Jardins e coretos em elos com a Grã-Bretanha. Revista BRASIL-EUROPA 128. Bispo, A.A. (Ed.). Organização de estudos culturais em relações internacionais





Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 128/5 (2010:6)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2661


A.B.E.


Jardins, bandas e coretos na vida urbana em seus elos com a Escócia, a Irlanda e a Inglaterra
- pelo The Canadien Naval Centennial (1910-2010) -


Ciclo "Indian Summer" preparatório aos 300 anos da ida ao Canadá de Joseph-François Lafitau (1681-1746)
pioneiro dos estudos culturais comparados, da Antropologia Cultural e disciplinas afins
Public Gardens, Halifax

 


Halifax. A.A.Bispo©


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  1. Fotos A.A.Bispo
    ©Arquivo A.B.E./I.S.M.P.S.e.V.

 
Halifax. A.A.Bispo©

O significado das praças ajardinadas em cidades do interior do Brasil para a configuração urbana e a vida social e de lazer das respectivas populações pode ser considerado sob muitos aspectos. Muitas das praças interioranas possuem um coreto que as marca, onde se realizam ou se realizavam apresentações de bandas de música, e que representavam, pelo menos no passado, principal ocasião para a apreciação musical por parte da população e, para os músicos, de apresentação. Fruição estética do espaço ajardinado e música, o prazer do convívio social e emoções relacionadas com consciência comunitária uniam-se.


Torna-se compreensível, assim, que o despertar das atenções para o significado da música de banda e a necessidade de sua pesquisa foi, há algumas décadas, motivado pela percepção de sua importância para sociedades e para histórias locais e regionais.


Ainda que mais manifesta em cidades menores, a prática da música de banda em jardins não se limitou a comunidades do interior. Testemunhos do seu passado significado nas grandes cidades são remanescentes coretos, em geral hoje silenciosos, e que se apresentam como construções de cunho ornamental, cuja ausência prejudicaria disposições arquitetônico-paisagísticas. Dentre os muitos exemplos de coretos de particular interesse histórico-cultural e artístico poder-se-ia lembrar aquele do Jardim da Luz, em São Paulo.


O cuidado que se dispensou numa certa época da história cultural à construção desses coretos e à sua integração em jardins, o papel emblemático que muitas vezes assumiram em situações urbanas, os fazem merecedores de estudos mais pormenorizados. Revelam-se como elementos de importância no estudo histórico do urbanismo e da arquitetura paisagística, sobretudo se este for conduzido sob perspectivas teóricas que direcionem a atenção à sua inserção em processos histórico-culturais.


A frequência com que se encontram coretos em países de diferentes regiões do mundo, onde também representam focos ornamentais e sinais da presença da música em praças e jardins, indica que aqui se tem uma expressão de determinada época da história cultural em dimensões globais, e que é sob esse enfoque amplo que deve ser considerada.


A dispersão espacial dessas construções, em geral pouco consideradas, muitas delas já desaparecidas, cria uma situação fragmentária de conhecimentos que impossibilita ainda conclusões adequadamente fundamentadas quanto a origens, caminhos de difusão de concepções e as características que tomaram nas diferentes regiões.


A pesquisa necessita, assim, partir de estudos de caso contextualizados, recuperando aos poucos elos que permitam a reconstrução de vias e rêdes de intercâmbio de idéias e modêlos. Na escolha dos casos a serem estudados, atenção deve ser dada à esfera de influência britânica, uma vez que nelas se constata com especial intensidade a existência de exemplares de particular significo histórico-cultural para as comunidades e que testemunham elos com desenvolvimentos histórico-culturais na Grã-Bretanha.


Local de reflexões: Public Gardens, Halifax


O jardim público de Halifax, considerado como um dos mais importantes jardins vitorianos do Canadá, é incluído no rol das principais atrações que a Nova Scotia oferece a visitantes estrangeiros.


Apesar das suas qualidades estéticas e do ambiente aprazível que oferece, o observador externo não compreenderia o significado que possui se não considerasse a sua função na história colonial e no desenvolvimento social e cultural de Halifax.


