Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 122/36 (2009:6)
Editor: Prof. Dr. A.A.Bispo, Universidade de Colonia
Direção administrativa: Dr. H. Hülskath

Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (ND 1968)
Academia Brasil-Europa
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS 1985)

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2009 by ISMPS e.V. Edição reconfigurada © 2014 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2533


 


Colaborações

O Imaginário do Mal no movimento literário brasileiro do início do século XX:
contribuições teóricas e metodológicas preliminares



Alexandre Fernandes Corrêa*




Resumo: O presente texto é um estudo sobre as representações do mal no modernismo brasileiro, tomando como foco central a obra literária do poeta carioca Dante Milano. A obra desse autor parece expressar de modo sintético e significativo uma das faces mais instigantes e uma das configurações dialéticas mais intrigantes do movimento estético-literário em foco; especialmente quando se analisa mais diretamente as representações sócio-culturais que o ‘mal’ adquiriu no imaginário social e cultural das primeiras décadas do século XX. Trata-se de uma reflexão elaborada a partir da pesquisa realizada para estágio de pós-doutorado, cujo enfoque teórico recaiu sobre o entrelaçamento interdisciplinar dos métodos da Antropologia, dos Estudos Literários e dos Estudos Culturais.


Palavras-Chave: Modernismo – Imaginário Social – Estudos Culturais



THE IMAGINARY OF THE EVIL IN THE MOVEMENT LITERARY BRAZILIAN OF THE BEGINNING OF THE CENTURY XX: Theoretical and methodological  foreword.


Abstract: The present text is a study about the representations of the evil in the Brazilian modernism, taking as central focus the carioca poet's Dante Milano literary work. That author's work seems to express in a synthetic and significant way one of the faces more instigantes and one of the configurations more intriguing dialectics of the aesthetic-literary movement in focus; especially when it is analyzed the partner-cultural representations more directly that the 'badly' he/she acquired in the imaginary social and cultural of the first decades of the century XX. It is a reflection elaborated starting from the research accomplished for powder-doctorate apprenticeship, whose theoretical focus relapsed on the interdisciplinary interlacement of the methods of the Anthropology, of the Literary Studies and of the Cultural Studies.


Key-Words: Modernism Social Imaginary – Cultural Studies






•Introdução


O presente artigo é o mais recente resultado do estudo sobre a obra e a vida do poeta carioca Dante Milano, aprofundando investigação já realizada sobre a Coleção de Magia Negra (Corrêa, 2006), tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1938. O foco desse trabalho de pesquisa direcionou-se basicamente para aspectos obscuros da biografia do poeta, tomando como trilha para essa recuperação de arquivos da memória individual e social, depoimentos e entrevistas com amigos e conhecidos, ainda vivos, e as raras correspondências que o poeta estabeleceu com seus colegas modernistas, nos encontros no Bairro da Lapa, do Leme e da cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

O objetivo principal desse trabalho de investigação socioantropológica foi tentar compreender as representações do mal no imaginário artístico do chamado ‘período modernista’, nas primeiras décadas do século XX. No ano de 2005, o autor desse ensaio, pesquisou a Coleção de Magia Negra, inscrita como primeiro patrimônio etnográfico brasileiro, na lista de tombamentos do IPHAN. Nessa pesquisa descobriu-se que o primeiro diretor do Museu da Polícia Civil, em que se guardava a referida coleção de Magia Negra, foi o poeta Dante Milano; dirigindo a instituição por 22 anos ininterruptos. Essa descoberta revelou veredas interpretativas surpreendentes que não se esgotaram na conclusão do relatório final da pesquisa, nem nas produções subseqüentes; em ensaios e artigos publicados pelo autor, além das participações em Congressos e Reuniões científicas regionais, nacionais e internacionais (Corrêa; 2005; 2006; 2007; 2008; 2009). Como o foco da pesquisa de 2005, versava sobre a Coleção de Magia Negra, a obra e a vida do poeta ficaram sobre um plano subjacente ao trabalho que se tornou o ensaio final: Museu Mefistofélico: o significado cultural da Coleção-Museu de Magia Negra, primeiro patrimônio etnográfico do Brasil (2009).


