Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 122/16 (2009:6)
Editor: Prof. Dr. A.A.Bispo, Universidade de Colonia
Direção administrativa: Dr. H. Hülskath

Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Academia Brasil-Europa
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2009 by ISMPS e.V. Edição reconfigurada © 2014 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2513


 


Memória e imagens de cidades de residência imperial
na perspectiva dos estudos culturais Alemanha-Brasil/Brasil-Alemanha
Paralelos entre Petrópolis e Potsdam

Reflexões em Potsdam, 2009, a partir de releituras das recordações de vida da filha de Guilherme II, Duquesa Viktoria Luise (1892-1980)
Viktoria Luise. Arquivo A.B.E.

 



Potsdam. Foto A.A.Bispo 2009. Copyright

Este texto apresenta uma súmula de estudos motivados pelos 150 anos de Guilherme II (1859-1941). Sem objetivos políticos ou de engrandecimento da personalidade do último imperador da Alemanha, os trabalhos justificaram-se pela importância da época guilhermina para o Brasil, sobretudo sob o aspecto das regiões coloniais. Nesse sentido, inscreveram-se no programa da Academia Brasil-Europa dedicado a estudos do mundo de língua alemã e mundo de língua portuguesa.

A orientação teórico-cultural insere-se na tradição da sociedade dedicada à renovação dos estudos culturais (Nova Difusão 1968), a atual Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais - Academia Brasil-Europa.






Potsdam. Foto A.A.Bispo 2009. Copyright

Neues Palais, Potsdam
Trabalhos da Academia Brasil-Europa
Fotos A.A. Bispo 2007

 
Um dos muitos significados da memória nos estudos culturais é aquele que diz respeito à imagem e à identidade de cidades e regiões. A arquitetura, as obras de arte, a organização urbana e inúmeras referências da vida do quotidiano evocam em muitos casos constantemente uma época passada, intensificando e atualizando as recordações daqueles que a vivenciaram, constituindo um referencial para aqueles que nela não viveram e condicionando sob diferentes aspectos a vida dos habitantes.

Em determinadas situações, a memória do passado constitui um patrimônio, cujo valor se manifesta da forma mais evidente no uso que dele é feito pelos órgãos político-administrativos para fins culturais e turísticos. Cidades que vivem de um passado de especial brilho transformam-se assim em centros culturais, abrigando museus e outras instituições, sedes de festivais e congressos.

Nem todas as cidades e regiões que conservaram monumentos do passado possuem a mesma intensidade na irradiação, atração e fixação de emoções, de criação de um "estado estético", ou seja, de uma compleição global que permita uma nova qualidade na percepção e na orientação interior de seus moradores e visitantes.

Memória e "aura" de cidades na apreciação histórico-política

Tudo indica que essa diferença qualitativa, por assim dizer de aura de imagens, da cidade como uma obra de arte viva, diz respeito à existência ou não de uma memória, distinguindo as situações onde ainda existam uma corrente de recordações, de visões marcadas por um proceder retrospectivo daquelas onde o passado foi recriado por vezes artificialmente a partir de procedimentos reconstrutivos mais própriamente históricos.

Sobretudo as cidades que foram residências de famílias reinantes em passado não demasiadamente remoto manifestam essa qualidade de aura na sua imagem, uma vez que os monumentos não apenas adquirem significado pelas suas associações com fatos históricos a serem aprendidos da literatura, mas pelas recordações daqueles que o vivenciaram.

O Brasil conhece essa situação sobretudo de Petrópolis, uma cidade que permite que se sinta a presença do passado no seu patrimônio arquitetônico e cultural e, ao mesmo tempo, a manutenção de um elo de continuidade como garantia de vida através daqueles que se situam numa corrente de transmissão memorial. Na Alemanha, essa situação pode ser reconhecida em várias cidades que foram antigas residências reais e principescas no passado, em particular, por muitas décadas, em Potsdam.