Assim o contemplando, percebe que esses jardins da Nova Scotia se inserem num contexto muito mais amplo, ao qual pertencem muitos jardins botânicos de todos os continentes, em particular de esferas coloniais britânicas e que, em vários casos, foram de particular significado para intercâmbios de plantas entre as várias partes do mundo, inclusive o Brasil.


Horticultura e jardinagem em situações coloniais


A preocupação por jardins em Halifax remontam aos primeiros anos da sua história colonial em meados do século XVIII. Com a chegada dos primeiros colonos das ilhas britânicas, vindos com o intuito de criação de uma povoação que marcasse a presença inglesa em região com crescente número de franceses, compreende-se que, por razões da própria subexistência, a implantação de hortas e pomares haja constituido importante preocupação para os habitantes.


O que surpreende, porém, é constatar que historiadores registram a existência de uma verdadeira „moda“ de jardins em Halifax já em 1753, ou seja poucos anos após o início do povoado, época marcada por conflitos e tensões. Em 1758, os chamados „Adlam‘s gardens“ ocupavam já considerável área ao sul da Citadela, contando com uma considerável variedade de árvores frutíferas e mesmo com um pavilhão.


A explicação desse fenômeno, para além do interesse utilitário da horticultura e da criação de pomares, pode ser procurada na transplantação, para a região colonial, de tendências atuais da Europa, correspondentes a um maior interesse de pensadores e artistas por questões relacionadas com a natureza e com o mundo natural.


Nas condições coloniais, onde os habitantes procuravam estar à altura e mesmo mostrar superioridade relativamente a modos de vida da terra da qual haviam partido, essas tendências parecem ter sido intensificadas. Os habitantes de Nova Scotia traziam o interesse por jardins da Escócia, onde, em em particular em Edinburgh, dava- se particular atenção a jardins no espaço urbano e ao redor de residências de campo.


O paradoxo dessa situação, porém, reside no fato desses colonos viverem em região de natureza rica, cercados por meios ambientais sem  traços de intervenção do homem, ocupadas em grande parte por indígenas. Assim, menções documentais da época oferecem quadros que causam perplexidade. Coletadores de espécies nativas para o enriquecimento do jardim, onde os habitantes podiam apreciar a proximidade da natureza e gozar momentos de vida natural, adentrando nas matas das circunvizinhanças, teriam corrido mesmo o risco de serem escalpelados.


Interesse por Botânica como sinal de cultura e progresso: Nova Scotia Horticultural Society


Correspondendo também a situações britânicas, jardins bem implantados e cuidados foram, nas regiões coloniais, importante sinal de status social. Assim, os jardins do Governador, em frente do Government House, já contavam, ao redor de 1818, com os serviços profissionais de um jardineiro. Esses jardins valorizaram as ruas adjacentes, transformando-as em vias de passeio para a população em fins de semana e feriados. Esse significado perpetuou-se até o presente em denominações de ruas de Halifax, sobretudo da central Spring Garden Road.


O interesse por jardins nessa época é testemunhado por artigos relativos à jardinagem em revistas, entre elas a da série „Agricola“, no The Acadia Recorder, de 1818. A consciência do significado da agricultura - no sentido amplo do termo - para o desenvolvimento colonial, difundida em publicações, levou à formação de uma sociedade destinada à fundação de um jardim com o intuito de promover o interesse pela Botânica e pela técnica adequada de horticultura: a Nova Scotia Horticultural Society.


Essa sociedade procurava fomentar o cultivo não apenas de plantas úteis, de árvores frutíferas e de vegetais segundo critérios de excelência para o uso, mas sim também de flores, segundo princípios de aperfeiçoamento de suas qualidades de beleza.


A entidade, assim, com o seu trabalho, vinha de encontro a um intuito de seleção e cultivo, de aperfeiçoamento de espécies, de desenvolvimento e progresso. Nesse contexto amplo, o escopo horticultural da sociedade relacionava-se com o aperfeiçoamento das qualidades de vida e do convívio social e cultural da população, sendo que o seu jardim deveria oferecer possibilidades para que os habitantes pudessem retirar-se e recuperar forças, procurando o aperfeiçoamento interior através da contemplação da natureza.


