Do Brasil à Bolívia nos anos 30. Revista BRASIL-EUROPA. ACADEMIA BRASIL-EUROPA. Bispo, A.A. (Ed.) e Conselho Especializado. Organização de estudos culturais em relações internacionais

 
 
A longa viagem que o ciclista alemão Siegfried Schütze realizou, de 1929 a 1934, pela América do Sul, pode ser considerada sob vários aspectos como de significativo interesse para os estudos culturais. Esse significado não se depreende imediatamente dos textos publicados, em 1935, na revista Durch alle Welt,  um períodico de viagens de larga difusão na Alemanha da época.

Excetuando-se a quantidade e qualidade das fotografias que inclui, tiradas pelo próprio viajante, os artigos, aparentemente, não demonstram possuir maior interesse do que aquele que cabe a um registro de impressões de viagem fortuitas de um jornalista não-profissional, versadas em linguagem facilmente acessível. Somente uma leitura mais cuidadosa do seu todo é que revela o interesse que essa reportagem adquire no contexto político-cultural de sua época.

Como salientando no exame dos relatos de trechos anteriores de sua viagem pelo Uruguai, pela Argentina, pelo Paraguai e pelo Brasil,as observações e os comentários do atleta viajante transmitem apreciações a partir de uma visão da vida própria de movimentos caracteristicamente alemães da assim chamada "Lebensreform" e de outras tendências de cunho naturalístico que foram instrumentalizadas para o ideário do regime nacionalsocialista. (Veja outros textos da série, nesta edição)

Desta forma, a reportagem de Siegfried Schütze adquire um sentido propagandístico subreptício e cujo exame mais pormenorizado é de significado para os estudos culturais que relacionam a Alemanha da época com os países latino-americanos.

Subindo às alturas pela força de vontade

O relato referente à Bolívia no texto de Siegfried Schütze também se apresenta, à primeira vista, como inócuo no sentido de transmissão de concepções político-culturais (S. Schütze, "Auf dem Stahlroß durch Südamerika 6. Bolivien", Durch alle Welt 23, 1935, 13-16).

Refletindo sempre o bom humor do atleta - o Frohsinn particularmente cultivado em meios alemães -, e visto como necessário pelo jornalismo cultural de tendências políticas da época, o texto inicia-se com impressões da viagem feita do Chile à Bolívia.

Somente no decorrer da narrativa é que o leitor percebe que o caminho que levou o ciclista às alturas bolivianas corresponde também a uma espécie de subida no sentido metafórico, acompanhado de agruras, apenas podendo ser vencido pela força de vontade. Essa subida às alturas é acompanhada - também no sentido metafórico - por uma crescente rarificação do ar, queimaduras de sol e frio à noite, e somente uma inteligente disposição da carga a ser levada é que permite que a tarefa seja realizada.

"Que coisa tão espinhenta se coloca aqui sobre as costas dos animais? perguntei-me quando de manhã cedinho, já sem ar, empurrei o meu corcel de aço na estação do passo Ascotan, a 4100 metros de altura. As lamas, que via pela primeira vez, pareciam grandes cabras com metade de camelo. Eram amarradas juntas com cordas e cada recebia a carga para a viagem do dia. A sua carga consistia, como os seus guias me informaram, em limo das montanhas, sêco e endurecido, e que representa um valioso material combustível no planalto sem árvores e arbustos.

Cada lama recebia 40 quilos de carga, distribuidos de cada lado. Se colocavam pêso demais, o animal se deita simplesmente ou não se levanta. Com carga razoável, porém, anda mesmo em sol candente diariamente 40 a 50 quilômetros através de desertos de sal e montanhas. Muitas vezes, esses leais animais o fazem dias por seguidos, sem alimentos ou água. Também eu iria logo experimentar, porque os tocadores de lama cobrem o rosto e as orelhas com capuzes que parecem ser feitos de cobertores de algodão, de modo que deles apenas aparecem boca e nariz.

Já bem cedo, ao me lavar, percebi como o ar era cortante aqui. Saía a pele do meu rosto em poucos dias sob esse queimante sol de planalto.