Memória e patrimônio cultural de cidades-residência

Um testemunho da situação especial de Potsdam como cidade que viveu durante muito tempo à luz de um passado politicamente encerrado pode ser visto em depoimento de um de seus filhos, Hans-Georg von Studnitz (*1907), mais tarde correspondente em vários países, chefe-redator de importantes jornais e chefe da imprensa da Deutsche Lufthansa.

É compreensível que o autor, que passou a infância em Potsdam, tivesse a sua imagem da cidade marcada não por fatos e acontecimentos históricos determinados, mas por impressões gerais, por ruídos de carruagens nas ruas, pelas cores de uniformes, pelo colorido de paradas, por uma sensação geral marcada pela presença da Côrte.

Dessa imagem de infância, compreende-se também que a sua visão do período guilhermino no seu todo, extrapolando a situação especial de Potsdam, se tornasse particularmente positiva. Assim, iniciando o seu texto, afirma que aquele que não conheceu a Alemanha da época não pode saber quão belo é o seu país. Muitas vezes se perguntaria como é que chegou a essa conclusão, uma vez que apenas vivenciara o período guilhermino nos seus anos de infância.

A força das impressões da época, porém, foi tal que marcou indelevelmente as suas concepções. Essa concepção poderia ser analisada sob a perspectiva da permanência, na memória, da sensação globalizante de um "estado estético", o que estaria relacionada com a vivenciar de uma liberdade interior. Assim, pode-se interpretar a sua afirmação de que a Alemanha, na época, teria sido uma nação que não falava de liberdade, pois seria livre, uma situação diversa daquela que seria marcada pela humilhação.

Pode-se compreender, sob esse pano de fundo, que a imagem da época determinou fundamentalmente a visão histórica da época guilhermina e a avaliação política dos acontecimentos daquele que se recorda. A queda do sistema de govêrno e a abdicação teria significado a perda de confiança, da fé na limpeza da moral política e da capacidade de lealdade dos alemães. Em comparação com o que se seguiu, a época guilhermina ficou gravada na sua memória como um periodo dourado. Seria uma sociedade de classes, é verdade, cujo mecanismo era regulado através de títulos e ordens, mas seria uma sociedade onde não haveria corrupção.

O exterior, a atitude e os modos de Guilherme II, que hoje surgem como expressões por demais marcantes de autoridade, agradava ao povo, pois correspondiam a seus próprios modos de ser e representavam um singular contraste com uma orientação interior, muito mais liberal. Na sua época, operários e empresários se aproximaram, iniciou-se uma legislação social, a classe feudal fundiu-se com a burguesia, nobres uniram-se com filhas de comerciantes. Teria sido a época de nascimento de um estado moderno, de uma economia em expansão, à qual o "imperador da paz" mais correspondia do que qualquer outro governante da época.

No mundo em que presenciou, não havia antisemitismo de forma acentuada. Guilherme II teve conselheiros judeus, entre êles Albert Ballin (1857-1918), Carl Fürstenberg (1850-1933) e Walther Rathenau (1867-1922). Nele não apenas continuava a tradição de tolerância de Friedrich o Grande (1712-1786) com relação à religião, mas sem também a mentalidade da rainha Vitória da Inglaterra (1819-1901).

O autor salienta que, depois da Revolução, o idílio de Potsdam se manteve por tempo considerável. Não apenas ali continuaram a residir membros da família, como também havia uma singular distância e até mesmo indiferença com relação ao novo desenvolvimento em Berlim. Continuava-se a aguardar o restabelecimento da antiga situação ou a viver na sua esperança. A cidade continuava a usufruir da memória dos tempos passados, continuando os seus comerciantes a usar de títulos de provedores da Corte. A memória do império manteve-se em Potsdam como um patrimônio.

Pode-se compreender, assim, que o autor, vivendo nesse universo, continuasse a manter seus elos de lealdade para com o exilado ex-imperador. Em 1936 e em 1940, Guilherme II chamou-o para obter informações sobre ocorrências políticas internacionais. A sua impressão dessas visitas confirmou a antiga: Guilherme II era, na sua opinião, um homem de vasta formação, linguista, orador, amante de pointen, cheio de temperamento, não sendo de forma alguma um "Sereníssimo". Entretanto, tinha a tendência de julgar precipitadamente e de não se aprofundar em problemas, aborrecendo-se logo. Também tinha pouco tato, o que parecia ser uma herança da rainha Victoria, provinda da Casa Hannover." (Morgen kommt die Kaiserin, Erinnerungen an vergangene Zeiten, ed. Rudolf Pörtner, Düsseldorf, Wien, New York: Econ, 1987, 261-269).