Desenvolvimento do jardim. Da contemplação à lúdica


Ao redor de 1841, escolheu-se, para a implantação de canteiros de flores e verduras parte de área da municipalidade, hoje situada na parte sul do jardim. Com a venda de verduras e flores, a sociedade passou a angariar fundos que permitiram o desenvolvimento do jardim.


Assim, em 1848, a sociedade esteve em condições de levantar um pavilhão para os seus encontros e construir uma estufa para proteger os vegetais durante o inverno, particularmente rigoroso na Nova Scotia.


Com essas melhorias, o jardim passou a marcar a vida urbana, constituindo área privilegiada de recreio da cidade, procurada para passeios em fins de semana e reunindo a população em dias de festa. Ao redor de 1859, ali instalou-se a primeira pista de patinação coberta do Canadá.


Impulsos franceses em jardim escocês


Em meados do século, o jardim passou por modificações que refletiram novas tendências européias. Após uma viagem a Paris, Alderman John MacCulloch desenvolveu planos inspirados no que vira na França e que compreendiam a implantação de um espelho d'água rodeado com canteiros de flores, com a intensificação de princípios geométricos na disposição da área. Em 1867, esse City Garden Plot, realizado pelo jardineiro-chefe Michael Shea, foi aberto ao público pelo chefe de Justiça da província.


Esse acontecimento marcou a fase áurea do jardim na história cultural de Halifax. A consciência do valor do jardim para a qualidade urbana e de vida da cidade manifestou-se nas atividades de Alderman Barron, presidente da Comissão do Jardim Público que, em 1870, com Alderman Peter Jack e outros idealistas, contribuiram ao enriquecimento do patrimônio do parque através de doações de plantas.

Halifax. A.A.Bispo©

Intensificação de elos britânicos por jardineiro irlandês e sua nobilitação


Em 1872, o jardim passou a receber a orientação profissional de um jardineiro especializado, Richard Powar, da Irlanda, que havia sido responsável pelos jardins do Duke of Devonshire, Lismore Castle. Powar pode contribuir a Halifax com os seus conhecimentos técnicos e, com as recomendações que trazia, fomentar a nobilitação do jardim. Constata-se, a partir dessa época, a frequência com que representantes de famílias aristocráticas passaram a apoiar iniciativas ali realizadas, em particular apresentações musicais.


Integração na municipalidade e arborização de ruas


A história posterior dos jardins é marcada pela sua passagem à propriedade municipal. Já não podendo cobrir os custos, a sociedade horticultural foi obrigada a vender a propriedade que ocupava à cidade. Esforços de outros idealistas continuaram a possibilitar doações de plantas e a construção de uma nova estufa.


Após receber uma nova doação de terrenos, a cidade tornou-se proprietária de toda a área. Duas mil árvores da sociedade horticultural passaram a ser plantadas no sentido de formação de alamedas, criando caminhos ladeados de árvores que marcaram a fisionomia do local. Procurou-se conectar os jardins desenvolvidos no decorrer das décadas, dotando a aréa de maior unidade. O jardim passou a oferecer árvores para a arborização de ruas e praças de Halifax.


Natureza, cultura física e acentuação de sentidos poéticos

Em 1876, uma área do jardim da antiga sociedade horticultural foi transformada na primeira quadra de tênis do Canadá. Esse desenvolvimento da função esportista e de lazer da área foi integrada nos objetivos primordiais do jardim, agora reformulado segundo projetos destinados a intensificar significados poéticos.

Assim, acompanhando outras transformações, criou-se nesses anos uma gruta artificial ao redor de fonte de água. Em 1878/79, remodelou-se o lago de forma naturalizante, superando-se a sua forma quadricular remontante a modêlos franceses.

A música ao ar livre no contexto das relações entre Cultura e Natureza

Nesse contexto de intensificação das qualidades de fruição estética do jardim para a população, também a música ao ar livre passou a desempenhar importante papel. Halifax possui aqui as mais favoráveis condições devido à tradição militar do seu Fort George. A banda de música constituída por militares passou, assim, a constituir importante elemento na vida musical da cidade.


