Leonardo F. Kaltner: Cultura clássica, cristã e oriental em José de Anchieta. Revista BRASIL-EUROPA 125. ACADEMIA BRASIL-EUROPA. Bispo, A.A. (Ed.) e Conselho Especializado. Organização de estudos culturais em relações internacionais

 
 


Prof. Dr. Leonardo Ferreira Kaltner, UFF



             

Resumo


O presente artigo consiste em um debate sobre a presença da cultura clássica, cristã e oriental na obra literária escrita em latim pelo Pe. José de Anchieta, S. J. (1534-1597), que viveu no Brasil. Nossa investigação inicia-se a partir do poema épico De Gestis Mendi de Saa (Os feitos de Mem de Sá), em que o poeta narra os feitos de Mem de Sá, terceiro Governador-Geral do Brasil colonial. Analisaremos a invocação do poema épico.


Palavras-chave: Humanismo renascentista, Latim clássico, Relações Interculturais, Brasil e De Gestis Mendi de Saa.





1.Introdução


No século XVI, os padres e irmãos jesuítas chegaram à América portuguesa. Representantes da cultura cristã no período da Contra-Reforma e da cultura clássica na época do Humanismo renascentistaI foram os principais agentes de um processo histórico que propiciou a comunicação entre grupamentos humanos que nunca haviam se visto antes, como os europeus e os índios na América, na chamada Era dos Descobrimentos e das Navegações, época em que a humanidade e o mundo começavam a ser percebidos como uma vasta unidade ainda não completamente unificada. Nos séculos XV e XVI os isolamento milenar de muitas culturas e civilizações seria rompido, este processo de identificação, entretanto, e a convivência inicial não seria pacífica, conforme muitos documentos do período nos revelem múltiplos conflitos iniciais.


Para analisarmos a origem do Brasil, o fator cultural possui suma importância, principalmente, se, metodologicamente, tratarmos a cultura cristã e a cultura clássica sob um ponto de vista intercultural, em diálogo com suas origens, ao invés de meramente taxar a cultura clássica e a cristã como fatores eurocêntricos e conceitos fixos no tempo e antidialógicos. Cumpre ressaltar que, em nossa pesquisa, debatemos a transformação destes conceitos na formação da civilização brasileira, sendo este o eixo central de nossa análise para o excerto selecionado do poema em latim do Pe. José de Anchieta, S.J, apresentado a seguir.


A cultura cristã e a cultura clássica, cujos principais representantes no Brasil do século XVI foram os jesuítas, possuem origem de longa data, não sendo por si só fatores eurocêntricos, mas resultantes de um intenso contato intercultural ao longo de séculos, entre o mundo das civilizações orientais e o mundo ocidental, estabelecidos intensamente sobretudo pela civilização romana, a partir dos três primeiros séculos antes de Cristo e o primeiro século depois CristoII, quando então se tornaram a própria base da identidade do mundo ocidental. Serão, portanto, a cultura cristã e a cultura clássica já no século XVI os primeiros mediadores interculturais entre o mundo indígena e os europeus na formação do Brasil. Assim, a renovação destes valores no Nouus Mundus, em um sincretismo de matriz luso-tupi, ou ibero-tupi, constitui-se como a base original da civilização brasileira.


No presente artigo, analisamos o fator cultural na origem do Brasil, através do primeiro livro escrito no Brasil, o poema épico De Gestis Mendi de Saa (Os feitos de Mem de Sá), cuja primeira publicação veio a lume no ano de 1563, na tipografia régia da cidade de Coimbra em Portugal. Deste longo poema épico, escrito completamente em um apurado latim clássico, que se remete às obras de Vergílio, Ovídio e Lucano, selecionamos a invocação inicial do poema para análise e tradução, enquanto apresentamos um debate sobre a formação e transformação da cultura cristã e da cultura clássica na época da Renascença, buscando desfazer ideias que as correlacionem a um ponto de vista eurocêntrico, sobretudo ao demonstrar como a própria cultura cristã e a cultura clássica surgiram de um longo contato com as civilizações do oriente, tendo servido posteriormente como instrumentos interculturais na Era das Navegações e dos Descobrimentos, quando se originou o Brasil.


2.Da Hispania a Portugal: relações interculturais


Através do estudo da história da língua portuguesa, podemos traçar e evidenciar alguns momentos históricos em que houve uma intensa troca e sincretismo na origem da língua portuguesa e mesmo de Portugal, o que é muito útil para entendermos posteriormente a capacidade de irradiação de Portugal no século XVI para as Américas, que mesmo com um contingente populacional mínimo foi capaz de fundar um império ultramarino, o que nos ajuda a entender muitas motivações das obras literárias de José de Anchieta escritas no Brasil do século XVI, para esta sucinta descrição, nos valemos sobretudo da obra História da Língua Portuguesa de Serafim da Silva Neto.


