Direitos Humanos e Estudos Culturais: Singapura. Revista BRASIL-EUROPA 127/1. Bispo, A.A. (Ed.). Organização de estudos culturais em relações internacionais






Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 127/1 (2010:5)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2634




Tema em Debate


Direitos Humanos, Estudos Culturais e História Diplomático-Cultural
Sudeste da Ásia-Brasil: Singapura


Preparatórias à passagem dos 500 anos da tomada de Goa e de  Málaca pelos portugueses
e ciclo de estudos Brasil-Alemanha pelos 200 anos de Robert Schumann (1810-1856) do I.S.M.P.S. e.V.

 
















  1. Singapura
    Fotos A.A.Bispo 2010
    ©Arquivo A.B.E.

 

A presente edição da Revista Brasil-Europa/Correspondência Euro-Brasileira apresenta relatos de trabalhos desenvolvidos em Singapura e na Alemanha à luz do tema „Direitos Humanos, Estudos Culturais e História Diplomático-Cultural“, motivados respectivamente pela passagem dos 500 anos das conquistas de Goa e Málaca pelos portugueses e pelos 200 anos de nascimento do compositor Robert Schumann.


Ponto de partida: moções do Congresso Internacional no Itamaraty. Direitos Humanos, Estudos Culturais e História Diplomático-Cultural


Em sessão de encerramento do Congresso Internacional realizada na Sala do Índio do Museu de História Diplomática, no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, em 2002, representantes dos estudos diplomáticos e da Academia Brasil-Europa salientaram, nos seus pronunciamentos, o significado dos estudos da história diplomática, de diplomacia nas relações internacionais e as perspectivas que podem ser abertas através de contribuições dos Estudos Culturais.


A  A.B.E., dedicando-se ao estudo de processos inter- e transculturais e de estudos culturais em relações internacionais, como primeira instituição de natureza teórico-cultural com esse escopo, o faz com objetivos exclusivamente científicos, sem intentos de representação ou mesmo de diplomacia cultural, que para ela consistui um objeto de estudos.

Dessa sua constituição, ganha a independência para tratar de temas abrangentes, fundamentais, tanto relativamente ao objeto, como às bases epistemológicas da pesquisa e da ética do trabalho científico.


Assim, em congresso internacional dedicado ao estudo de Fundamentos nos estudos culturais (Rio de Janeiro 1992), iniciou-se um projeto dedicado aos indígenas do Brasil, desenvolvido com o apoio do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, e que levou à sessão dos congressistas de várias nações na Sala do Índio do Itamaraty. Essa salal deveria marcar emblemáticamente a necessidade de esforços para a superação de situações injustas e atentatórias à Humanidade a que foram submetidas populações indígenas das Américas desde a chegada dos europeus.


A questão indígena, com toda a sua tragédia, dirige a atenção de forma sensível ao problema mais amplo dos Direitos Humanos, salientando-os como uma das necessárias preocupações condutoras do estudo de processos de transformação cultural e de cultura em relações internacionais.

Esse estudo, porém, segundo o escopo da A.B.E., não pode ser desenvolvido sem ser acompanhado por reflexões quanto a seus fundamentos conceituais e ao edifício de concepções em que se insere a própria noção do Humano.


A atenção privilegiada a ser dirigida aos Direitos Humanos não significa continuar a manter de forma irrefletida e inquestionada posições antropocêntricas. Esses direitos não devem ser considerados como direitos que o Homem a si exclusivamente se arroga, excluindo direitos aos demais seres viventes. O Humano apenas ganha a profundidade do conceito a partir do respeito aos outros seres co-viventes, ou seja a partir de uma Ética de respeito à vida, o que a A.B.E. propugna na tradição do pensamento marcada sobretudo por Albert Schweitzer. (Veja http://www.revista.brasil-europa.eu/120/TemaEmDebate.html)




Singapura: significado para os estudos culturais em relações internacionais


Singapura representa um dos maiores centros da vida cultural do Leste da Ásia, cujo significado ultrapassa dimensões nacionais e mesmo da esfera asiática. Essa relevância de Singapura voltou recentemente à consciência de estudiosos europeus com a inauguração do Esplanade - Theatres on the Bay, um centro cultural de extraordinárias características arquitetônicas e técnicas, abrigando monumental órgão de fabricação alemã, que representa, hoje, um dos instrumentos mais significativos do Leste e mesmo do globo.