Memória e crítica de cidades-residência

Não se deve esquecer, porém, que a imagem guardada de uma infância passada em cidade-residência depende também do círculo social ao qual pertenceu aquele que se recorda ou de sua orientação política posterior.

Uma visão totalmente distinta da anterior e uma avaliação completamente diversa da época guilhermina podem ser constatadas nas recordações de Margarete Buber-Neumann (*1901), também nascida em Potsdam. Essa escritora, que seria posteriormente membro do Partido Comunista e até mesmo emigraria para a União Soviética, lembra-se sobretudo da mobilização por ocasião da Primeira Guerra Mundial. Os fatores emocionais que marcaram a imagem de Potsdam na sua memória não foram ruídos de cavaleiros e carruagens nas ruas, mas sim do toque de sinos anunciando a deflagração da guerra, o choro de mulheres e crianças.

Na sua visão interior, não se lembrava tanto do porte altivo mas elegante do imperador, de nobres e até mesmo de serviçais, mas sim daqueles homens que seriam soldados, que, de repente, adquiriam uma estranha dignidade, passavam a irradiar uma segurança e auto-confiança incomuns, como se a forma de porte que haviam apreendido anteriormente agora servisse para silenciar a consciência e os receios quanto à gravidade da situação.

Assim, da sua infância em Potsdam, a sua memória gravou sobretudo impressões militares, de cadetes e soldados. Até mesmo o seu pai, embora de proveniência rural, exigia de seus operários porte ereto e altivo. Reconhece, porém, que essa rigidez se coadnuva com um grande sentido de responsabilidade. Mesmo após a renúncia do imperador, os militares de Potsdam continuaram com as suas tradições e modos de expressão. Sob essas condições, como é que poderiam acostumar-se com uma democracia que, aliás nunca teria sido efetivada? (Eine Potsdamer Kindheit, op.cit. 165-173)

Recordações da Duquesa Viktoria Luise (1892-1980)

Dentre as obras com lembranças de vida de personalidades que chegaram a vivenciar os anos anteriores a 1914 e o conturbado desenvolvimento posterior salienta-se aquela da própria filha do imperador Guilherme II e da imperatriz Auguste Viktoria, Viktoria Luise, Princesa da Prússia, desde 1910 Duquesa de Braunschweig-Lüneburg. Publicada em 1965, tendo conhecido várias edições, merece ser relida por ocasião da passagem dos 150 anos de nascimento de seu pai. (Herzogin Viktoria Luise, Ein Leben als Tochter des Kaisers, 12. ed., Göttingen-Hannover: Göttinger Verlagsanstalt, 1973)

Nas suas palavras introdutórias a autora salienta o objetivo pelo qual escreveu as suas recordações. Decorridas várias gerações desde os dias do Império alemão, os retratos que dele se possui eram de segunda e terceira mão, e já não haveria (na década de 60) alguém que pudesse oferecer uma imagem de Guilherme II a partir da própria experiência de vida. A autora entendeu, assim, como sendo um dever deixar registrado o que vivenciara. Ao escrever as suas recordações, procurou fixar o que viveu e viu, sem pretensões literárias ou científicas, oferecendo um relato de vida com o objetivo de manter a memória dos mais velhos e dar às gerações mais jovens um retrato das décadas que presenciou.