Até o III século antes de Cristo, a Península Ibérica foi ocupada em sua faixa ocidental, que corresponde atualmente a Portugal, em três territórios com numerosas cidades antigas. O território do atual Algarve correspondia ao que os Gregos chamavam de Cyneticum, enquanto a região até o Tejo, o Tagus flumen, também possuía diversas cidades pré-romanas, conforme atesta Ptolomeu, e da região do Tagus até o Durius (o rio Douro) e o extremo norte situavam-se ainda outras povoações pré-romanas ainda de todo não determinadas, segundo Serafim da Silva Neto (SILVA NETO, 1997, p. 55).


Os Romanos chegam inicialmente no III século antes de Cristo à Península Ibérica, em uma época de expansão e anexações, atingindo o limite ocidental do continente europeu, e romanizando a região, ainda que Fenícios, Celtas, Gregos e Cartagineses já tivessem tido contato com as civilizações autóctones. Dentre estas populações pré-romanas podemos citar notadamente os vascos, ou bascos, que pertenciam à cultura cantábrico-pirenaica, também presente no oeste e sul da França, mas que na Península Ibérica se utilizava do dialeto Ibero. José de Anchieta, nascido nas Ilhas Canárias em 1534, as Fortunatae Insulae do século XVI, considerava-se biscainho, por ser filho de Júan de Anchieta, natural do País Basco (RAMALHO, 2000, p. 78).


Os Romanos, a partir do III século antes de Cristo, iniciarão o processo de romanização da Península Ibérica, quando o latim falado, o sermo uulgaris, trazido pelos romanos, torna-se a língua oficial da Hispania, a província ibérica de Roma, que englobava a Lusitania e a Baetica e desta romanização inicial surgirá um processo de latinização profundo da região. Ao mesmo tempo, no século III antes de Cristo,  após a anexação da Grécia por Roma, a cultura latina helenizada, oriunda da cultura clássica helênica e do período helenístico de AlexandriaIII, é trazida pelos Romanos à Península Ibérica, e posteriormente, com a criação de numerosas escolas nas províncias, por fim o latim clássico é implantado em uma região que muito cedo se latiniza, surgindo nela um latim hispânico característico, o sermo Hispaniensis, que será a base das principais línguas românicas, ou neolatinas, da região, como o Português e o Espanhol.


     O Império Romano atingiu o ápice de sua expansão civilizatória e florescimento cultural entre os séculos I antes de Cristo e I depois de Cristo, ainda que ocorressem anexações posteriormente, o Império Romano se constituiu graças à instituição da escravidão, e por esta mesma via entraria em decadência e crise, ruindo estruturalmente. A decadência do Império Romano acompanhou a entrada do Cristianismo no mundo Ocidental, dos séculos I ao III depois de Cristo, e o que seria incipientemente uma religião de escravos do oriente próximo, tornar-se-ia a mensagem de renovação da Fides e da Pietas no caput mundi, Roma, a Cidade Eterna. Com o imperador Constantino (Flauius Valerius Constantinus Augustus 274-337 d. C.) o Cristianismo torna-se a religião oficial do Império Romano do Ocidente, o que não impediria a queda de Roma a seguir.


As províncias romanas sentem o impacto da queda de Roma, sucessivas migrações de povos bárbaros, i.e., de origem não latina e não latinizados, nem convertidos, adentram as províncias. No ano de 409 d. C., povos germânicos como os Alanos ou Alamanos, Vândalos e Suevos migram para a antiga Hispania romana, conquistando a região e misturando-se à população local, logo o latim hispânico falado na região recebe influências, sobretudo no léxico, pelas línguas germânicas, que ainda subsistem no Português, como alguns termos bélicos oriundos do gótico (SILVA NETO, 1997, p. 317 e seguintes):


Albergue, de *hariburgo

Trégua, de * trigwwa

Guarda, de * wardja


Somente o Cristianismo pôde, nas antigas províncias romanas como a Hispania, preservar a latinidade original herdada dos Romanos, após a queda do Império Romano do Ocidente, e ao mesmo tempo esta latinidade original, surgida a partir do século III antes de Cristo no caso da Península Ibérica, somada à cultura clássica do período imperial, formou a base que sincretizou costumes cristãos e pagãos com a conversão dos reis e nobres de origem germânica, estes que passaram a adotar o latim medieval como língua. Nesta base a latinidade ibérica se recriou, reconfigurando-se como uma neolatinidade cristã medieval na Península Ibérica.