Um estreito caminho entre pedras subia em zig-zag. As rochas demonstram origem vulcânica, enxerga-se nelas colunas e figuras de basalto como se tivessem sido esculpidas por mão dos incas. De perto, essas massas de lava endurecidas mostram, porém, que os vulcões das cordilheiras devem ter estado frequentemente ativos. Após essa travessia das montanhas, a direção da viagem era indicada por vestígios de carros perdidos nos desertos de sal que se prolongavam muitas vezes por milhas. O estrangeiro sofre de forma indizível sob esse calor de brasas e não pode aguentar também a clara luz do sol sem proteção dos olhos. É refrescante e bonita a hora do cair do sol; depois, porém, sente-se bastante frio.

A fronteira chileno-boliviana estava alcançada. Três casas e um edifício de estação eram toda a localidade de Chiguana. Os funcionários de fronteira examinaram de forma amigável o meu passaporte. Ofereceram-se gentilmente local de pernoite. Naturalmente, de novo, 'trabalho de terra'; um cobertor no chão, outro para cobrir-se e, sob a cabeça, um capote enrolado. Mas comida e bebida me ofereceram em abundância." (op.cit.)


O saudável da terra alta, a saúde física e a tenacidade

A narração de S. Schütze conduz o leitor - também sentido figurado - das agruras da subida à atmosfera de ar rarefeito, mas saudável. A terra, sêca, árida, é impregnada do aroma de ervas de qualidades curativas. Pré-condição para aqui viver é dispor de boas condições físicas, e isso apenas pode ser alcançado através de ginástica respiratória.

S. Schütze chega assim, de forma contextualizada na situação de suas experiências bolivianas, a um ponto de alta importância nos conceitos da medicina natural da Alemanha de sua época: o dos exercícios respiratórios sistematizados, vistos também como necessários para o aumento da energia e da força de vontade. Importante é que o homem-atleta mantenha a cabeça fria nas alturas; o sangue não pode subir ao cérebro, e o fato de que a própria natureza leva o viajante a sangrar pelo nariz e pela boca surger como uma prova natural dessa convicção. Para chegar próximo ao céu de estrêlas, que nas alturas brilham de forma especial, o homem deve aguentar as maiores agruras, e o moto de vida apenas pode ser o de ir para a frente contra todas as adversidades, o de persistir em tenacidade.

""Ununi, a 3600 metros de altitude, foi a primeira cidade boliviana que visitei, ela é construída sobre o fundo de um antigo lago de sal. O clima é desagradavelmente quente no verão, e no inverno o termômetro acusa frequentemente até 28 graus Celsius abaixo de zero. Apesar disso, o ar fino de planalto é extraordinariamente salutar para os doentes de pulmão.

A partir de Ununi, em direção ao leste, a paisagem se modifica; em lugar de planaltos de sal, o caminho segue agora de novo pelas montanhas, completamente cheias de cactos em forma de colunas de 3 a 4 metros de altura, com cabeças de espinhos, algodão natural branco, e flores vermelhas de folhas longas. Quase que não se pode acreditar que numa altitude de 4500 metros, quase tão alto como a mais alta montanha européia, ainda haja essa vegetação, até mesmo ervas medicinais de picante aroma.

Os espinhos de cactos representam um contínuo perigo para a minha bicicleta. As muitas viagens por montanhas e vales que agora se seguem no caminho de Potosi, a mais alta cidade das Américas, foram para mim amargas. O caminho pedregoso e o contínuo vestir e desvestir para a travessia de rios, - pontes são muito raras -, além do mais as dores das quedas, fizeram-me muito difícil o caminho. Frequentemente precisei desentortar o eixo do pedal e o guidão da minha bicicleta com um forte golpe de pé.

Atravessar as alturas de ar rarefeito foi uma grande proeza. A 4000 metros de altitude, frequentemente não podia respirar. Ajudava-me nesses casos somente com ginástica respiratória. A doença montanhesa, chamada ali de Puna, apenas pude evitar através do profundo respirar de sete segundos. É um fato particular que o sangue corra do nariz e da boca dos viajantes nos vagões de trem já numa altura de 3000 metros. Aqui, a natureza evita a fatal subida de sangue ao cérebro.

Toda uma tarde - a língua me colava seca na boca - empurrei com dificuldade a minha bicicleta pela montanha acima. Como agora a noite caía com o seu costumeiro frio, precisava alcançar ainda a povoação mais próxima. As estrêlas brilhavam muito mais próximas de mim nesse mundo de altas montanhas. Mas desta vez a noite me dava pouca alegria.

