Por motivo dos 25 anos da oficialização alemã do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS) decidiu-se realizar uma série de estudos no Havaí, considerando ter sido esse arquipélago do Pacífico significativamente marcado pela imigração portuguesa. A comunidade de ascendência portuguesa oferece condições favoráveis para o tratamento de questões culturais pertinentes a Portugal independentemente de elos com a lusofonia, o que vem de encontro à orientação teórico-cultural do instituto (Veja "Tema em debate", nesta edição).
Também questões culturais de relevância para o Brasil podem ser tratadas a partir de uma consideração do contexto havaiano, possibilitando novas perspectivas na análises de processos culturais globais, entre outros da difusão e da recepção de correntes do pensamento e modos de expressão.
A música de salão representa um dos aspectos da cultura musical européia do século XIX que foi largamente difundida pelo mundo e que exige, hoje, para o seu estudo adequado, enfoques amplos que considere os diferentes contextos em que foi cultivada.
Muitos dos compositores que se salientaram na produção musical mais ligeira e que alcançaram prestígio na sua época encontram-se hoje esquecidos.
Pela influência que exerceram e pela difusão de suas obras necessitam ser considerados sobretudo sob uma perspectiva histórico-musical dirigida a contextos globais. Considerados como pouco representativos numa história da música limitada à Europa, não motivando assim pesquisas mais aprofundadas, passam a ser redescobertos a partir de regiões extra-européias, alcançadas que foram pelas suas obras impressas. Foram vistos nesses contextos como vozes de tendências atuais de sua época, como modêlos a serem seguidos, dando impulsos à criação local.
A influência que exerceram na história da música de determinadas regiões pode ser explicada pelo fato de terem sido recebidas em época marcada pela formação de estados nacionais e pela emancipação política de antigas colonias, com sociedades que ao mesmo tempo procuravam estar à altura das demais nações. As suas obras, assim, adquirem um significado muito maior nessas regiões extra-européias do que na própria Europa.
A percepção e a valorização adequada desse significado exige porém uma orientação teórico- cultural dos procedimentos musicológicos. A pesquisa muitas vezes chega a esses nomes por procedimentos retroativos e indiretos. À procura de fontes que possam explicar determinados aspectos da cultura musical regional, estilos, gêneros, formas e tendências expressivas, considerados como característicos e de significado para a identidade nacional, o pesquisador redescobre obras do passado e que sugerem rastros para a reconstrução de caminhos difusivos.
Tendo adquirido em diferentes sociedades mais intensamente inseridas em processos de transformação cultural e de formação de identidade nacional significado maior do que na própria Europa, a orientação segundo perspectivas internacionais surge como necessária para que se possa reconhecer e valorizar a sua relevância musicológica e cultural.
A questão do estudo adequado da música de salão representou uma das preocupações do Centro de Pesquisas em Musicologia, fundado em São Paulo, em 1968, ao qual remonta o ISMPS. Considerou-se, na época, a exigência de considerá-la não sob perspectivas disciplinares determinadas por esferas da vida musical - erudita, popular e folclórica -, mas sim no âmbito de análises de processos culturais de difusão, seus pressupostos e suas consequências. Esses intuitos, que tiveram continuidade no decorrer das décadas de trabalho da instituição, foram agora retomados sob especial consideração do Havaí.
Canções, valsas e tradicionalismo: Charles E. King (1874-1950)
O pesquisador brasileiro ou português surpreende-se ao encontrar, no Havaí, expressões e práticas da cultura musical muito similares àqueles que conhece de seu próprio contexto cultural. Sobretudo em círculos particulares de cultivo musical pode vivenciar ainda a permanência de um repertório de cunho tradicional e mesmo tradicionalista que, sem poder ser considerado precisamente como erudito, remonta, pelas suas formas, sobretudo de dança e marcha, à música de salão do século XIX. Esse é o caso sobretudo da valsa havaiana, na qual pode-se perceber similaridades com a valsa brasileira.
Um dos mais conhecidos nomes da história da música havaiana é o de Charles E. King, compositor, mestre de banda e editor. Nascido no Havaí, de ascendência em parte nativa, pertencia à esfera real da sociedade havaiana (ali'i). Deveu a sua formação musical a Liliiuokalani (1838-1917), última rainha do Havaí (Veja artigo nesta edição).