Todavia, no ano de 711 d. C., os Árabes, vindos pela costa da África, invadem a Península Ibérica e conquistam-na. A população godo-romana, por um longo contato com o conquistador, absorve-lhe dominada a influência científico-cultural muçulmana durante séculos, e a este novo sincretismo  cultural e linguístico na Península Ibérica chamamos de cultura moçárabe, que seria o último elo de formação da língua portuguesa antes de ela chegar ao Brasil. Efetivamente, a reconquista completa da Península pelos cristãos só ocorreria no final do século XV.

A influência científico-cultural dos árabes foi imensa e profunda, sentida por toda Europa. Inovações científicas como a introdução do sistema de numerais arábicos se fazem sentir até hoje, e as técnicas de navegação do século XVI, o sistema de comércio e de ensino, a influência na língua nos mostram o reflexo de uma época de intensas relações interculturais, em que durante um certo período predominou até o bilinguismo na Península Ibérica.


Assim, registra-se uma canção moçárabe em 1040, período inicial da reconquista dos cristãos, que culminaria também com o surgimento do reino de PortugalIV:


Vai-se meu corachon de mib

Ai, Rab, si se me tornarád?

Tan mal meu doler li-l-habib!

Enfermo yed, quando sanarád?


(Vai-se meu coração de mim,

Ó Deus, acaso se tornará?

Tão mal é meu doer pelo amado,

Enfermo está, quando há de sarar?)


As lutas entre cristãos e mouros marcarão a origem de Portugal, quando surge também a língua portuguesa. Será um dos principais temas da literatura medieval ibérica narrar as aventuras e os combates entre cristãos e mouros, e desta forma influenciará o Renascimento português a tal ponto de José de Anchieta, educado em Coimbra no século XVI, valer-se já no Brasil do imaginário das cruzadas para descrever os combates entre portugueses e tapuias no De Gestis Mendi de Saa, primeiro livro brasileiro, editado em 1563.


3.José de Anchieta


José de Anchieta nasceu no ano de 1534 na paradisíaca Ilha de Tenerife, mais importante região do arquipélago das Ilhas Canárias, na saída do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico. Aos catorze anos de idade, em 1548, juntamente com seu irmão mais velho Pedro Nuñez, dirigiu-se Anchieta a Coimbra, rumo ao Real Colégio das Artes em que se matriculou, enquanto seu irmão ingressava na Universidade de Coimbra para estudar Cânones. No ano de 1551 ingressou o jovem Anchieta na Companhia de Jesus e, por motivos de uma doença, em busca de um clima mais ameno, foi transferido em 1553 ao Brasil, contando dezenove anos de idade. No Brasil, Anchieta permaneceu até 1597, ano de sua morte, falecendo aos sessenta e três anos de idade. Viveu quarenta e quatro anos com os índios do Brasil.


Dentre os biógrafos de Anchieta, além dos primeiros, como Pero Rodrigues e Quirício Caxa, e da excelente Vida do Venerável Padre José de Anchieta, escrita no século XVII pelo jesuíta Simão de Vasconcelos, sem sombra de dúvidas se sobressai a erudita obra Anchieta, o Apóstolo do Brasil, escrita no século XX por Hélio Viotti, melhor referência para analisarmos a vida do autor, que no ano de 1563, quando se publicou a editio princeps do De Gestis Mendi de Saa, contava então vinte e nove anos de idade.


Quando escreveu o De Gestis Mendi de Saa, José de Anchieta ainda não havia se ordenado padreV. Este fator é fundamental para evidenciarmos porque esta obra tão singular se vincula sobretudo ao movimento literário do Humanismo renascentista português e se remete à tradição de autores e professores com os quais Anchieta conviveu na época em que cursou o Real Colégio das Artes em Coimbra. Desta forma, a inspiração desta obra estaria vinculada sobretudo à educação que Anchieta teve em Coimbra e ao universo temático da literatura novilatina ali praticada na época da Renascença por ilustres humanistas como Diogo de Teive.


Não sabemos ao certo, por carência de documentos, quanto tempo estudou Anchieta no Real Colégio das Artes de Coimbra, mas as evidências apontam a sua entrada no ano de 1548, em que se fundou o Real Colégio, podendo a sua permanência ter se estendido até 1551, ano em que ingressou na Societas Iesu, ou 1553, quando foi enviado ao Brasil.