Quebras na bicicleta eram da ordem do dia. Muitas vezes caí de fraqueza, nem um índio passava pelo caminho, a quem pudesse perguntar a distância até o próximo povoado. Mas a ordem era: persistir!" (op.cit.)


Bandidos nas alturas e culpa da ganância

Versado em narrativa coloquial das suas peripécias no mundo montanhoso da Bolívia, S. Schütze transmite imagens que corresponde a uma linguagem simbólica conhecida das mais antigas tradições e a edifícios de concepções por assim dizer arquetípicos. Saído da região baixa, das águas do Oceano, marcadas pelo árduo trabalho que garante a sobrevivência, subindo às alturas do deserto, de ar rarefeito mas salutar, o perigo que aqui se encontra é aquele representado por bandidos, que ameaçam impedir que o peregrino alcance a sua meta. Esses bandidos, porém, são um produto da ganância e da ambição pela riqueza daqueles que chegaram de fora no passado e assumiram o poder da terra. Esses seriam os verdadeiros culpados da degeneração dos nativos.

"Finalmente, ao redor das dez horas, alcancei, morto de cansaço, a localidade de Agua-Castilla, situada a 4000 metros de altura. Numa das casas ainda havia luz. Pedi cortezmente para li pernoitar, mas, sem que se abrisse a porta, aconselharam-me ir até a estação nos altos. Encontrei-a depois de muito procurar no escuro, mas todas as janelas estavam fechadas com fortes tábuas; apesar de bater fortemente, ninguém me abriu. Era impossível de ficar fora naquele frio. Na escuridão, caí de uma elevação, gritando de dor. Aí vi luzes e figuras na casa em que havia pedido pernoite. Arrastei-me de novo para cima e implorei abrigo. Mas o que aconteceu? Um dos meio-índios tirou um revólver da cinta e ameaçou atirar em mim caso não me distanciasse imediatamente. Era sério e, assim, saí dali apressadamente com a minha bicicleta, pela noite e pelo frio.

É raro que um índio negue a um branco um copo de água; a culpa é dos conquistadores espanhóis, que deixaram-se decair na Idade Média devido a suas ambições de poder. A sua ambição de ouro e a sua crueldade destruiu com fogo e faca o império inca, então florescente. Através dos séculos permanece o rancor contra os antigos opressores e conquistadores, e por isso muitos índios odeiam os europeus.

Por sorte alcancei uma mina de zinco, das quais há na Bolívia muitas situadas em locais bastante ermos. O empreendimento estava aqui abandonado. As grandes casas estavam iluminadas, mas não se via nenhum trabalhador. Numa pequena cabana, porém, de cuja chaminé saía uma nuvenzinha de fumaça, achei abrigo. Os guardas ali dentro receberam-me humanamente, cozinharam ainda de noite batatas para mim e ferveram um chá mate. Depois, prepararam-me um pouso com cobertas no chão e esquentaram o fogo com limo sêco do planalto.

Na manhã seguinte, os membros do meu corpo estavam ainda quebrados dos esforços do dia anterior, veio um colega para substituí-los e convidou-me para um café." (op.cit.)

Cerro Rico e a Casa da Moeda de Potosi

Dando continuidade à narrativa de sua viagem - e à lógica interna na transmissão de imagens significativas para uma determinada visão do mundo e do homem - o atleta descreve a cidade mais alta do mundo e a riqueza de suas minas. Menciona a surprêsa de encontrar nessas alturas uma cidade que testemunhava a extraordinária riqueza daqui extraída pelos dominadores vindos de fora do passado e que submeteram os nativos a um regime quase escravo de trabalho. Daqui, da casa da moeda de Potosi, a rêde do dinheiro ampliou-se por toda a América colonial. Tudo havia em Potosi em magnificência, tudo, menos água. Até mesmo a cerveja daqui - bebida tão apreciada pelos alemães - era produzida pela mastigação de milho e outros frutos por velhas que, com a sua saliva, possibilitavam a fermentação.