Charles E. King inseriu-se no movimento de conservação e revitalização dos valores culturais do antigo Havaí que teve as suas raízes nas últimas décadas da monarquia (Veja artigo nesta edição).
Testemunhos do seu empenho pela conservação e divulgação do repertório tradicional foram as coletâneas que publicou, o King's Book of Hawaiian Melodies, o King's Songs of Hawai'i e o King's Songs of Honolulu.
Em 1915, lançou a sua canção Na Lei O Hawai, ponto de partida de uma copiosa produção musical. Nas suas composições, apesar do cuidado que dispensou na elaboração técnico-musical, reflexo de sua formação musical apurada, manteve-se distante de correntes mais avançadas da criação artística. A sua preocupação era sobretudo dirigida á conservação de uma havainidade demonstrada na utilização de texto e assunto havaianos, assim como de qualidades emocionais e expressivas caracterizadas como ternas e doces. Significativamente, compôs obras denotadoras de vínculos com o fundador da nação havaiana, tal como a marcha Kamehameha (Imua Kamehameha) e a valsa Kamehameha. Da sua produção de valsas pode-se citar também a Paauau Waltz.
Pressupostos históricos da valsa havaiana
Ao considerar-se a popularidade da valsa no Havaí e, sobretudo, a sua identificação com uma havainidade - fenômeno correspondente à valsa brasileira, à valsa venezuelana, à valsa mexicana, entre outras -, a atenção é dirigida às constantes referências à recepção da valsa vienense à época de Kalakaua (1836-1891) e do mestre de banda Henri Berger (1844-1929) (Veja artigos nesta edição).
Entretanto, as características da valsa havaiana indicam pressupostos mais antigos e dirige a atenção a outros contextos e processos receptivos.
Tudo indica que as bases da recepção da valsa no Havaí se encontram na prática musical em famílias de missionários. Um ponto de partida para estudos desse contexto oferecem materiais conservados no museu Baldwin, em Mauí. (Veja artigo a respeito nesta edição)
Guardam-se, ali, partituras executadas pelas filhas do missionário, testemunhando, assim, a função da música na educação feminina entre norte-americanos residentes no arquipélago.
Uma atenção especial merece a presença, entre essas composições, de uma peça de Gatien Marcailhou d'Aymeric, La Fleur du Souvenir.
Gatien Marcailhou d'Aymeric (1807-1855)
Pierre Joseph Ferdinand de Marcailhou d'Aymeric, hoje nome praticamente esquecido, foi pianista e compositor francês nascido em Ax-les-Theres e falecido em Paris.
Singular na formação musical de Gatien Marcailhou foi o fato de ter aprendido a tocar regal com o seu pai, Jean Pierre Augustin Marcailhou (1767-1848), um instrumento então já caído em desuso e utilizado apenas em regiões rurais. O seu pai, vinculado ao Ancien Régime, mestre de retórica pelo Colégio Real de Toulouse, foi obrigado a emigrar para a Espanha durante a Revolução Francesa.
Gatien Marcailhou estudou Medicina, doutorando-se na tradicional escola superior de Montpellier, em 1831. Realizou curso de composição com Sigismond Thalberg (1812-1871), sendo marcado pela suas concepções e estética. Os elos de Marcailhou com a escola de Thalberg foram tão estreitos que escreveu uma "Escola moderna do pianista" como introdução às composições de Thalberg e sua escola, em 1852 (École moderne du pianiste traité théorique, analytique et pratique pour servir d'introduction aux compositions de Thalberg et de son école).
Nesse ano, publicou um tratado sobre a arte de compor e executar música ligeira ao piano (L'art de composer et d'exécuter la musique légère au piano). Tornou-se assim conhecido como compositor que valorizou e contribuiu à divulgação da música de salão, sobretudo a de danças em versão para o piano, como o indica o título italiano de sua obra (L'arte di comporre ed eseguire la musica per danza la quadriglia, il valzer, la polka, la polka-mazurka, la schottisch, la mazurka, la redowa, la siciliana, G. Ricordi, 1852).