Continuando o trabalho de escavação sobre as camadas de significado ligadas a esse processo de tombamento, o presente estudo dedica total atenção à personagem central que viveu as vicissitudes existenciais, sociais e culturais do processo de criação da Coleção de Magia Negra, ou seja, o seu tombamento e a criação do Museu da Polícia Civil do antigo Distrito Federal do Rio de Janeiro. Todavia, parece ser oportuno e importante – para avançarmos na compreensão do significado cultural dessa heteróclita coleção museológica – que a atenção do leitor se direcione para a perspectiva concernente ao contexto mais amplo do ‘modernismo carioca’, entendido como um vasto movimento de idéias estéticas e políticas efervescentes atingindo seu auge na década de 1930.


Num determinado momento observar-se-á que designamos a personagem central dessa investigação como um ‘modernista marginal’ por razões que serão explicitadas mais a frente no texto, porém, se pode adiantar agora, trata-se da constatação de que o poeta em foco mantinha uma relação contraditória e paradoxal, ou mesmo idiossincrática, com o grupo dos modernistas considerados ‘consagrados’ pela fortuna crítica contemporânea. Destaca-se aqui o fato do poeta Dante Milano até hoje ser tomado como uma personagem praticamente desconhecida do grande público; ao contrário do ocorrido com os seus colegas de época – todos reconhecidos como artistas, intelectuais e acadêmicos ilustres ou célebres no espaço social literário brasileiro. As particularidades e características dessas relações pessoais e subjetivas constituíram-se no objeto privilegiado desse estudo. No entanto, no presente texto, vamos dar ênfase as bases teóricas alicerçadas para empreender o trabalho investigativo em voga. Para tal apresentar-se-á as linhas mestras que guiaram a investigação, partindo da herança fecunda dos Estudos Culturais, com algumas inserções nos Estudos Literários, na Antropologia da Literatura, na Sociologia Cultural e Clínica.


•Relevância temática


Como já foi adiantado, o tema da pesquisa foi escolhido devido a relevância cada vez mais destacada que a ‘questão do mal’ tem despertado na sociedade brasileira moderna e contemporânea. Após o estudo desenvolvido no primeiro estágio de pós-doutorado realizado na UFRJ (2005), que teve como foco de análise as condições sócio-culturais para a formação da Coleção de Magia Negra e o processo de seu tombamento pelo IPHAN em 1938, consideramos de grande importância avançar nossos conhecimentos sobre as ‘estruturas de sentimento’ (Willians, 1979) que sustentaram a presença do poeta Dante Milano na direção do Museu da Polícia Civil do Rio de Janeiro, de 1945 a 1967. As razões para tal socioanálise, inspirada em alguns princípios introduzidos por Pierre Bourdieu (1996, 2008¹, 2008²), justificando a realização da investigação, se fundamentaram na tentativa de compreensão da lógica sóciocultural subjacente que permitiu as condições de articulação da vida e da obra do poeta ‘modernista’ carioca, com as vicissitudes autoritárias político-repressivas, típicas do período getulista, que deram oportunidade histórica para a formação da Coleção de Magia Negra, isto é, as condições sócio-históricas que justificaram as ações práticas e ideológicas de perseguição e repressão regulares à feitiçaria, bruxaria e magia negra, no início do século XX. Lembramos que tal ação policial seguia o que era predeterminado no Código Penal Brasileiro até a década de 1940. Entretanto, convém lembrar que nunca houve um ‘batalhão’ policial especializado nesse tipo de ação, e tampouco havia blitz sistemáticas. Conforme pesquisas realizadas no Arquivo Nacional, essas ‘ações’ policiais e jurídicas eram desencadeadas a partir de demandas criadas pela comunidade, em acusações à determinados indivíduos e comunidades apontando os mais diversos tipos de perturbações; desde acústicas e sonoras à desavenças pessoais (Maggie, 1992). 

Portanto, a importância do tema investigado destacou-se pela necessidade de se entender as razões sociológicas e culturais, mantidas ainda ocultas, num reiterado e recorrente silêncio de décadas e décadas, sobre a realidade e os acontecimentos vinculados a vida, a obra e a carreira profissional desse poeta modernista carioca; testemunha ocular de eventos importantes relacionados a estas práticas socioculturais em voga. Através do estudo focado e centrado na sua produção literária e poética, assim como de outros literatos de sua época, encontramos vestígios daquelas motivações e das razões sócio-culturais entretecidas às relações entre vida e obra desse autor no espaço social literário, ainda desconhecido pela sociedade brasileira; compreendendo dessa forma com mais profundidade as estruturas que sustentaram o imaginário social modernista sobre o mal, a magia, a feitiçaria e a bruxaria, naquele período. Através desse estudo possibilitou-nos também perscrutar com profundidade as representações sociais dominantes no imaginário dos artistas modernistas que viveram e se relacionaram com Dante Milano, nas décadas iniciais do século XX.