"Potosi, 4100 metros sobre o nível do mar, a mais alta cidade do mundo, estava alcançada. A partir daqui os espanhóis já levaram há muitos séculos a prata em carros de boi em viagens de semanas ao porto de Antofogasta. Ainda hoje, firmas alemãs, mas também outras empresas, tiram prata fina e metal de zinco de Potosi. - O Cerro Rico, a montanha de prata, eleva-se como um gigante, em triângulo no horizonte. Aqui, a cidade se esprai com as suas muitas igrejas, os seus conventos e as suas casas senhoriais com portais barrocos ricamente ornamentados e que lembram o período áureo da velha Espanha. Os grandes monumentos culturais, como a catedral, o palácio da moeda e os antigos edifícios de govêrno foram construídos com enormes dificuldades. O material de construção precisou ser trazido em viagens de semanas da província argentina de Tucuman.

No palácio da moeda de Potosi há a primeira máquina de pressionar prata do continente. Todo o sistema de rodas dessa máquina é feita de madeira dura da Argentina. Do palácio da moeda, as pesadas moedas de prata emigravam na época colonial espanhola a todos os estados vassalos sul-americanos. As figuras cunhadas nas moedas de prata, do tamanho de moedas de 5 marcos e ainda maiores, mostravam de um lado as efígies dos conquistadores de então, do outro lado as armas da rainha Isabella da Espanha. O trabalho fino do cisel dos gravadores medievais é testemunhado também nas peças de ouro cunhadas com uma cabeça de índio emoldurada por folhas de parreira, o emblema do palácio da moeda.

Ao entrar-se em Potosi, o visitante se surpreende ao encontrar uma tal magnífica capital provincial num mundo montanhoso árido, onde não cresce nem árvore nem arbusto, apenas cactos espinhentos. O estrangeiro aguenta com dificuldades o ar rarefeito, mas os habitantes parecem tolerá-lo bem, pois possuem uma aparência bem saudável.

Na praça do mercado, mulheres bolivianas bem alimentadas, com altos chapéus de Panamá na cabeça, vendem frutas, espigas de milho, outros frutos tropicais e gorduroso queijo de cabra. O milho doce é a alimentação do povo. Também a bebida nacional, a Maischitscha, é dele feita. A produção dessa bebida realiza-se de forma pouco apetitosa segundo os nossos critérios. Horas e horas as velhas bolivianas mastigam uma porção de milho. Essa massa bem misturada com saliva é utilizada para a fermentação da Maischitcha, que parece com cerveja.

A água é muito cara em Potosi; faz-se dela um verdadeiro negócio. Carregadores indígenas vão buscar com barrigudos vasos de pedra o precioso líquido nas fontes, no fundo de vales situados a muitas centenas de metros." (op.cit.)

À cidade da eterna primavera

Na sua épica quase que de narrativa bíblica, Siegfried Schütze dirige a seguir a atenção do leitor à cidade da "eterna primavera". O percurso atravessa vales férteis e frutíferos, e os próprios habitantes são eternos caminhantes, peregrinos que trabalham e fazem música enquanto andam. Para atingir o celeiro da Bolívia, tal como terra de promissão, outras marchas de angustiosas fadigas foram necessárias. Atingida essa meta, Cochabamba, como principal atração surge o palácio de um magnata, subido pelas suas próprias forças de uma situação de pobreza a essas altitudes da magnificência.

"O meu próximo objetivo era a cidade da eterna primavera: Sucre, a 2800 metros de altura.

Aqui, sopram no verão ventos frescos e, no inverno, as cordilheiras protegem. Nesse clima temperado, todas as nossas espécies de frutas vão bem, enquanto que frutos tropicais são trazidos dos vales próximos por índios no lombo de burros. Esses índios têm uma aparência particularmente estranha com os seus bonés de couro. Andam a pé muitas milhas e, enquanto isso, se ocupam. Ou jogam para o ar o novêlo e tecem os fios, ou tocam uma flauta ou um pequeno bandolim feito por êles próprios, que talvez os lembrem dos tempos de seus antepassados incas.

A minha viagem descia agora aos vales férteis e tropicais. Quando a rua acabou e o calor de estufa começou, constatei aterrorizado que tinha que vencer uma distância de 90 quilômetros de vale do Rio Chico. Não podia pensar muito, tomei 20 quilos de bagagem sobre as costas, a pesada bicicleta e, assim, tive que atravessar durante três dias as 180 voltas do caudaloso rio.

