Boletim Linotipico NY. BRASIL-EUROPA 129. Bispo, A.A. (Ed.). Organização de estudos culturais em relações internacionais





Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 
Boletim Linotípico. Arquivo A.B.E.
O estudo das relações entre os Estudos Unidos e o Brasil no período da Segunda Guerra Mundial, assim como nos anos que a precederam e a sucederam não pode deixar de considerar o papel desempenhado pelo jornalismo.


Em número anterior desta revista, salientou-se a importância do jornalismo na Alemanha da década de 30, com todas as suas sérias consequências para o desenvolvimento dos estudos relacionados com o mundo de língua portuguesa.  (Veja artigo)



O exame das concepções e da prática do jornalismo, em particular o cultural, assim como os meios de difusão radiofônica e televisiva nas suas relações com a propaganda nacionalsocialista revela-se como necessário para os estudos culturais, uma vez que certas tendências do pensamento da época, pêsos dados a determinados complexos temáticos, assim como instituições de pesquisa e de ensino mantiveram-se para além do período histórico-político que terminou com a Segunda Guerra Mundial. (Veja artigo)


Esse exame pode contribuir ao aguçamento da sensibilidade para a percepção de aspectos questionáveis da pesquisa cultural relacionada com o Brasil e outros países de língua portuguesa na atualidade. (Veja artigo)


Também nos Estados Unidos, porém, esse período do século XX conheceu um extraordinário desenvolvimento do jornalismo voltado à América Latina, assim como uma intensificação do intercâmbio com órgãos de imprensa e seus representantes no Brasil e nos Estados Unidos.Também aqui esse desenvolvimento esteve em estreito relacionamento com intuitos propagandísticos e também aqui, ainda que com diferentes características, a imprensa e o jornalismo cultural serviram para fins políticos e econômicos.


Esse desenvolvimento marcou a imagem do Brasil e sua cultura nos Estados Unidos, levando à saliência de determinados aspectos apropriados aos fins visados. Esses pêsos dados a determinados aspectos da cultura brasileira, interpretados segundo as finalidades político-culturais, a consideração privilegiada de determinados autores, artistas e correntes estéticas e do pensamento mantiveram-se também para além do período histórico-político que terminou com a Segunda Guerra Mundial.


Esses elos de continuidade foram ainda mais intensos do que no caso da Alemanha, uma vez que disse respeito a potências vencedoras, não havendo a necessidade de cortes com o passado. A imagem da cultura brasileira e os pêsos dados a determinadas personalidades e correntes da vida artística e cultural no contexto americano repercutiram no Brasil.


O exame de questões de imprensa e propaganda no contexto das relações Brasil-Estados Unidos dessa época pode, assim, também contribuir ao aguçamento da sensibilidade para a percepção de aspectos da pesquisa cultural relacionada com o Brasil na atualidade.


Diferenças entre a propaganda alemã e a norte-americana nos anos 30 e 40


Diferentemente da Alemanha, porém, onde a imprensa e a propaganda foram dirigidas e controladas pelo Partido e pelo Estado, o desenvolvimento nos Estados Unidos teve um cunho mais empresarial, partido de interesses comerciais, embora também fosse de importância o papel governamental, exercido de forma menos explícita. Aspectos propagandísticos tomaram antes a forma de publicidade, de reclame, e distinções aqui não são sempre fáceis de serem feitas.


Também não seria plenamente adequado afirmar que, no caso alemão, houve uma ideologia, uma concepção do mundo condutora (Weltanschaaung), nos Estados Unidos, não. Exames mais pormenorizados de textos demonstram que também na América houve uma visão do mundo guia, determinadora do significado assumido pela imprensa e propaganda. Não designada como tal, manifestou-se em discursos marcados sobretudo pelo conceito de liberdade, demonstrando sobretudo a convicção de uma necessária defesa da livre concorrência comercial sob a perspectiva dos próprios interesses no continente.


Esse direcionamento ao comércio explica o fato de ter sido a imprensa e a propaganda no âmbito das relações entre o Brasil e os Estados Unidos muito mais intensamente dirigida à publicidade com finalidade de venda, a anúncios e reclames de produtos.


Esse pêso dado à propaganda visual de produtos - não a ideologias como no caso alemão -, e o intento de apoiar desenvolvimentos técnicos para a criação de necessidades de compra de produtos americanos explica a atenção dada à melhoria técnica da impressão e dos métodos de atração de leitores para o alcance de maior venda e colocação de novos produtos no mercado.