A capacidade da memória da filha de Guilherme II foi salientada pela sua editôra com referência ao livro de fotografias que acompanhou as suas recordações (Bilder der Kaiserzeit, Göttinger Verlagsanstalt):

"(...) A posição única da autora como a última representante da família imperial, até mesmo de toda uma época, e a plasticidade e exatidão de suas exposições para isso contribuiram como o seu charme. Agora, a Duquesa apresenta como ponto culminante de suas publicações uma documentação de imagens que é única nas suas características. (...) Na introdução de sua obra, a Duquesa Viktoria Luise diz: "Passaram-se mais de 50 anos desde o tempo do Império. Quantas mudanças aconteceram desde então no nosso mundo! É exagêro querer crer, às vezes, que desde então se passaram séculos? Apesar de tudo: Para muitos o tempo imperial resplandece na atualidade intranquila e desunida como um paraíso perdido, como um jardim de paz."

Arquivo A.B.E.

Neues Palais, Potsdam
Trabalhos da Academia Brasil-Europa
Fotos A.A. Bispo 2007

 
A leitura das recordações da Duquesa Viktoria Luise pressupõe naturalmente a consideração o ambiente em que nasceu, da formação que obteve, dos momentos felizes de sua infância e juventude conservados na memória e da experiência do ruir desse universo. O seu texto inclui apenas imagens de infância guardadas na memória, mas também reelaboram dados fornecidos por documentos, ou seja, a memória nele se combina com procedimentos de cunho historiográfico, o retrospectivo com o cronológico.

A autora não vivenciou apenas como criança o período designado pelo nome de seu pai, mas sim também como jovem protagonista de momentos de particular brilho da época. As imagens que guardou dessa época não foram apenas aquelas mais gerais, de atmosferas da primeira infância de fins do século XIX, mas também aquelas em idade que já podia observar de forma mais refletida acontecimentos e desenvolvimentos. Assim, propicia informações a respeito de sua educação, dirigida, entre outros, por Elisabeth von Saldern, a partir de 1904, uma mentora que seria posteriormente abadessa de convento feminino evangélico, recebendo a sua confirmação na Igreja da Paz de Potsdam, em 1909.

Nesse mesmo ano, foi nomeada a segundo chefe de regimento do segundo regimento de husares e, em 1913, celebrou o seu noivado e casamento com o Príncipe Herdeiro de Hannover, o Duque de Cumberland Ernst August (1887-1953). Esse seu casamento constituiu um dos últimos acontecimentos de especial brilho de um sistema europeu marcado pela rêde de famílias reinantes, por assim dizer o último ato festivo de uma época, uma espécie de paralelo ao "Baile da Ilha Fiscal" nos últimos dias da monarquia no Brasil.

O significado dessa união residiu sobretudo no fato de ter encerrado um conflito interno nessa rêde de contatos familiares, aquele entre a Casa dos Welfen de Hannover e aquela dos Hohenzollern. As suas referências relativamente ao período da Guerra são portanto as de uma protagonista que vivenciou de forma consciente esse período, que nele procurou por vezes intervir.

A trajetória de vida da autora foi altamente conturbada, vivenciando a fuga no período da Segunda Guerra, exilando-se em Gmunden, na Áustria, retornando posteriormente a Blankenburg na região do Harz, procurando abrigo no Palácio de Marienburg, próximo a Hannover e, por fim, retirando-se ao bairro de Riddagshausen. Aqui passou a dedicar-se à escrita de suas recordações e experiências, publicando sete livros.

Lembranças da vida infantil no Palácio Novo de Potsdam

Essa obra oferece, no seu capítulo inicial, dedicado aos anos de infância, uma visão da época guilhermina à luz generosa da recordação e que surge de forma ainda mais resplandecente na memória pelo contraste representado pelas décadas de atribulação que se seguiram. Essa imagem brilhante que oferece dos anos anteriores ao conflito bélico corresponde aos retratos quase que nostálgicos que se constata de forma fragmentária na memória das comunidades da imigração no Brasil. Seria, porém, injusto e inadequado ver nessa obra apenas uma reconstrução luminosa, um pintar com belas cores a época que ficou marcada pelo nome de seu pai. Apesar de necessitar ser lida em cotejo com análises e interpretações do passado por parte de historiadores de diferentes posicionamentos, essas recordações oferecem um panorama de grande interesse histórico-cultural do universo vivenciado pela autora, ou seja, o da vida da Côrte alemã, sobretudo daquela passada no Palácio Novo (Neues Palais).