Consta que o primeiro concerto de maior porte foi realizado em 1879, sob o patrocínio do Marquês de Lorne e da Princesa Louise, obtendo grande sucesso. Em 1885, outro grande concerto marcou o retorno do Halifax Provisional Battalion da sua participação na „North West Rebellion“, no contexto do qual encenou-se um combate indígena, o que indica o significado simbólico dos jardins públicos de Halifax na história canadense.

Construção do coreto em homenagem à rainha Vitória

Dois anos mais tarde,em 1887, refletindo a importância da música de banda para a vida social e cultural da cidade e a consciência de identidade dos habitantes da Nova Scotia, construiu-se o coreto do jardim.

Esse „Bandstand“, edificado em homenagem à rainha Vitória, pelo seu jubileu de ouro, foi inaugurado com um grande concerto e um espetáculo de fogos de artifício, com a presença de ca. de 5000 assistentes.

O coreto, pelo seu significado político-cultural, pode ser considerado como um dos mais representativos da história sócio-cultural da sua época, em contextos globais, marcada, entre outros exemplos, pelo coreto do palácio real de Honolulu, Havaí. (Veja http://www.revista.brasil-europa.eu/126/Bandas-no-Havai.html)

Elos da construção de coretos na Escócia com construções de ferro no Brasil

A construção do coreto de Halifax correspondeu à atualidade dos coretos na Grã-Bretanha, em particular na Escócia, onde, devido à existência de fundições e manufaturas de ferro, estruturas de ferro para tais construições passaram a ser fornecidas a várias cidades do Reino Unido.

Assim, em 1892, inaugurou-se o coreto de Horsham's Carfax, em Glasgow, construído pela firma Walter Macfarlane & Co. em Saracen Foundry ou Possilpark.

Essa companhia, fundada por Walter Macfarlene (1817-85), a mais significativa da produção de trabalhos ornamentais em ferro da Escócia do século XIX, produziu, entre rotundas, balustradas, portões de jardins botânicos, fontes ornamentais, postes de iluminação, estações de estrada de ferro, urinais, edifícios pré-fabricados, também coretos para diferentes localidades.

Suas manufaturas podem ser encontradas em várias partes do mundo, sobretudo em regiões da esfera britânica, mas também no Brasil. Dessa firma são provenientes balustradas e escadas da biblioteca de Manaus, elementos externos e sobretudo estruturas ornamentais internas do Teatro José de Alencar, em Fortaleza.(Veja http://www.brasil-europa.eu/Estados/Ceara.html)

A tradição de coretos e da música ao ar livre, com todas as implicações relativas ao campo de tensões Cultura/Natureza relacionou-se aqui com a arquitetura teatral. Esse fato deu-se não apenas no teatro do Ceará:  a firma Walter Macfarlane foi também a responsável por estruturas de ferro do teatro de Glasgow.

Interpretação mitológica das relações entre Cultura e Natureza

Dando continuidade a esses esforços de valorização cultural dos jardins, levantaram-se, nesse ano de 1892, estátuas de divindades da mitologia relacionadas com concepções da natureza, em particular da terra e dos elementos em geral. Entre elas, salientam-se as de Ceres, representando a função primária do jardim, a agrícola e horticultora, a de Diana nas águas, sugerindo o sentido da luz na noite, do luminar das águas deste mundo, e de Flora, imagem da natureza florescente.

Em 1889, construiram-se um novo pavilhão, casa de verão, fonte de água potável e novas instalações conservatoriais.

Com as suas características definidas, claramente marcadas por associações referentes aos elos entre cultura e natureza, os jardins públicos de Halifax constituiram, na década de 90 do século XIX, um dos principais centros da vida social e cultural da Nova Scotia. Marco dessa importância foi o portão de ferro com as armas da cidade, fundido na Escócia, levantado à entrada do pavilhão.

O jardim pela passagem do século: "Soldier's Memorial Fountain"

Dos eventos dessa época, entraram na história um grande concerto realizado no verão de 1894, sob o patrocínio do Earl e da Countess of Minto.