Esse desenvolvimento levou, assim, a uma preocupação pela melhoria técnica da impressão, favorecendo a propaganda de máquinas tipográficas, de melhoria de papéis e tintas, assim como um maior interesse pela organização da imprensa nos dois países.


O Boletim Linotípico, Brooklyn, Nova York


Boletim Linotípico. Arquivo A.B.E.
Expressão mais evidente dessa característica do movimento pela imprensa e propaganda do período da Guerra nos Estados Unidos foi o Boletim Linotípico, editado em Brooklyn, Nova York, por grupo vinculado à Mergenthaler Linotype Company.


Esse boletim, em forma de jornal, difundia, em português, notícias relativas ao Brasil, dando particular atenção à imprensa e seus a órgãos no Brasil.  Transformou-se em veículo de informações para a comunidade de brasileiros residentes nos Estados Unidos, servindo ao Brazilian Information Bureau e outras entidades voltadas ao comércio entre as duas nações.


A Mergenthaler Linotype Company de Brooklyn, Nova York, tinha, como representante exclusivo no Brasil, a Linotypo do Brasil, S. A., com agentes no Rio de Janeiro, São Paulo, Maceió, Manaus, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, João Pessoa, Recife e Porto Alegre. A história cultural do desenvolvimento da imprensa e propaganda no âmbito das relações Estados Unidos/Brasil vincula-se de forma estreita com essa rêde, com própria venda de máquinas de impressão e con a criação de novas necessidades despertadas pelela difusão de novos padrões de configuração técnico-visual e de estilos.


Em artigo intitulado de "Benefícios que nos traz a modernização", oitava parte de um texto sobre o "arranjo do jornal", de John E. Allen, o Boletim Linotípico acentuava a função pragmática de qualidade de impressão e de aspectos gráficos para os jornais, sugerindo que, com isso, os jornais (brasileiros) mais ganhariam. Não explícito no texto é que a consequência dessa modernização seria a compra de maquinário nos Estados Unidos.


"Diretores de jornais que possuem um verdadeiro interesse no jornalismo, não se ocupam com a modernização da aparência do jornal pela única razão de ganharem prêmios em concursos. O desejo de que a sua publicação agrade aos seus leitores e anunciantes, é realmente o seu objetivo, do qual resulta, como é natural, a atração de maior número de leitores e anunciantes.

(...)

Daí se deduz que tudo isto ajuda a atrair um número maior de leitores e cada vez mais anúncios, convertendo assim o Times-Herald e o Daily Press em jornais de maior importância. Concluimos por dizer que muitos dos diretores que começam a melhorar a apresentação dos seus jornais, chegarão a melhorá-los sob todos os pontos de vista. (op.cit. pág 7.)


Universal Studios, Hollywood.Foto A.A.Bispo©
Nobilitação da imprensa e de homens da imprensa: Ottmar Mergenthaler (1854-1899)


Como tratado em outro texto desta edição, no caso de José Carlos Rodrigues (1844-1923), do Jornal do Commércio, a história cultural das relações Brasil-Estados Unidos surge como especialmente marcada por homens da imprensa e do comércio. Já na sua época, o sucesso de José Carlos Rodrigues - e a influência que pôde exercer culturalmente - relacionou-se com a modernização do órgão de imprensa brasileiro e do seu parque de máquinas. Esse progresso, por sua vez, levou à nobilitação de seu nome como mecenas.


No início da década de quarenta, um nome que necessita ser lembrado é o daquele que passou a ser cada vez mais reconhecido como um dos principais motores do desenvolvimento tipográfico: Ottmar Mergenthaler (1854-1899), o inventor da máquina Linotype.


Em 1941, os círculos brasileiros dos Estados Unidos e os leitores brasileiros do Boletim tomaram conhecimento das homenagens que se prestavam a Otmmar Mergenthaler. Essas homenagens, porém, colocavam o seu nome não no contexto comercial, mas o inseriam no âmbito universitário.


Anunciava-se, no Boletim, o término de um edifício em Baltimore, Maryland, de avançada arquitetura, projetado especialmente para o ensino da biologia, e que trazia o nome de Eugene  G. Mergenthaler, filho de Ottmar Mergenthaler. Fazia parte da Universidade Johns Hopkins, onde médicos de várias partes do mundo formavam-se e aperfeiçoavam-se.