O Neues Palais, residência preferida de Guilherme II, situado a oeste do parque de Sanssouci, foi iniciado em 1763, por Friedrich o Grande, após a Guerra dos Sete Anos para a hospedagem dos convidados da Côrte, um edifício extraordináriamente majestoso para essa função, contendo 200 salas, quatro salões de festa e um teatro em estilo rococó. Terminado em 1769, representou a última obra significativa do Barroco prussiano. Em 1859, o Príncipe Herdeiro Friedrich Wilhelm, o posterior Friedrich III (1831-1888). No período do Império Alemão, iniciado em 1871, passou a servir de residência real. O edifício surge como um símbolo arquitetônico da Prússia vitoriosa.

Que a época guilhermina anterior à Guerra foi uma época de brilho externo e de prosperidade econômica da Alemanha, isso é em geral reconhecido. O que se esquece é que foi uma época marcada por longo período de paz e por uma imagem de Guilherme II como "imperador da paz" que ruiu com a Guerra e que hoje surge até mesmo como estranhamente descabida.

A autora, apesar da retrospectividade do recordar, oferece aqui porém imagens que guardou de um proceder histórico, ou seja, não recriadas anacrônicamente de experiências posteriores. Salienta um outro aspecto dessa época e oferece um outro retrato de seu pai, o da intimidade familiar na década de 90 do século XIX.

Disparidades e contrastes de imagens de Guilherme II e de sua época

As primeiras recordações da autora dizem respeito a momentos de intimidade, ao ruído da pena de sua mãe escrevendo, ao costu
me de apresentar-se aos pais antes ou depois das refeições à época em que nelas ainda não participava, ao seu penteado feito pela governanta inglêsa, aos cafés-da-manhã em comum e ao ar-livre, quando os pais já tinham retornado de cavalgadas matinais. Menciona como Guilherme II a cumprimentava, ainda sobre o cavalo, aproveitando já aqui para salientar que o seu amor pelos animais, em particular pelos cavalos, o recebera de seus pais. Guilherme II possuía então cães russos, logo substituídos por dackel, em geral um par. Quando, após o desjejum, Guilherme II trabalhava sob um grande guarda-sol, os cães se deitavam por detrás de seu assento. Guilherme II sentava-se então à beira da cadeira para não incomodá-los.

O jardim é descrito como sendo um pequeno paraíso, e a autora salienta que os seus pais tinham muito amor pela natureza e sempre procuravam melhorar os jardins com novas idéias. O imperador fora o criador do jardim das rosas do Zoológico de Berlim, dedicado à imperatriz e que levava o seu nome. Ela teria introduzido no jardim do Palácio Novo novas plantas que vira em livros inglêses e suecos. Além do mais, possuía um jardim privado. Nas ausências do imperador, era ali que a família fazia as suas refeições.

Passa a descrever os locais de brinquedo das crianças, com inúmeros pormenores e episódios. À educação dos príncipes era dada particular atenção por parte do casal imperial, que preparava o plano de ensino a ser seguido por personalidades escolhidas segundo as suas qualidades pedagógicas e integridade. A autora aproveita a menção de seu desapontamento com uma governanta inglêsa para mencionar que Guilherme II não dava atenção às aparências, mas ao caráter das pessoas.

(...)


Síntese de trabalhos apresentados por estudantes em seminários. As discussões terão prosseguimento

Antonio Alexandre Bispo

                




  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais - Academia Brasil-Europa (A.B.E.) - e do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (Institut für Studien der Musikkultur des portugiesischen Sprachraumes, I.S.M.P.S. e.V.), visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens: http://www.brasil-europa.eu


  2. A A.B.E. é entidade exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. Não tem, expressamente, finalidades jornalísticas ou literárias. É, na sua orientação teórico-cultural, a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro e originada de iniciativa brasileira. A Organização de Estudos de Processos Culturais remonta a entidade fundada e registrada em 1968 (Nova Difusão). A A.B.E. insere-se em tradição derivada de academia fundada em Salzburg pelos seus mentores, em 1919, sobre a qual procura sempre refletir.