Singapura é uma cidade que impressiona pela qualidade e o número de suas instituições e de sua vida cultural. Ao mesmo tempo, porém, Singapura é frequentemente apontada criticamente por deficiências relativamente aos Direitos Humanos.Transforma-se, assim, em exemplo significativo de campos de tensões e situações ambivalentes que se observam em vários países do mundo, em particular em emergentes potências do Leste.


O significado de Singapura para os estudos de processos inter-e transculturais em relações internacionais, tais como desenvolvidos pela A.B.E., evidencia-se pelo fato de constituir uma das áreas mais marcadas por situações multiculturais e processos de globalização do mundo.

Os diversos grupos culturais, religiosos e étnicos de sua constituição populacional, inseridos em diferentes configurações geo-e histórico-culturais, oferecem possibilidades excepcionais para observações de processos de transformação e persistência de identidades, de diferenciações e interrelacionamentos. A forma com que essa situação multicultural e plurireligiosa é enfrentada pela política cultural de Singapura, o que se reflete em instituições e programações, merece ser analisada quanto a suas concepções condutoras e seus resultados.



Papel dos portugueses em processos mundializadores no Este Asiático


Não são recentes os processos históricos que levaram à pluralidade cultural, religiosa e étnica de Singapura e à dinâmica mundializadora que preparou a sua saliente posição no panorama de atuais globalizações. São antes processos seculares, e neles os portugueses desempenharam papel fundamental.


O Este Asiático, em particular a península de Málaca, foi um dos grandes objetivos das viagens mercantís dos portugueses, ocupando uma posição de extraordinária importância na história das navegações, da expansão européia, dos contatos entre o Ocidente e o Oriente, e dos Descobrimentos em geral.


Essa posição exponente em desenvolvimentos históricos de dimensões globais faz com que Málaca e sua região adquiram também significado para estudos relacionados com Brasil, alcançado que foi pelos portugueses no contexto de seus empreendimentos dirigidos às Índias Orientais.


Mais do que em outros contextos, o fator econômico das atividades dos portugueses manifesta-se com particular evidência no Este asiático. O alcance do principal centro do comércio de especiarias do Oriente foi um dos principais motores da audaciosa expansão, e a procura de satisfação de interesses se manifesta da forma evidente na tomada de Málaca, em 1511, por Afonso de Albuquerque (1453-1515).




Atualização teórica dos estudos lusológicos de Málaca


A potencialidade que reside para o presente e o futuro desses antigos elos históricos não tem sido valorizada à altura nos estudos relativos aos povos que foram envolvidos nesse processo, em particular naqueles referentes ao Brasil.


Os estudos relativos a Málaca têm sido desenvolvidos por vários autores, a atenção, porém, mantém-se por demais fixada no passado. Como a soberania portuguesa em Málaca findou-se no século XVII, dando lugar ao predomínio holandês, parece haver uma tendência a considerar esse passado como um capítulo encerrado da  história da presença portuguesa no Oriente.