A relevância desses aspectos sócio-culturais, vinculados diretamente ao foco central de nosso estudo, adquiriu maior profundidade quando se refletiu sobre as camadas de sentido subjacentes a esses conteúdos, especialmente ao investigar o acervo de correspondências e missivas liberadas recentemente pelos arquivos particulares dos autores e artistas modernistas, colegas e amigos do poeta naquela época. O momento de recolher esses documentos revelou-se oportuno, apesar de ainda não obtermos uma visão completa dessa coleção de documentos, já que se tem revelado e publicado aos poucos, respeitando-se os ritos das instituições (familiares e/ou burocráticas) em que estão salvaguardados.

Todavia, a leitura minuciosa desses acervos, em sua maioria ainda virgem, tem revelado particularidades subjetivas que permaneceram ocultas por muitos anos e que explicam determinadas tomadas de decisão e os critérios de certas escolhas feitas pelos indivíduos e personalidades artísticas e intelectuais envolvidas nesses processos sócio-culturais, sobre os quais nos debruçamos; material que se constitui de grande valor para uma sociologia clínica apurada.

Os pontos positivos a se salientar da abordagem proposta se referem ao trabalho de continuidade da pesquisa realizada sobre o tombamento da Coleção de Magia Negra; o aprofundamento da compreensão do significado cultural dessa coleção museológica; a compreensão da dimensão subjetiva e ideológica das representações que o ‘mal’ pode adquirir no imaginário social do início do século XX; as relações entre Antropologia, Literatura (Simbolismo, Surrealismo, Dadaísmo, etc) e Artes Plásticas, nesse mesmo período; etc.

Esses liames de continuidade da reflexão e investigação produziram um maior esclarecimento sobre os processos de produção de significado ligados a representação que o ‘mal’ adquiriu entre os artistas modernistas, que naquela primeira geração estavam rompendo com os valores tradicionalistas, ainda muito enraizados na produção artística conservadora, academista e passadista.


A investigação sobre os perfis ideológicos das principais personagens que conviviam com Dante Milano, e serviram como contraposição dialética, naqueles primeiros anos de juventude e criação artística – como Candido Portinari (com quem morou alguns anos), Manuel Bandeira, Ribeiro Couto, Mario de Andrade, Jaime Ovale, etc – ofereceram descobertas e interpretações muito fecundas e reveladoras de continentes ainda submersos e ocultos sobre as relações subjacentes à criação e produção artística e intelectual desses brasileiros considerados na vanguarda do novo e da modernidade.


Os benefícios que a realização de uma pesquisa como traz à compreensão desses fenômenos sócio-culturais e artísticos ainda nebulosos e obscuros, são incomensuráveis e de repercussão ainda imprevisível. Pois, o contato e manuseio das correspondências e missivas trocadas pelas personagens centrais desse drama social e cultural brasileiro, por si só revelaram alto valor interpretativo. Não se tratou é claro de explorar aspectos da vida privada e reservada, da intimidade dessas personagens, mas de revelar através da compreensão dessas relações intersubjetivas, as alianças político-subjetivo-ideológicas que os grupos de amigos, conhecidos e colegas mantinham inconscientemente sobre o que faziam, pensavam e viviam.


Desse modo, se pode atingir um magma rico de representações sócio-culturais que na exterioridade da produção artística e literária mais pública, se encontra ainda sob o véu da ironia, ou da irrisão disfarçada, mas que, diferentemente dessas máscaras estetizantes, na intimidade de uma carta, missiva ou correspondência, revelou-se numa sinceridade insuspeita e mais autêntica. 