Marcailhou adquiriu renome na França como compositor de danças, sobretudo, de valsas. A sua grande produção no gênero - 144 valsas - foi largamente difundida. Várias delas possuem nomes femininos ou designativos de qualidades femininas (La Coquette, Olga, La Tourterelle, Brune, Fleur de Marie, La Pervenche), de flores (La Couronne de Violettes, Fleur des Bois, La Couronne de Roses), de estações do ano e de noites do luar (Les Feuilles d'Automne, Rayon de Lune) locais e países (Ma Ville Natale, Ax, Rayon d'Italie), de recordações (Dernier Souvenir, La Fleur du Souvenir)
Entre as mais populares valsas de Marcailhou podem ser citadas Le Tourbillon e Le Torrent, denominações que sugerem as evoluções da dança e os sentimentos de amor entre jovens. As suas composições foram apreciadas pela leveza, simplicidade técnica e sentimentalidade de expressão. Foi reconhecido como aquele que deu à valsa uma conotação francesa, sentida como elegante, terna e suave, marcando a atmosfera social e musical do Segundo Império. Essas características passaram, com o decorrer das décadas, a serem sentidas como testemunhos nostálgicos de uma época passada.
Indiana no contexto havaiano
Como composição-modêlo da valsa francesa foi considerada a sua composição Indiana, oferecida a George Sand (1804-1876), sua amante. Essa valsa tinha como referência o romance de mesmo título de G. Sand, que alcançou considerável popularidade na sua época, e cuja temática dizia respeito a questões da mulher, de virtudes e de culturas do Pacífico.
A protagonista principal, Indiana, surge como uma creola de uma das ilhas do Mar do Sul, casada com um coronel de mais idade, sensual e lânguida, ao mesmo tempo, porém, de coragem, fibra e fria. O enrêdo diz respeito à tentação de Indiana por um aristocrata de Paris, com o qual foge. Procura afogar-se, cai em dificuldades pela Revolução de Julho, mas é sempre salva por aquele que havia sido empregado pelo seu marido como guardião da sua fidelidade. Com a morte do marido, Indiana e esse guardião descobrem o seu amor, decidem-se ao suicídio, atirando-se de uma cascata. Sobrevivem, porém, nas matas de uma ilha do Pacífico.
Indiana, relacionada com a recepção de Marcailhou no Havai, dirige a atenção a singulares paralelos entre o assunto do romance e a situação no arquipélago da época. No romance de G. Sand, a questão feminina relaciona-se estreitamente com a política, uma vez que o tentador de Indiana procura usar da mulher para alcançar os seus fins. A obra tematiza, assim, a questão da instrumentalização da mulher pelo homem a serviço de seus interesses e a resistência feminina, uma temática que refletia uma preocupação constante de George Sand. Indiana surge como ingênua, porém impressionável, num primeiro momento sujeita à sensualidade, porém, no fundo, forte e até mesmo disposta a morrer. Pode apenas viver fora da civilização, em ilha distante.
O que Virgínia de Paul et Virginie representou para o Índico nas suas relações com a Europa e na sua recepção no mundo extra-europeu, também no Brasil (Ver número anterior desta revista), Indiana representou para o Pacífico. Em ambas tematizou-se a questão da inocência e da natureza do "noble sauvage", aplicada à mulher, ainda que em diferentes contextos e à distância de décadas.
No caso de Indiana, porém, tem-se uma relação muito mais comprovável com o papel desempenhado pela mulher na realidade social das ilhas do Pacífico, no caso o Havaí. O romance pode, assim, sugerindo caminhos, contribuir para a análise de fenômenos do processo de transformação cultural havaiano em meados do século XIX. Tanto no Taiti como no Havaí, a mulher desempenhou papel fundamental na destruição da antiga cultura nativa através da superação de tabus (Veja artigos neste e no número anterior desta revista) e na possibilitação e fomento das atividades de missionários.
A partir das sugestões de George Sand, o pesquisador tem a sua atenção dirigida a relações entre inocente sensualidade das mulheres havaianas, salientada por viajantes, a atitudes de rebelião e astúcia de líderes femininas com relação aos homens de sua própria cultura, a sua instrumentalização por estrangeiros, em particular pelos missionários, e provas de fibra e força que se tornaram históricas.