Os estudos culturais relativos a essa presença concentram-se primordialmente na comunidade cristã de Málaca, e a atenção dirige-se a fragmentos residuais denotativos da antiga história cultural lusófona ou a expressões de folclore português introduzidos e ou cultivados por missionários, em geral de data relativamente recente. Já há muito salientou-se, nesta revista, o significado para os Estudos Culturais de um desses trabalhos, o da pesquisadora Graciete Nogueira Batalha, frutos de pesquisas desenvolvidas em 1974 e em 1983 no sentido de levantamento da situação atual e perspectivas da língua portuguesa no Extremo Oriente. (Malaca - O chão do Padre e seus moradores „portugueses“, Macau: Imprensa Oficial 1986; Separata de Biblos LVII, 1986/1981). Sob o aspecto antropológico-cultural, tem-se salientado, entre outros aspectos, a natureza crioula ou mesticizada dos „Kristang“ de Málaca como um grupo étnico particular, discutindo-se a questão de uma tripla identidade:

„(...) os luso-descendentes de Malaca sempre confrontaram três grandes linhaas de influência - a malaia, a portuguesa e a própria Kristang. Se o facto de serem crioulos precedeu à sua natureza de serem eurasiáticos - ou vice versa? - permanece uma questão aberta(...) O dilema identitário do grupo reside precisamente na impossibilidade de colocar a sua postura só entre duas fontes nacionais-culturais, nos termos de uma escolha simplista entre a Malásia e Portugal“ (Brian Juan O‘Neill, „A tripla identidade dos portugueses de Malaca“, Oceanos 32, outubro-dezembro 1997, Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 63-86, 81).

Por mais significativo que seja o estudo desse patrimônio cultural, não pode corresponder, nessa delimitação, ao extraordinário significado dos processos colocados em vigência pelos portugueses no início do século XVI e que abrangem um complexo muito mais amplo de regiões, hoje pertencentes a diferentes países.


A consideração adequada desses processos exige, porém, que a pesquisa se liberte de vínculos delimitadores do campo de estudos, sobretudo daqueles baseados na lusofonia.


Como salientado no número anterior desta revista, os descendentes de portugueses emigrados das ilhas atlânticas para as ilhas havaianas na segunda metade do século XIX já não falam em grande parte o português e se consideram norte-americanos, mantendo, porém, nas suas expressões culturais, profundos elos com a cultura dos antepassados. Seria uma indesculpável redução do objeto dos estudos lusológicos e brasilológicos se, por essa razão, os processos de transformação cultural desencadeados pelos portugueses deixassem de ser considerados, uma vez que surgem como relevantes também em contextos interamericanos.


Se essa superação de delimitações determinadas pela restrição do objeto de estudos à lusofonia vale para processos desencadeados em fins do século XIX no Havaí, vale muito mais para desenvolvimentos histórico-culturais do Este Asiático, iniciados que foram já nos primeiros anos do século XVI!


Estudos lusológicos de Singapura e re-orientação geográfico-mental do observador


A posição determinante de Málaca como posto comercial da região passou, no decorrer do século XIX, a Singapura. Esse desenvolvimento coincidiu com a época da supremacia britânica na região, e os portugueses e seus descendentes, que ali se estabeleceram, inseriram-se em complexo de relações internacionais e de geografia histórico-cultural de distintas características.


Pode-se, aqui, recordar uma situação similar sob alguns aspectos, discutida em encontros da A.B.E./I.S.M.P.S. realizados em Macau e em Hong Kong, em 1986/7: muitos portugueses e seus descendentes passaram de Macau a Hong Kong, sendo inadequado reduzir a pesquisa teórico-cultural referente a relações entre a cultura portuguesa e a China ao território de Macau.


Similarmente, os estudos luso- e brasilológicos do Este Asiático devem incluir uma mudança do sistema referencial para a época marcada pelo desenvolvimento de Singapura. O pesquisador dirige a sua atenção, aqui, não apenas a uma comunidade que remonta a um passado de florescimento, quando Málaca deteve poderes e foi centro de irradiação, mas sim a uma comunidade inserida em contextos derivados de uma nova fundação e novas situações coloniais globais. O estudo dos processos desencadeados pelos portugueses exige aqui uma diferenciação na orientação geográfico-mental do pesquisador.Afonso


500 anos da Conquista de Málaca: Questões de Diplomacia Cultural


A lembrança da conquista de Málaca, que se impõe pela próxima passagem dos seus 500 anos, traz à consciência procedimentos questionáveis nesses primórdios da história das relações do Ocidente com o Sudeste Asiático.