Há ca. de 30 anos atrás, essa universidade havia recebido um legado do filho de Ottmar Mergenthaler, então ainda jovem estudante do Colégio de Artes e Ciências. Esse legado era destinado especificamente a que se construisse um laboratório bem equipado para a universidade.


Os leitores brasileiros nos dois países tomavam conhecimento, assim, do mecenato da família do inventor do linotipo, que tinha vindo para os EUA como imigrante em 1872. Ottmar Mergenthaler era proveniente de Bad Mergentheim, um das cidades de maior população judaica da Alemanha.


Divulgação da imprensa brasileira nos Estados Unidos


Nesse contexto, compreende-se que, quanto aos assuntos divulgados, o Boletim emprestava particular atenção ao desenvolvimento da imprensa, da sua organização e de seus representantes no Brasil. Numa primeira aproximação, ganha-se a impressão de que essa divulgação era voltada à informação dos círculos brasileiros nos Estados Unidos, que tomavam assim conhecimento do desenvolvimento dos jornais e do movimento organizativo dos homens de imprensa no Brasil. Refletindo-se, porém, que à época havia apenas um relativamente restrito número de leitores que dominavam o português em Nova York, compreende-se que a função da impressão e difusão, nos Estados Unidos, de textos referentes a homens e entidades do jornalismo brasileiro consistia antes na repercussão que tais publicações adquiria no próprio Brasil. Representava uma motivação e um apoio a determinados representantes da imprensa e de instituições pelo prestígio que possibilitava, estreitando assim elos e contribuindo ao intercâmbio, também comercial.


A consideração das entidades e dos nomes divulgados pelo Boletim pode abrir caminhos para estudos histórico-culturais de rêdes sociais onde se processaram intercâmbios e a formação de opiniões nessa fase das relações entre as duas nações.


Entre as organizações particularmente representadas no Boletim, uma particular atenção deve ser dada à Associação Brasileira de Imprensa. Assim, os seus membros podiam constatar, no Brasil, que o 33° aniversário da entidade, comemorado a 8 de abril de 1941, no Rio de Janeiro, era registrado condignamente em Nova York, com a publicação de fotografia do seu impressionante edifício, de modernas linhas, do seu presidente, o Dr. Herbert Moses, e até mesmo das suas palavras de saudação dirigidas aos jornalistas brasileiros.



Uma outra organização que podia orgulhar-se da atenção que recebia nos Estados Unidos era a

Associação Riograndense da Imprensa. Até mesmo a tomada de posse de uma nova diretoria dessa sociedade, em Porto Alegre, havia sido registrada em Nova York. O mesmo acontecia, ainda de forma mais intensa, com aqueles vinculados a O Diário, de Belo Horizonte. Esses associados podiam ver que havia sido registrada a tomada de posse de uma nova diretoria do jornal, integrada por Caetano de Vasconcelos e José´Gontijo da Fonseca, realizada com aparato que salientava a sua importância como casa da "Boa Imprensa S.A.", com missa em ação de graças celebrada pelo Arcebispo Metropolitano D. Antonio dos Santos Cabral, presenciada por uma audiência composta de personalidades de destaque no comércio, na indústria e na imprensa de Minas Gerais. Essas personalidades da Igreja e do mundo civil podiam rever-se na fotografia publicada em Nova York.



Para além das entidades que representavam a organização dos homens de imprensa, o Boletim emprestava compreensivelmente particular atenção aos órgãos jornalísticos que já haviam passado a possuir maquinário moderno e que surgiam, assim, como paladinos do progresso e "a serviço da liberdade". Assim, no alto da primeira página, o Boletim anunciava que ia ser lançado, no Rio de Janeiro, um novo matutino: A Manhã, pertencente a um consórcio jornalístico e publicitário do qual faziam parte A Noite, A Noite Ilustrada, a Carioca, Vamos Ler, Rádio Nacional e a editôra A Noite.


Salientava-se que esse jornal, aparelhado com os mais modernos serviços gráficos e informativos, não seria apenas um jornal noticioso, com amplas reportagens, possibilitadas por serviço telegráfico de todos os países e de todos os Estados do Brasil. O novo órgão não apenas representava o progresso pelo seu maquinário importado, mas sim pela sua concepção: teria uma feição marcadamente opinativa, abrindo as suas colunas, dentro "de um sadio espírito de brasilidade, ao estudo e debate dos assuntos e problemas que se relacionam vitalmente com a grandeza e o futuro do Brasil."