Depois de quatro dias de viagem muito fatigante cheguei à cidade de Cochabamba. A província de mesmo nome, cheia de campos de milhos, é vista, com razão, como o celeiro da Bolívia. Uma atração especial da cidade é o parque do palácio do rico proprietário boliviano de minas, Simon Patino. À frente de seu palácio ainda se encontra como memorial a pedra que êle e a sua mulher, pobres trabalhadores, usaram para moer as pedras de minério. Um edifício construído segundo modêlos europeus, com moinho, estábulos e casas de empregados, delimita-se ao parque. Ao lado encontra-se a igreja com o mausoléu branco de mármore, que o multimilionário construiu êle mesmo. O mármore, autêntico, mandou trazê-lo da Itália.

Andei de novo, empurrando a minha bicicleta, de Cochabamba a Oruro (3800 metros), e subindo montanha, e cheguei às minas de minério de zinco e prata de Simon Patino. Seguiu-se finalmente La Paz, a capital do país, a 3600 metros de altitude, situada na base de um vale, quase que parecida com uma localidade montanhosa da Suíça." (op.cit.)


Templo do Sol em Tiahuanaco

O ponto culminante do relato do atleta alemão é alcançado com o culto ao sol, que via na cultura dos antigos incas. O trajeto de sua viagem, que levara ao palácio de Simon Patino, exemplo do subir pelas próprias forças do homem ao cimo do poder, tinha aqui uma continuidade na transcedência de uma veneração ao astro que diariamente sobe ao cume do dia, ou que, no decorrer do ano, marca com sua luz a subida das trevas do inverno ao calor iluminado do verão. A imagem de um remoto culto ao sol, que encerra o seu relato, não deixa de mostrar conotações com a simbologia nacionalsocialista, marcada pela suástica, o que pode explicar a atualidade da publicação de suas impressões na época. Essa dramaturgia interna da sua reportagem, correspondendo misteriosamente com o roteiro de sua viagem, repetir-se-ia mais uma vez no trecho correspondente ao Peru (Veja artigo nesta edição).

"Bem equipado com muitos filmes, saí da capital, para dirigir-me a um dos locais mais antigos da Bolívia, à localidade Tiahuanaco, com as ruínas pré-históricas do templo do sol. Alí estava, o monolotio, o ídolo, exatamente como se pode ver em sêlos do país. Ao aproximar-me, tomei conta de como é gigantesca essa obra de arte de pedra do império inca. Toda a área do templo podia ser bem medida pelos grandes quadrados e as altas colunas que resistiram aos conquistadores espanhóis e ao poder do tempo. A obra mais interessante que restou da antiga cultura de Tiahuanaco é a porta do sol, um arco de triunfo com figuras de pedra piramidais escantilhadas e que lembram trabalhos egípcios.

No fim da minha viagem, gozei ainda das impressões empolgantes às costas do grandioso lago Titicaca. Para além de suas vagas azul-profundo, a minha visão alcançava a distância das cordilheiras cobertas de neve, para trás das quais se encontra o mundo intransponível das florestas tropicais. Balsas construidas artisticamente de taboas flutuam até bem longe para a pesca, e a mim o vapor "Inka" me levou por esse mar de água doce situado a 3600 metros acima do Pacífico ao Peru. Uma viagem de vapor como essa, nessas alturas, é algo especial, sobretudo quando um vento forte agita as águas e as ondas encrespadas são coroadas de espumas!" (...)

(...)

(Grupo redatorial sob a direção de A.A.Bispo)


  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


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  3. Não deve ser confundida com outras instituições, publicações, iniciativas de fundações, academias de letras ou outras páginas da Internet que passaram a empregar designações similares.



 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 124/24 (2010:2)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
órgão da
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ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2583




"Sempre em frente!"
Cultura Física e o
Triunfo da Vontade:
Turismo esportivo-cultural na difusão de visões do mundo

Siegfried Schütze: De "corcel de aço" (bicicleta) pela América do Sul - 75 anos

V. Bolivia



Ciclo "Berlim à luz" - Ano da Ciência 2010. Reflexões após 75 anos da oficialização de centros de estudos portugueses e brasileiros na Alemanha. Retomada de trabalhos de seminário sobre Estudos Culturais e Política realizado na Universidade de Colonia (2008)
no âmbito do programa da Academia Brasil-Europa dedicado aos estudos culturais transatlânticos e interamericanos

sob a direção de A.A.Bispo

 

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