•Objetividade do olhar socioclínico


Nosso trabalho baseou-se efetivamente numa investigação que se orientou, inicialmente, para algumas incursões no método da Sociologia Clínica. Devido as características de nosso objeto de estudo, e considerando as vicissitudes teóricas e metodológicas a ele inerentes, optamos por apoiar-nos nas recentes conquistas desse novo ramo da Sociologia. Como escreveu Christophe Niewiadomski (2004): “A sociologia clínica é a busca que se interessa pelas interações entre os processos psíquicos e os processos sociais. Sua especificidade não se apega tanto a seu objeto de estudo quanto a seu modo de apreensão dos fenômenos estudados. Esta abordagem rompe com uma abordagem sociológica mais tradicional. Com efeito, a fim de produzir resultados com pretensões ‘científicas’, a sociologia tentou adaptar a seus objetos de pesquisa, ferramentas de avaliação quantitativa. Nesta perspectiva, o discurso do sujeito, necessariamente marcado de subjetividade, não é considerado como suficientemente confiável para modelizar a realidade social. A sociologia clínica, ao contrário, procura levar em conta esta subjetividade do ator social. Assim, ela se inscreve em uma corrente de pensamento sociológico que postula que as estruturas sociais nas quais evoluem os atores podem apenas ser compreendidas na medida em que se leva em conta a maneira pela qual estes mesmos atores vivem e representam para si mesmos estas estruturas. Recusando compartimentos disciplinares, a sociologia clínica procura evitar dois perigos: o ‘psicologismo’, visão que privilegiaria a análise dos fenômenos intrapsíquicos em detrimento do reconhecimento das estruturas sociais nas quais vivem os indivíduos, e o ‘sociologismo’ que consideraria o sujeito como o produto de determinantes sócio-históricos que o ultrapassam e sobre os quais ele não teria nenhum conhecimento” (p. 333). Essa longa citação tem o mérito de sintetizar, como numa cápsula, o nosso interesse particular ao nos aproximar dessa nova e fecunda vertente sociológica.


As bases de uma Sociologia Clínica aplicadas a esse contexto da cultura literária brasileira, já foi utilizada com muito proveito por Sérgio Miceli (2001), em obra que serviu de parâmetro para diversas incursões feitas no nosso estudo aqui apresentado no presente texto.


De acordo com estes princípios, buscamos esclarecer e revelar as relações que estavam subjacentes e ainda obscuras na produção artística dos modernistas da primeira geração, especialmente o poeta Dante Milano, no que concerne as representações e estruturas de sentido em relação ao significado do ‘mal’; revelado nas suas obras, podendo ser compreendidas com mais precisão, no acesso as correspondências, cartas e missivas que foram trocadas entre as personagens principais do drama sócio-cultural estudado. Os resultados obtidos com essa pesquisa foram evidentemente valiosos para a sustentação dos suportes de significado. Essas ‘estruturas de sentimento’ (Williams, 1979) que subjazem nesse vasto material, foram emergindo a partir de critérios e filtros analíticos, explicitados no decorrer desse texto. No entanto, é certo que os procedimentos metodológicos esbarraram em obstáculos difíceis. Trata-se da singularidade residente no fato de o poeta Dante Milano, deliberadamente, “apagar vestígios”; como escreveu Ivan Junqueira: “(...) o gênio maior do poeta parece brincar conosco, apagando indícios e falseando pistas que porventura nos pudessem levar à descoberta de seus mais recônditos segredos” (Milano, 2004, p. L). 


Esses obstáculos epistemológicos e subjetivos, contudo, não foram intransponíveis, na medida em que serviram como desafio estimulante no processo investigativo. O fundamental para a análise, que optamos desenvolver, foi apontar para a necessidade de escavar um imaginário social praticamente virgem e inexplorado, no que tange as representações do mal na mentalidade dos artistas e literatos do início do século XX, comumente designados de ‘modernistas’. O material subjetivo recolhido em documentos, obras literárias, cartas, correspondências, etc, apesar de prenhes de armadilhas que poderiam nos lançar no desvio de posições consideradas subjetivistas demais para um trabalho que se considera como ligado aos trabalhos tradicionalmente vinculados à Sociologia da Cultura; ofereceu rico manancial de recursos simbólicos para realização do trabalho de escavação exigido. Como declaramos nosso desejo de aprofundar as aproximações com os Estudos Culturais e Literários, seguimos essa inspiração intensificando nosso diálogo com a Psicanálise e os estudos históricos sobre a Arte. Buscando fugir de qualquer ortodoxia esterilizante, arriscamos as veredas de uma heterodoxia mais adequada à natureza do objeto de estudo que elegemos investigar. 


