Estados Unidos surgem aqui sob nova luz. Correspondendo a uma ampla estrategia comercial, teriam representado "compras" dos Estados Unidos.


Vinha também de acordo com o interesse dos Estados Unidos em substituir o tanto quanto possível elos bilaterais dos países latinoamericanos com nações européias.


A imagem do Brasil transmitida por publicações e por eventos culturais que passaram a ser fomentados ou vistos com simpatia enquadra-se, assim, no edifício teórico que se revela à base da análise.


Torna-se aqui manifesto como estudos da história econômica relacionam-se com estudos culturais. Essa constatação, porém, não significa reconhecer uma prioridade da economia sobre a cultura. Significa antes reconhecer que as próprias idéias relativas à economia, os métodos e suas consequencias se inserem no âmbito mais amplo da história cultural e do pensamento, devendo ser analisadas mais pormenorizadamente sob esse aspecto. Tratar-se-ia, aqui, não apenas de registrar consequências de estrategias político-econômicas para o desenvolvimento cultural, como se correspondessem a leis naturais de inadmovível automatismo, mas sim o de procurar examiná-las como expressões de determinadas fases da história cultural do homem.


Antonio Alexandre Bispo


Todos os direitos relativos a texto e imagens reservados. Reproduções apenas com a autorização explícita do editor.

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.."'We Have Always Had Competition From Germany'. Análises americanas das relações comerciais com a América Latina nos anos 30 e suas consequências culturais." Revista Brasil-Europa 129/18 (2011:1). http://www.revista.brasil-europa.eu/129/Alemanha-EUA_na_AL_nos_anos_30.html




  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


  2. Brasil-Europa é organização exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. Não tem, expressamente, finalidades jornalísticas ou literárias e não considera nos seus textos dados divulgados por agências de notícias e emissoras. É, na sua orientação culturológica, a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro e originada de iniciativa brasileira. Foi registrada em 1968, sendo continuamente atualizada. A A.B.E. insere-se em antiga tradição que remonta ao século XIX.


  3. Não deve ser confundida com outras instituições, publicações, iniciativas de fundações, academias de letras ou outras páginas da Internet que passaram a empregar designações similares.




 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 129/18 (2011:1)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2704



"We Have Always Had Competition From Germany"

Análises americanas das relações comerciais com a América Latina nos anos 30
e suas consequências culturais


Trabalhos da A.B.E. em Nova York, Los Angeles e Boston - Ano Edward MacDowell 2010 e Ano Listz 2011

 

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