Também o Jornal do Brasil foi amplamente considerado pelo fato de utilizar de máquinas Linotype e por haver recentemente comemorado o cinquentenário de sua fundação. Com fotografias de seu parque de impressoras, salientava-se a modernidade do jornal e o seu significado na formação da opinião pública.



Ao lado dos órgão jornalísticos e das associações, o Boletim mencionava o empenho do Govêrno Brasileiro na área da imprensa e da propaganda. Como significativo desse interesse oficial registravam-se as novas instalações do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda de São Paulo, que passara a ocupar três andares do edificio Luigal, à rua Xavier de Toledo, no centro da capital paulista. Esse departamento, com os seus serviços auxiliares, compreendia a Divisão de Imprensa, Propaganda e Rádio-Difusão, Turismo e Diversões Públicas, nova denominação do Serviço de Censura e Fiscalização aos Teatros e Diversões Públicas.


Visita de Casper Líbero (1889-1943) aos Estados Unidos


Como um dos resultados dessa política de intensificação de laços a partir de concepções comerciais em sequência à política de Boa Vizinhança pode-se considerar os elos mais propriamente pessoais criados através de visitas e da participação de homens da imprensa em eventos. Uma das ocorrências mais significativas nesse desenvolvimento da imprensa e da propaganda no contexto das relações Brasil-Estados Unidos dos anos que precederam a Guerra foi a estadia do Dr. Casper Libero (1889-1943) nos Estados Unidos.


Em 1939, Casper Líbero inaugurara o Palácio da Imprensa, sede do jornal A Gazeta, edifício que, como o Boletim registrava, havia sido projetado para o cumprimento das novas tarefas jornalísticas que se colocavam com o progresso da imprensa, e que compreendiam serviços de redação, composição, gravura, e daquelas de impressão e distribuição.


Ainda que oficialmente em viagem turística, Casper Líbero, que já havia estado nos Estados Unidos, iria tratar de assuntos de negócios: pretendia visitar fábricas de papel de jornal do Canadá e entrar em contato com representantes de indústrias impressoras de Nova York. Também aqui, portanto, o aspecto pragmático-comercial e técnico surgia à frente e como justificativa para o estreitamento de laços nas rêdes já existentes e aprofundamento de contatos.


Segundo as suas próprias palavras, a sua admiração pelos Estados Unidos nada mais representava do que "o que seguir a corrente irreprimível que encaminhava, para aquela terra grande e nobre, todos os corações latino-americanos".


Casper Líbero foi alvo de várias homenagens em Nova York, entre elas um almoço oferecido pela Associated Press e uma recepção pela United Press durante a convenção anual da American Newspaper Publishers Association.



Congresso Interamericano de Jornalistas de 1942


A leitura do Boletim Linotípico não deve obscurecer o fato de que esses desenvolvimentos histórico-culturais referentes à imprensa e ao jornalismo, e cujos mecanismos e concepções podem ser analisados, não diziam apenas respeito às relações Estados Unidos-Brasil. Inseriam-se no contexto geral da aproximação dos países do continente sob a égide americana, a serviço das exigências políticas e político-econômicas da época em contextos globais.


Significativamente, convocou-se, para 1942, um Congresso Interamericano de Jornalistas para a discussão de assuntos referentes à imprensa no hemisfério ocidental, no qual deveriam participar apenas jornalistas e delegados das 21 repúblicas do continente. O objetivo desse congresso era o de criar um organismo continental que agrupasse e vinculasse todos os jornalistas das Américas.


Tendo-se assim partido de considerações comerciais, baseadas na concepção de que os Estados Unidos deveriam primeiramente "comprar" e fomentar o desenvolvimento industrial e modernizador dos países latino-americanos, criando assim necessidades que seriam por sua vez satisfeitas com a importação de maquinários modernos americanos (Veja artigo), criaram-se rêdes de contatos e intercâmbios, promoveu-se a organização associativa nas diferentes nações, chegando-se, agora, ao intento de estabelecimento de um organismo supra-nacional.


Esse processo não era fruto incidental e arbitrário, mas havia sido promovido de forma refletida e fundamentada em ideário marcado pelo conceito de liberdade. Nesse ápice que representava o Congresso Interamericano de Jornalistas de 1942, a simbologia da liberdade manifestava-se no próprio fato da escolha de Caracas para o acolhimento dos homens da imprensa. O evento deveria realizar-se à luz da imagem de Simón Bolivar (1783-1830), herói da independência americana, comemorando a trasladação de seus restos mortais para a sua terra natal.