Criolismo em Indiana e Ojos Criollos de Louis Moreau Gottschalk (1829-1869)
A presença da música de Marcailhou no Havaí dirige, assim, a atenção a Indiana e à questão do Criolismo no Pacífico. Esse termo, diferentemente do seu uso no Brasil, deve ser compreendido aqui como designitivo da situação de representantes de esferas sociais prestigiadas, nascidos na terra mas de ascendência européia, inseridos em processos de transformação de identidade cultural, porém de características diversas daqueles vivenciados pelos nativos que foram objeto da missão. (Veja artigo a respeito do Criolismo na edição relativa a Maurício desta revista)
O significado de questões relacionadas com o Criolismo nos estudos da cultura musical torna-se ainda mais saliente pelo fato do Museu Baldwin apresentar, ao lado da peça de Marcailhou a conhecida composição Ojos Criollos, de Louis Moreau Gottschalk.
O interesse histórico-cultural da presença de Gottschalk na prática doméstica da música de missionários no Havaí não necessita ser salientado. Como pianista virtuose, compositor e organizador de múltiplos talentos, Gottschalk é conhecido há muito como uma das mais destacadas personalidades de uma história da música em contextos globais. O seu significado para as relações entre o Novo Mundo e a Europa, entre a América do Norte e a América Latina foi estudado sob vários aspectos. Com o nome de Gottschalk, tem-se o nome de um pianista e compositor que estabelece uma ponte com o Brasil, onde atuou e onde veio a falecer.
O mérito de ter salientado esse significado para a história da vida musical brasileira coube sobretudo a Francisco Curt Lange (1903-1997) (Vida y Muerte de Louis Moreau Gottschalk en Rio de Janeiro, Mendoza: Universidad de Cuyo, 1951). Em simpósio promovido por ocasião dos preparativos para a oficialização do ISMPS, em 1983, Francisco Curt Lange e o editor desta revista salientaram a necessidade de uma consideração da vida e obra de Gottschalk no âmbito de estudos que relacionem processos interamericanos e transatlânticos. Com o testemunho da recepção da obra de Gottschalk no Havaí tem-se, agora, a necessidade de incluir a área do Pacífico na pesquisa assim orientada.
Questões teórico-culturais relacionadas com o Criolismo podem ser tratadas sob diversos aspectos relativamente a Gottschalk e sua obra. Ele próprio filho de criola de New Orleans, esteve inserido em complexos processos culturais. Na Europa, destacou-se também com composições consideradas como criolas (e.o. Bamboula). retornou para os Estados Unidos, em 1853 e, após uma estadia em Cuba, em 1854, deu início a inúmeras viagens pelas Américas.
É possível que razões políticas - Gottschalk apoiou a União durante a Guerra Civil - explique a sua presença na vida cultural de missionários do Havaí. O renome que gozava em San Francisco também poderia também justificar que fosse conhecido no arquipélago.
Os Ojos Criollos, de 1859, escrito em Saint Pierre, Martinique, designado como Danse Cubaine, para quatro mãos e em versão para duas mãos (1864) (Veja S. Frederick Starr, Bamboula! The Life and Times of Louis Moreau Gottschalk, New York 1995), testemunha a recepção de expressões culturais do Caribe no Havaí e, assim, da cultura conotada com a latinidade.
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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. "Romantismo musical e Criolismo no Havaí à luz de Indiana - romance de George Sand (1804-1876) e valsa de Gatien Marcaillou (1807-1855) - e dos Ojos Criollos de Louis Moreau Gottschalk (1829-1869)". Revista Brasil-Europa 126/8 (2010:4). www.revista.brasil-europa.eu/126/Romantismo-no-Havai.html
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Maui e Big Island (cascatas e gruta)
Fotos A.A.Bispo e H. Hülskath©
Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 126/8 (2010:4)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
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- Academia Brasil-Europa -
e institutos integrados
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
Doc. N° 2615
Romantismo musical e Criolismo no Havaí
à luz de Indiana - romance de George Sand (1804-1876) e valsa de Gatien Marcaillou (1807-1855) -
e dos Ojos Criollos de Louis Moreau Gottschalk (1829-1869)
Baldwin Home Museum, Lahaina, Maui, 2010. Pelos 25 anos da oficialização alemã do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa
(Institut für Studien der Musikkultur des Portugiesischen Sprachraumes, ISMPS e.V.)
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