O período entre 1548-1553 foi uma época, no Real Colégio das Artes de Coimbra, muito agitada intelectualmente, as ideias inovadoras, trazidas sobretudo do Humanismo renascentista francês, por influência de personalidades como Jorge Buchanan e Diogo de Teive, acabaram por acarretar em uma intervenção da Inquisição, sendo em 1555 o Real Colégio das Artes de Coimbra entegue aos padres da Societas IesuVI. O poema epicum De Gestis Mendi de Saa, escrito por José de Anchieta no Brasil, prende-se ao espírito intelectual deste momento inicial, no qual fora educado Anchieta.


4.A invocação do De Gestis Mendi de Saa (texto da ed. 1563)


Virtutes summi diuinaque gesta Parentis

Et nomen, Rex Christe, tuum, tua facta decusque

Et laudes canere incipiam, tua maxima facta

Aggrediar uersu memorare, ingentibus ausis,

Magna quibus nuper tua mittere lumina uirtus

Inter Barbariem coepit, Brasillibus oris,

Quas madidat pluuius furiosis imbribus Auster,

Auster agens nimbos, saeuasque per alta procellas

Aequora, et obscuro nebularum tegmine campos

Obducens, nudas contristat frigore gentes.10

Lumine depressi iam humentia sidera mundi

Splendidiore micant, clarumque per aethera currum

Phoebus agit, radiisque nouis fugat humida caeli

Nubila, dispergit nebulas, multoque madescens

Imbre solum siccat, splendentique axe coruscus

Clara tenebroso diffundit lumina mundo.

Tu mihi, tu caecam, caeli o Lux clara sereni,

Lumen inoccidum, Patrii splendoris imago,

Clarifica mentem Iesu, tu lumina claris

Ilustra radiis, tu fons uberrimus, almae20

Ciuibus unde urbis pleno fluit amne uoluptas,

Fecunda largo pectus mihi rore, tuisque

Funde salutares uiuis de fontibus undas,

Diuinoque riga sitientem flumine mentem,

Ut possim memorare tuae miracula dextrae,

Quae modo Brasillis patrauit gentis amore

Maxima, Tartareis ubi puro orientia Olympo

Lumina discussis fulserunt clara tenebris.


5.Tradução


Começarei a cantar as virtudes e os feitos de Nosso Pai

Supremo, e o teu nome, ó Rei Cristo, tuas ações, tanto

Tuas glórias, quanto teus louvores. Teus feitos máximos

Empenhar-me-ei a relembrar em versos, por serem ações grandiosas,

Através das quais, há pouco, tua virtude começou a enviar

As intensas luzes entre a barbárie, aos territórios brasileiros,

Os quais o Austro encharca chuvoso com furiosas tempestades:

Este vento que empurra nuvens carregadas e selvagens tempestades

Através do alto-mar, ele que também encobre os campos

Com um obscuro teto de nuvens chuvosas, entristece os povos nus com o frio. 10

Já agora os astros úmidos do mundo oprimido brilham

Com luz mais esplêndida, e Febo-Apolo empurra seu ilustre carro

Através do éter, e com raios renovados põe em fuga a úmida

Nebulosidade do céu, dispersa as nuvens, e seca o solo

Que se encharcava com grossa chuva, até que brilhante, no resplendente

Eixo celeste, difunde as claras luzes para este tenebroso mundo.

Ó Jesus, luz clara do sol sereno, tu és para mim uma luz que não se põe,

Imagem do esplendor paterno, clarifica tu a minha cega

Mente, ilumina meus olhos com raios lúcidos,

Tu, fonte fertilíssima, de onde o prazer divino flui20

Em plena correnteza aos habitantes da Cidade Celeste,

Fecunda-me o peito com muito orvalho, e derrama

Águas salutares de tuas fontes vivas; também

Irriga a minha mente que tem sede, com teu rio divino,

Para que eu possa relembrar os milagres de tua mão,

Que, por amor do povo do Brasil somente, executou

Feitos máximos, quando as brilhantes luzes que se elevam

Do puro Olimpo celeste refulgiram, dispersas as trevas do Tártaro infernal.


Conclusão


A Cultura Brasileira do século XVI é um fenômeno complexo, e qualquer perspectiva de análise nos guia a descrevê-la dentro de um panorama intercultural. A partir do primeiro livro escrito no Brasil, o De Gestis Mendi de Saa, escrito por José de Anchieta, ao estabelecermos o texto e traduzir a invocação inicial, evidenciamos algumas influências da cultura clássica e da cultura cristã na origem da civilização brasileira.