Vínculos com a radiofonia e a indústria cinematográfica


Os elos entre o desenvolvimento da indústria de impressão, o jornalismo e as expressões culturais nas mais diversas áreas manifestam-se nas notícias transmitidas pelo Boletim Linotípico relativas a exposições, apresentações de livros e concertos. Nesse sentido, o órgão trabalhava em estreito relacionamento com o Brazilian Informations Bureau (Veja artigo nesta edição).


Entre os artistas americanos que mais contribuiram para esse processo de criação de rêdes e de intensificação de elos em apoio à iniciativa da imprensa destacaram-se em particular nomes de artistas de rádio e cinema que gozavam de grande popularidade.


As notícias publicadas pelo Boletim testemunham os estreitos elos entre a história da cinematografia norte-americana e o processo cultural marcado pela indústria da imprensa como aqui esboçado e que talvez pudesse ser denominado de "linotípico".


Assim, o Boletim divulgava aos leitores brasileiros como conhecidos astros do "écran" se deixavam fotografar ao lado de máquinas impressoras, apertando mãos de tipógrafos. Uma das fotos publicadas mostrava, nesse gesto, protagonistas do então recente filme Penny Serenade: Cary Grant, Edgar Buchanan e Irene Dunn. 


Outra fotografia, registrava o encontro do jornalista Dante Orgolini, correspondente de A Noite, do Rio de Janeiro, sendo cumprimentado pelo artista Charles Boyer, nos studios Paramount durante a filmagem do filme Hold Back the Dawn.


Também artistas latino-americanos que passavam então a atuar mais intensamente em filmes americanos passavam a representar esses estreitos elos com o mundo da imprensa. Esse foi o caso de Alberto Vila, considerado como ídolo do "écran" argentino, que era apresentado pelo Boletim aos leitores brasileiros com fotos de sua primeira película americana: Se Encontraram na Argentina, juntamente com Maureen O'Haara.





A rêde "linotípica" possibilitou, assim, por caminhos muitas vezes indiretos, uma aproximação de círculos políticos e militares com o mundo do filme e da rádio. A aura de popularidade e simpatia que atores e atrizes transmitiam aos militares pode ser avaliada através de fotografia divulgada ao Brasil pelo Boletim, que mostrava a estrêla da rádio Petite Yvete rodeada de oficiais do corpo de aviação do Brasil que se encontrava nos Estados Unidos.


Modernização tipográfica e modernização visual


O Boletim Linotypico, na sua edição de abril-maio-junho de 1941, tendo como título principal „O Brasil Mostra Vivo Interêsse pela Arte Tipográfica Moderna“, demonstra o quanto a modernização técnica da impressão relacionou-se com tendências modernizadoras gerais. Citando um escritor brasileiro que visitara a fábrica Linotype, o jornal salienta que durante os últimos anos, os brasileiros, e os latino-americanos em geral mostravam um interêsse particular pela aparência visual de seus jornais, revistas, livros e por todos os tipos de trabalhos impressos, estando desejosos de adotar novos métodos no desenho de jornais, tais como aqueles introduzidos nos dos Estados Unidos. A razão fundamental dessa tendência era atribuida a um movimento modernizador global. Nas cidades brasileiras, evidenciava-se uma boa acolhida às idéias modernistas, o que se refletia nos desenhos dos seus edifícios e em quase todos os campos das atividades humanas. (Boletim Linotypico XIII/1, pag. 1)


Antonio Alexandre Bispo


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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A.."Imprensa, rádio e cinema nas relações Brasil/Estados Unidos à época da Segunda Guerra
Relendo o Boletim Linotípico após 70 anos" Revista Brasil-Europa 129/21(2011:1). http://www.revista.brasil-europa.eu/129/Boletim_Linotipico_NY.html



  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


  2. Brasil-Europa é organização exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. Não tem, expressamente, finalidades jornalísticas ou literárias e não considera nos seus textos dados divulgados por agências de notícias e emissoras. É, na sua orientação culturológica, a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro e originada de iniciativa brasileira. Foi registrada em 1968, sendo continuamente atualizada. A A.B.E. insere-se em antiga tradição que remonta ao século XIX.


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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 129/21 (2011:1)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2707





Imprensa, rádio e cinema nas relações Brasil/Estados Unidos à época da Segunda Guerra
Relendo o Boletim Linotípico após 70 anos


Trabalhos da A.B.E. em Nova York, Los Angeles e Boston - Ano Edward MacDowell 2010 e Ano Listz 2011

 

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