Considerando que os conteúdos significantes aqui investigados – percebidos agora com mais discernimento – estão estruturados em sistemas de significação e de linguagem atuantes de forma inconsciente e latente, exigiu de nós uma atenção sócio-analítica orientada para avançar sobre fronteiras canônicas do conhecimento; por isso, não poderíamos lançar mão de métodos quantitativos ou estatísticos, e tampouco procedimentos mais positivistas, já que as ‘provas concretas’ jamais emergiram da ordem de fenômenos aqui estudados.  Não se trata de uma declaração de princípios, no sentido de defender o irracionalismo ou o anarquismo metodológico. Pelo contrário, se defendemos algum princípio é o da razoabilidade de tornar plausível a proposta de investigar conteúdos da ordem do imaginário social, das representações e das estruturas significativas que habitam o mundo da linguagem; mundo em que os poetas e literatos vivem imbricados: no nosso caso de modo muito especial, pois se trata de poetas que se consideram “poetas de poetas” (Junqueira, 1998; Milano, 2004). Porém, também nesse mundo ‘literário’ é preciso considerar e levar a frente as interpretações pertinentes ao sistema de interpelações subordinadas a lógica cultural dominante; como não poderia deixar de ser, haja visto o fato desse ‘mundo literário’, apesar de habitado por seres que vivem a crença de que são regidos por leis especiais. A verdade é que suas produções de espírito também estão condicionadas pela natureza eminentemente ideológica das elaborações culturais e simbólicas. Em nosso estudo não desviamos desse postulado; a produção literária e poética revelam, como toda produção cultural e simbólica humana, as singularidades subjacentes às tomadas de decisão frente às vicissitudes e necessidades da vida prosaica; apenas diferenciadas de um autor para outro, de um artista à outro.


Nesse sentido, como já foi adiantado, percebe-se com facilidade que Dante Milano destoa de modo particularmente especial dos seus confrades na sua concepção e representação do mal, da magia, da feitiçaria e da bruxaria; ao contrário de  Mário de Andrade, por exemplo, Dante Milano não toma a ‘arte primitiva’ como objeto de pesquisa para realização de sua poética. Assim, considerando as contradições e particularidades dos grupos e indivíduos participantes desse ‘drama’ social aqui enfocado, o objetivo geral dessa pesquisa diz respeito a uma tentativa de compreensão das estruturas de sentido que sustentavam as diferentes visões e concepções sobre significado cultural dos fenômenos sociais ligados ao mal, e que adquiriram valores diversificados para os artistas e intelectuais referidos.


Os desdobramentos do objetivo geral desse estudo podem ser delineados com mais precisão considerando-se os seguintes aspectos. Como se tratou de uma investigação que procurou aprofundar uma compreensão mais abrangente dos processos de produção de sentido por parte desses artistas e intelectuais acerca de suas representações sobre o fenômeno do mal na sociedade moderna – pesquisa que se apóia nos estudos mais vastos sobre o moderno, capitaneados por Marshal Berman (1986) – deve-se levar em conta que o que se revelou desse trabalho de investigação alcançou dimensões recobertas por disciplinas diferentes como Sociologia da Cultura, Antropologia Simbólica, Sociologia do Conhecimento, Sociologia da Arte, etc. Desse modo, os objetivos específicos da pesquisa não se reduziu aos acervos particulares dos artistas e intelectuais referidos, mas se aprofundou em rede nos entrelaçamentos que as reflexões aqui colocadas promoveram desde o início dos trabalhos. Como se sabe a produção de significados é processo eminentemente político e como não poderia deixar de ser, fruto de um processo ideológico subordinado a sistemas de representações estabelecidos e operando por interpelações aos sujeitos de modo objetivo e concreto. Como aponta Louis Althusser: ”A ideologia interpela os indivíduos enquanto sujeitos” (Altusser, 1980). Assim, os objetivos específicos dessa pesquisa se articularam intimamente numa concepção integrada em que se pretendeu revelar as estruturas de sentido e as ideologias que atravessam as obras desses artistas e intelectuais, tomando especialmente a obra de Dante Milano como foco de análise privilegiado. Mas, é preciso explicitar melhor os detalhes desse processo de investigação. Pois, tomemos, então, um exemplo específico. Em entrevista concedida a Denira Rozário, com a presença de Ivan Junqueira, em 1987, Dante Milano afirma categoricamente que, no que se refere ao fato dele ter sido diretor do Museu da Polícia Civil, esse assunto era ‘confessional’. Esse foi o núcleo dos problemas que essa pesquisa pretendeu atingir, mais especificamente: a natureza ‘confessional’, mais subjetiva, das estruturas de sentido, que sustentaram os atos e as representações do agente humano em questão. Como atingi-los se não pela pesquisa mais próxima e minuciosa de seus arquivos particulares, dos depoimentos das pessoas ainda vivas conviveram com o poeta, de sua obra poética e literária?