Podemos pensar nestas influências culturais como um almágama, em permanente diálogo e conflito, neste período inicial do Brasil, em que o multiculturalismo mostrava a indecisão, até mesmo linguística, de uma resultante do processo civilizatório do Brasil. Não custa lembrar que José de Anchieta escreveu a sua obra em espanhol, português, latim e tupi.


José de Anchieta viveu mais de quarenta anos entre os índios do Brasil. Depois que saiu de Portugal em 1553 nunca mais retornou à Europa até seu falecimento em 1597 no Espírito Santo. Foi um dos primeiros brasileiros, como os mamelucos da terra, a mostrar que a origem desta nova civilização, deste Nouus Mundus, surgiria a partir de uma ruptura com seu passado, em que seriam mantidos apenas os valores anteriores universais e mais profundos. Desta forma caracterizar por eurocentrismo este período histórico é roubar-lhe uma de suas grandes nuances, que foi a grande movimentação humana intercultural do século XVI, cujas origens múltiplas, renovaram a Cultura Clássica e Cristã, que chegam ao Brasil. A este amálgama cultural, somar-se-ia a cultura autóctone ameríndia.





BIBLIOGRAFIA



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VIOTTI, S.I., Pe. Hélio Abranches. Anchieta - o Apóstolo do Brasil. São Paulo: Loyola, 1980.





I. Cf. MOUSNIER, 1973, p. 75-8. Os Exercitia Spiritualia refletem a poderosa prática da meditação transcedental e o sentimento cristão da época do Renascimento, enquanto a Ratio Studiorum, posteriormente, revelará o apreço à cultura clássica como veículo de cultura para os jesuítas, sendo um projeto educacional baseado sobretudo no ensino das Humaniores Litterae.

II. Cf. AYMARD, André et AUBOYER, Jeannine, 1974, p. 186 e seguintes. É consenso entre os especialistas que a civilização grega clássica se desenvolveu após a vitória dos helenos, comandados pela cidade de Atenas, sobre o Império Persa no quinto século antes de Cristo. Entretanto, a Jônia, região de origem dos poemas homéricos, foi extremamente influenciada pela Pérsia durante séculos. Após Roma conquistar a Grécia em 197 a. C., quando derrotou o exército macedônico, a cultura clássica grega passou a influenciar a cultura latina a ponto de ela helenizar-se, e deste sincretismo gestado por cerca de dois séculos surgiu a cultura clássica latina, que marcaria profundamente em seguida o Império Romano. Esta cultura clássica, gerada sobretudo durante o Império Romano, com seu apreço pelo estudo dos autores gregos e da língua grega, conjuntamente com a criação de um latim literário, formará a base do que no Renascimento chamou-se de Humaniores Litterae, e atualmente, a grosso modo, chamamos de Letras Clássicas.

III. Conforme a mais conhecida passagem na literatura clássica latina sobre este tema,  um dos Epodoi de Horácio, temos: Graecia capta ferum uictorem cepit et artes intulit agresti Latio (Hor. Ep. 2, 1, 156-157), cuja tradução é: A Grécia conquistada conquistou o seu feroz captor e introduziu as artes no selvagem Lácio.

IV. SILVA NETO, 1992, p. 339.

V. CARDOSO, 1970, p. 16, sobre a época de composição do De Gestis Mendi de Saa por Anchieta: “Que Anchieta tivesse tido outras ocupações e preocupações extraordinárias basta lembrar a difícil e angustiosa empresa de Iperuí com suas consequências, uma delas literárias, a composição de outro mais extenso poema, o De Beata Virgine, ocupação forçosa de vários meses, forçosa porque ditada por voto quando refém entre os Tamoios entre muitos pergios de corpo e de alma. Isso logo em 1563-4. em 1565 participa da Expedição ao Rio de Janeiro, em que Estácio de Sá recomeçará com graves dificuldades a guerra aos Franceses e aos Tamoios e lançará os fundamentos da nova cidade. Anchieta, após um mês, daí parte para a Bahia, onde em 1566, depois de um curso intensivo de Teologia, é ordenado Sacerdote. Em 1567 assiste à segunda expulsão dos Franceses do Rio, derrota dos Tamoios e sólida fundação da cidade no morro do Castelo. Daí vai como Superior para a capitania de São Vicente, para após dez anos de intenso ministério ser nomeado Provincial, e depois disto continuará como Superior quase até ao fim de sua vida no Espírito Santo”.

VI. Cf. TANNUS, 2007, p.20.


Ferreira Kaltner, Leonardo. "Cultura clássica, cristã e oriental na obra do venerável Padre José de Anchieta, S.J." Revista Brasil-Europa 125/20 (2010:3). www.revista.brasil-europa.eu/125/Jose_de_Anchieta.html

 

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