Em 1897, por ocasião do jubileu de diamante da rainha Vitória, edificou-se uma fonte, cuja inauguração ficou marcada nos anais da história cultural de Halifax devido à grande concorrência popular e à presença de delegação vinda da Grã-Bretanha por motivo da celebração de John Cabot (ca. 1450-ca. 1490)

O vínculo simbólico do jardim com a história canadense e imperial britânica foi mais uma vez salientado em 1901/02, quando levantou-se um Soldier‘s Memorial Fountain) em honra aos soldados que participaram da campanha do Sul da Africa (1899-1902.

Esse monumento pode ser visto como um dos mais singulares testemunhos de problemas estéticos derivados do complexo de significados dos jardins de Halifax.

De arma em punho, com expressão decisiva no rosto, o soldado uniformizado ao topo de gracioso repuxo surpreende o observador que aqui esperaria encontrar antes uma náiade.

Esse aparentemente estranho elo entre o gracioso e suave sugerido pelas estátuas femininas de divindades da antiga mitologia e a figura máscula do soldado com armas nas mãos sugere reflexões sobre as relações entre concepções britânicas de proximidade à natureza e suas tradições militares, compreendidas como a serviço de amor à terra.

Essa fonte sugere, assim, na perplexidade que causa, caminhos para a interpretação de uma situação particularmente marcante para Halifax como comunidade particularmente consciente de sua lealdade. O observador sente-se aqui tentado a estabelecer paralelos com o coreto e sua função.

Se elos entre a música e virtudes cívico-militares se manifestam na presença do coreto em meio ao jardim marcado por divindades da mitologia, a estranha fonte-memorial do soldado poderia também ser lida como uma representação plástica de conteúdo da música da banda: no meio do fluxo da áqua, que corre como a música, levanta-se o soldado, tal como o ethos que a música militar transmite.

Música de banda e ethos cívico e militar

A história da música ao ar livre nos jardins de Halifax - prática de importância na Acádia em geral - continuou a ser marcada, no século XX, por apresentações que, pela sua importância, ficaram registradas nos anais locais. Uma delas deu-se em 1907, quando um grande concerto foi patrocinado pelo Earl e pela Countess Grey.

Os elos do jardim com a vida militar que caracteriza Halifax também continuaram a ser atualizados e intensificados. Também em construções dessa época constata-se uma singular relação entre natureza e formas de inspiração vegetal de conotação feminina com conteúdos de sentido militar, de conotação masculina.


Assim, em 1911, em memória a Francis J. Fitzgerald, membro da North West Mounted, edificou-se uma de duas pontes de concreto que, com as suas formas graciosamente decorativas, aparentemente nada sugerem de virtudes militares.

A continuidade do significado dos jardins públicos de Halifax no século XX é documentada por atos de personalidades de relêvo da vida britânica no decorrer do século XX. Em 1912, o Duque e a Duquesa de Connaught, vindos a Halifax para a inauguração do National Memorial Tower, ali promoveram um grande concerto.

Em 1926, o rei George V doou ao jardim dois cisnes. Vivendo ao lado de patos silvestres canadenses, os cisnes passaram a ser vistos como símbolo de uma nova função dos jardins públicos de Halifax: a de um santuário que abriga uma variedade de aves, européias e nativas.



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Indicação bibliográfica para citações e referências:


Bispo, A.A. "Jardins, bandas e coretos na vida urbana em seus elos com a Escócia, a Irlanda e a Inglaterra. Pelo The Canadien Naval Centennial 2010". Revista Brasil-Europa 128/5 (2010:6). www.revista.brasil-europa.eu/128/jardins-e-coretos.html




  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


  2. Brasil-Europa é organização exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. Não tem, expressamente, finalidades jornalísticas ou literárias e não considera nos seus textos dados divulgados por agências de notícias e emissoras. É, na sua orientação culturológica, a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro e originada de iniciativa brasileira. Foi registrada em 1968, sendo continuamente atualizada. A A.B.E. insere-se em antiga tradição que remonta ao século XIX.


  3. Não deve ser confundida com outras instituições, publicações, iniciativas de fundações, academias de letras ou outras páginas da Internet que passaram a empregar designações similares.



 

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