•Aspectos teóricos aprofundados


É indispensável para a formulação e explicitação do problema, que constituiu a inquietação nuclear desse trabalho de investigação, apontar as bases conceituais fundamentais que guiaram essa pesquisa. Nesse sentido, apresento de modo sumário a hipótese central que balizou todo o desenvolvimento teórico desse estudo. A natureza do problema sócio-cultural delineado e desvendado se assentou na dialética entre duas visões distintas que pareceram desempenhar e desencadear um processo de produção de representações sociais diferenciadas sobre os mesmos fenômenos sócio-culturais que serviram de base para a nossa investigação. Trata-se de ‘representações socias’ distintas que os modernistas fizeram dos acervos e manifestações da magia, da feitiçaria e da bruxaria na sociedade brasileira das primeiras décadas do século XX. Nesse momento, recorro àquela forma de pensar que Wright Mills chamou de ‘raciocínio por tipo extremo’, isto é, ‘tomar algumas tendências constatáveis nos dados da pesquisa ou na elaboração teórica e levar estas tendências às últimas conseqüências lógicas’. Como escreveu José Carlos Rodrigues: “tal modo de raciocinar corre sempre o risco de produzir resultados caricaturais. Mas possui também o mérito de possibilitar que se avalie o imensamente pequeno como se fosse gigantesco e o extraordinariamente grande como se fosse minúsculo: um artifício, portanto de relativização lógica” (Rodrigues, 1992: 103). Assim, de acordo com esse procedimento, percebem-se dois pólos distintos de representação dessas manifestações mágico-religiosas, referidas acima, entre os artistas e intelectuais modernistas. De um lado tem-se a idéia de que essas manifestações seriam produto de ‘mentes atrasadas’, ‘incultas’, ‘primitivas’, ‘analfabetas’ que no processo avançado de educação e instrução essas manifestações seriam abandonadas e esquecidas. De um modo geral essa concepção perpassa a obra de Arthur Ramos, Ulisses Pernambucano, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, etc. Num misto de evolucionismo clássico, materialismo histórico marxiano e psicologismo freudiano, então em voga, esses intelectuais e artistas consideravam essas manifestações como vestígios de um tempo arcaico e primitivo que tenderiam a desaparecer no horizonte da evolução da civilização brasileira. Veja-se, por exemplo, o que escreveu Arthur Ramos em relação especificamente às práticas de magia, feitiçaria e bruxaria, encontrada no livro O Negro Brasileiro, publicado em 1934, que sintetiza bem o que pensavam os modernistas, da primeira metade do século XX: “(...) para a obra da educação e da cultura, é preciso conhecer essas modalidades do pensamento ‘primitivo’, para corrigi-lo, elevando-o a etapas mais adiantadas, o que só será conseguido por uma revolução educacional que aja em profundidade, uma revolução ‘vertical’ e ‘intersticial’ que desça aos degraus remotos do inconsciente coletivo e solte as amarras pré-lógicas a que se acha acorrentado” (Ramos, 2001, p. 32). Em síntese, o problema nacional passou a não ser mais fundado na questão racial ou étnica, passou a ser visto como uma ‘questão educacional’. Bastava uma “revolução educacional” para o país seguir seu destino histórico. Lutando contra as teses racistas, esses escritores, artistas e intelectuais propunham uma ação civilizatória com base nas transformações sociais e culturais da existência coletiva. Esse é um dos lados do que estou descrevendo, um dos pólos em que enquadramos a título de exposição didática o problema conceitual da pesquisa, a dialética das representações sobre essas manifestações mágico-religiosas. No outro pólo, apresentando a hipótese central dessa pesquisa, está o pensamento de Dante Milano. Todos os dados recolhidos na pesquisa que realizamos e publicamos no ensaio Museu Mefistofélico: o significado cultural do tombamento do primeiro patrimônio etnográfico do Brasil (Corrêa, 2009 [2006]), indicam que Dante Milano possuía uma idéia e representação muito distinta daquela apresentada mais acima, no pólo ‘modernista’ do quadro que construímos. Dante Milano, formado na literatura clássica que vem desde Horácio, Virgílio, Dante Alighieri, Leopardi, depois os modernos Charles Baudelaire e Stéphane Mallarmé, entre outros, tem uma visão que designamos de ‘mefistofélica’, expressa de forma clara e contundente nos seus textos poéticos e literários, além de expressar nas entrevistas concedidas em vida; quando demonstra claramente suas divergências em relação a obra de Mário de Andrade, por exemplo. Sua obra literária e poética reflete uma particularidade expressiva e significativa, em relação a essa temática – além de ter trabalhado como diretor do Museu da Polícia Civil, lugar onde se encontra até hoje a Coleção-Museu de Magia Negra. Seu comportamento singular e sempre marcado por distinções deliberadas, avesso a associações simples com o ‘modernismo’ em voga, espelham esta marcante diferenciação de traços e ideologia. Essa constatação pode ser sedimentada no registro de uma resposta a uma pergunta direta na mesma entrevista concedida a Denira Rozário (DR), em 1987, em que Dante Milano (DM) explicita seu pensamento sobre a existência do bem e do mal: “DR: – Então Milano, fale dessa sua fascinação pelo macabro e pelas trevas e ao mesmo tempo dessa sua obsessão pela luz. DM: – Isso eu aprendi com a natureza. Quando vejo uma tempestade, quando eu vejo um furacão, eu vejo um mundo diferente. Eu sinto perfeitamente quando vejo a luz, que ela vem da treva. O sol nasce da noite. Primeiro é a noite, depois vem o sol. Quer dizer, há uma grande ligação entra a luz e as trevas. Inseparável. Uma depende da outra. Desde criança eu sei. Quando havia tempestade eu ficava olhando o céu. Aquela modificação acima do meu entendimento. Hoje eu estou completamente certo que se não existisse uma a outra não existiria (Neves, 1996, p. 102)”. Destarte, creio que está bem fundamentado aqui a discrepância das posições distintas que os dois grupos têm sobre as mesmas manifestações: de um lado uma visão mais folclorizante, que prevê um trabalho de preservação patrimonial, de bens culturais que vão inexoravelmente desaparecer e sucumbir em função da evolução social e educacional da civilização brasileira; de outro, a visão, não de um ‘grupo’, mas de um único individuo, artista isolado e marginal ao ‘modernismo’, avesso a fama e a glória, como ele mesmo se definia – afinal um artista moderno, na acepção da palavra.