A tradição manteve, através dos séculos, perenizada em imagens, um ato de natureza diplomática que marcou o deflagrar de conflitos que levou à conquista de Málaca.


Um gesto de Afonso de Albuquerque em oferecer ao sultão de Málaca uma corrente-colar por ocasião de uma recepção para tratos comerciais, surge, nessa tradição, como fator decisivo para o início do combate aberto que levaria à vitória dos portugueses.


Por ter tentado colocá-lo ao pescoço do soberano utilizando-se a mão esquerda, o ato foi sentido como ofensivo e rejeitado. Teria havido aqui, segundo interpretações convencionais, um problema cultural, uma vez que a mão esquerda seria considerada como impura segundo concepções muçulmanas. Um presente bem intencionado, um gesto diplomático, teria sido, assim, anti-diplomático, trazendo resultados opostos aos desejados, por desconhecimento dos pressupostos culturais da autoridade que recepcionava.


500 anos da Conquista de Málaca: Problemas de Ética


Há, porém, uma outra interpretação que pode ser dada a essa ocorrência da história da diplomacia cultural. Partindo-se da constatação que Afonso de Albuquerque conhecia muito bem a cultura islâmica, impõe-se, ainda que de forma pouco confortante, a suposição que o gesto tenha sido premeditado.

Apresentado como ato de cortesia, guardando assim aparências diplomáticas, teria tido o intuito de atingir a auto-estima do pretensamente homenageado. O gesto do ato podia ser lido como sinal. Como esperado, o significado dessa ação foi compreendida pelo receptor, que sentiu-se aviltado e ultrajado.


É possível, também, supor que este houvesse compreendido as segundas intenções do visitante, sentindo-se enojado pelo seu procedimento. A questão diplomático-cultural que se encontra no início da guerra não teria sido, segundo essa interpretação, uma questão de tato, de formas, nem apenas um resultado de desconhecimento de cultura estranha, mas sim uma questão ética de procedimentos.


Considerado sob esse aspecto, Afonso de Albuquerque surge sob luz mais negativa do que se tivesse errado apenas por ignorância cultural ou por falta de cerimonial. Não se tratando apenas de um fauxpas, a questão diplomático-cultural de Málaca dirige a atenção aos problemas éticos que necessitam ser considerados em atos que marcaram a história diplomática.


A ação formalmente de cortesia mas movida por inveracidade deve ser aqui analisada segundo os interesses pragmáticos daquele que assim age e, sobretudo, a partir do edifício de concepções e de argumentações utilizadas para justificar um tal procedimeno excuso para o próprio agente e para aqueles de sua sociedade.


A história de Málaca foi marcada por problemas de Direitos Humanos. Dependendo da orientação confessional e política dos detentores de poder, grupos populacionais foram impedidos de praticar expressões culturais e marginalizados. Assim, também os portugueses deixaram registrado que, sob os holandeses, a partir do século XVII, os habitantes católicos tiveram que retirar-se para zonas não-urbanas, não podendo realizar procissões e outros atos paralitúrgicos ou expressões lúdicas tradicionais em público. No início do processo desencadeado no contado do Ocidente e do Sudeste Asiático, porém, encontra-se um problema de ética.


250 anos de Schumann. Debate atual referente a revisões de imagens relacionado com questões de Direitos Humanos


O segundo dos complexos temáticos de atualidade tratados foi motivado pela passagem dos 200 anos de Robert Schumann.

A escolha desse tema, ou melhor, da perspectiva sob o qual foi sobretudo discutido poderia parecer singular se não fossem trabalhos de natureza médica que causam discussões polêmicas relativas à revisão de imagens do compositor e de sua mulher, Clara Schumann (1819-1896).


Essa revisão, polêmicamente discutida, não diz apenas respeito a particularidades referentes a biografias de vultos históricos, sem maior relevância para estudos culturais. Traz consequências consideráveis sob muitos aspectos, entre êles para a interpretação e a recepção de Schumann no Exterior, também no Brasil.