Nesse momento é oportuno lembrar outra dimensão do trabalho teórico que é importante enfatizar, levando em conta a dimensão mais subjetiva dos caracteres psicossocias da personalidade Dante Milano. Para desvendar essas nuances da estrutura subjetiva da figura central desse drama sócio-cultural, lancei mão da teoria sociológica do ‘homem marginal’ desenvolvida originalmente nos trabalhos de Georg Simmel (Velho, 1967; Moraes Filho, 1983), e que na Escola de Chicago (Coulon, 1995), e que evoluíram com os trabalhos de Robert Park (1928 [in Velho, 1967]) e Everett Stonequist (1948). Essa incursão teórica foi fundamental para compreender sociologicamente como se constitui uma personalidade, que no caso de Dante Milano, vivia em pleno ‘exílio’. Símbolo disso é o filme documentário produzido por André Andrias e Ivan Junqueira, cujo título, retirado de um de seus poemas, é ‘Tudo é Exílio’. A subjetividade do ‘homem marginal’ se descortina nesse ambiente social e cultural específico.


Nessa mesma trilha interpretativa nos aproximamos também do trabalho Forasteiros Construtores da Modernidade que reuniu ‘autores que trabalham com personalidades e grupos que, de alguma maneira, em momentos específicos, contribuíram para a composição da cidade do Rio de Janeiro’ (Weyrauch, 2003). Desse conjunto, destaco o texto de Luitgarde Oliveira C. Barros, sobre a contribuição de Arthur Ramos para o projeto de modernização da antiga capital federal. Compreende-se assim a qual foi a importância da supervisão da Profa. Dr.a Luitgarde Oliveira C. Barros, pois os paralelos dialéticos que fizemos entre os pólos destacados mais acima – entre a visão dos ‘modernistas’ e a visão singular do Dante Milano – tomando como representante típico do pólo ‘modernista’ a figura de Arthur Ramos, estudado em profundidade pela pesquisadora que supervisionou este trabalho de pesquisa (Barros, 2005).


Acredito que exposta as bases teóricas que sustentaram o estudo, agora está bem sedimentada a hipótese que serviu de guia nesse empreendimento investigativo. Nos estudos das correspondências, cartas e missivas entre os colegas, amigos e companheiros, procurou-se confirmar ou refutar a hipótese norteadora. Todavia, o quadro de referências teóricas e conceituais não se esgotaram no estudo mais específico das representações que o grupo ‘modernista’, na figura central de Arthur Ramos, elaborou sobre as manifestações mágico-religiosas presentes na sociedade brasileira – como escreveu João do Rio, “a religião do Diabo sempre existiu entre nós” – nem, tampouco, das representações e idéias que Dante Milano formulou ou expressava sobre esses mesmos acervos e manifestações. O objetivo mais tópico dessa reflexão foi obter informações e compreensões para problemas sócio-culturais mais vastos e abrangentes. Foi nessa direção que o objeto mais particular dessa investigação, apresentado mais acima, se articulou com um problema epistemológico mais de fundo, qual seja, o significado sócio-cultural dessas representações sociais sobre a questão do mal nas sociedades modernas.


Com essa inspiração de base foi que nos aproximamos de intuições interpretativas fecundas expressas na obra de Marshall Berman, Tudo que é Sólido Desmancha no Ar (1986), quando ele vê em Karl Marx uma reflexão subjacente que atravessa a civilização moderna inaugurando seu drama psíquico-social fundamental. Numa passagem iluminatória, Berman escreveu: “Algumas das mais vívidas e tocantes imagens de Marx nos forçam ao confronto com esse abismo. Assim, ‘a moderna sociedade burguesa, uma sociedade que liberou tão formidáveis meios de produção e troca, é como a feiticeira incapaz de controlar os poderes ocultos desencadeados por seu feitiço’” (Berman, 1986, p. 99). Mais a frente nesse texto, Berman escreve: “O feiticeiro burguês de Marx descende do Fausto de Goethe, é claro, (...)”. ‘Fausto’ e ‘Mefisto’ fazem a dupla que povoa o imaginário desse artista e intelectual ‘marginal’ e que nos serviu de base para o estudo e o objeto da reflexão. Dante Milano como tradutor e estudioso das obras de Dante Alighieri e Charles Baudelaire apresenta esse drama psíquico-cultural na base de sua estruturação literária e poética. Assim, essa pesquisa se propôs a escavar e perscrutar mais profundamente as camadas de sentido que estruturaram e fundamentaram as imagens dialéticas sobre o mal em nossa sociedade, no início do século XX, e no começo do movimento modernista brasileiro.

Um texto que se aproxima do debate que nos detém agora, é o livro organizado por Patrícia Birman, Regina Novaes e Samira Crespo, O Mal à Brasileira (1997); e o mais recentemente publicado pelo psicanalista Joel Birman, Cadernos sobre o Mal (2009). Nessas obras reúnem-se artigos que serviram como textos de diálogo permanente, confrontando e aprofundando teses que ali se apresentam em estado experimental, sobre tema que é ainda tratado com relativa negligência sociológica. A sociologia brasileira carece de uma reflexão mais apurada sobre a emergência de tema tão candente e inquietante, na sociedade brasileira atual. O problema do mal se alargou e cristalizou-se difinitivamente, tornando-se incontornável; tornando necessários e urgentes estudos, e pesquisas em equipe, ou individuais, que se volte para a dimensão histórica dessas representações sociais. Para se entender a contemporaneidade dessas questões parece ser justificada e fundamentada a proposição de criação de linhas de pesquisa que tentem aprofundar as origens modernas desse mal-estar ainda persistente na atualidade. A sociedade brasileira está aflita por respostas a estas indagações tão pungentes. Nesse estudo pretendemos apenas oferecer uma contribuição socioantropológica nesse texto limitada a apresentação das linhas teóricas gerais que balizaram a interpretação e análise da obra literária e poética de Dante Milano; poeta que nos oferece uma outra visão, antes negligenciada, do significado do mal para a existência humana.




Referências consultadas


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  1. *O autor, membro correspondente da Academia Brasil-Europa, é Professor Associado I de Antropologia. Departamento de Sociologia e Antropologia do Centro de Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação Cultura & Sociedade (PGCult/UFMA).