O significado dessa discussão é de significativa relevância para as relações culturais entre a Alemanha e o Brasil. Schumann é um dos maiores vultos do Romantismo, por muitos sentido como um dos „mais alemães“ dos grandes músicos do século XIX e a sua influência na obra e nas concepções de vários compositores brasileiros foi mais profunda do que se poderia esperar numa primeira aproximação.


O destino de Robert Schumann surge, nesses intentos de revisão, como um exemplo de privação de liberdade, de desrespeito a Direitos Humanos. Esses estudos retomam suposições de situações obscuras de tramas entre médicos e familiares, de diagnósticos questionáveis e de destruição de documentos.


Revisões de imagens sob o aspecto ético


Nessa discussão sobre a doença de Robert Schumann, tem-se salientado o papel altamente questionável que teria sido exercido Clara Schumann. Ela teria impedido a dispensa ou a libertação de Schumann do hospital, impossibilitado contatos do compositor com o mundo externo, criado com médicos um sistema que o manteve em exclusão até à morte. Posteriormente, destruíra documentos, contribuindo para a criação da imagem de um compositor que, embora genial, sem ela pouco teria sido, na sua vida e na posteridade. 


Essas tentativas de revisão adquirem significado presente também à luz da imagem positiva que Clara Schumann goza na Alemanha e que torna compreensível, em parte, a intensidade das opiniões contrárias. Ela surge não apenas como uma das grandes pianistas de sua época, mas sim como um dos vultos femininos de maior relêvo e dignidade da história cultural, uma mulher que teve que sacrificar a própria carreira para apoiar a do marido. A sua efígie ornava cédulas de 100 marcos. Nos esforços de se fazer justiça às mulheres na História da Música, tão pouco consideradas no passado, tem-se dado a Clara Schumann uma posição de particular relêvo. Nos estudos da mulher e de Gênero, em geral, Clara Schumann tornou-se vulto altamente considerado. O quadro traçado em publicações que agora levantam polêmicas sugere uma deficiência ética grave de sua parte e o desrespeito dos direitos humanos fundamentais de Robert Schumann. 


Revisões de imagens sob a perspectiva da imagologia mental subjacente


O relacionamento entre Robert e Clara Schumann, porém, foi marcado por imagens que foram condutoras da obra e e mesmo da vida de ambos. Como poucos outros vultos da história cultural, Schumann criou e orientou-se segundo modêlos imagológicos, por êle expressos sobretudo na concepção dos „aliados de David“ (Davidbündler) e na de uma dualidade na unidade do seu próprio íntimo, simbolizada nas figuras de „Florestan“ e „Eusebius“.


Quais seriam os pressupostos dessas imagens mentais, quais as suas relações com a problemática mental que transpassa a vida de Schumann, quais os seus significados e as suas resignificações posteriores, quais as suas consequências para o desenvolvimento das concepções estéticas, educativas e mesmo político-culturais? Quais as suas repercussões no Brasil?


Para a discussão diferenciada e contextualizada desse complexo de questões, que traz à tona aspectos nem sempre considerados de estados psíquicos e mentais, realizou-se um ciclo de estudos em regiões da Alemanha particularmente vinculadas à vida de Robert e Clara Schumann: a Saxônia e a região do Reno. Deu-se prosseguimento, nesses estudos, a temas já tratados em eventos anteriores, sobretudo em série de aulas dedicadas à História da Música do século XIX em contextos globais, proferidas pelo editor desta revista na Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn.



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Indicação bibliográfica para citações e referências:


Bispo, A.A. "Direitos Humanos, Estudos Culturais e História Diplomático-Cultural
Sudeste da Ásia-Brasil: Singapura
". Revista Brasil-Europa 127/1 (2010:5). www.revista.brasil-europa.eu/127/Singapura-Brasil.html




  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


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