Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Fotos A.A.Bispo
©Arquivo A.B.E.

 

Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 138/14 (2012:4)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização de estudos de processos culturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência -

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2012 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2917



Brasileiros no Exterior


Cultura do corpo nos seus elos com a cultura mental e imagens
Educação Física nas observações de graduados navegando pelo mundo:
Maissa Zanetti Barboza

 
Maissa Zanetti Barboza
Os jogos olímpicos realizados em Londres, pelo sucesso de sua organização, pela espetacularidade de seus eventos e pela atmosfera de simpatia e de amizade internacional em que se desenvolveram trouxeram à consciência, para além do seu significado especificamente esportivo, o valor dos certames para as relações internacionais e da cultura física nos seus elos com a cultura mental.


As atenções foram despertadas não apenas para a importância desses jogos para a compreensão mútua entre povos e nações - e, portanto, para processos interculturais -, mas sim também para a necessidade da consideração, nos estudos culturais, do homem na sua integralidade.


Esses estudos não podem limitar-se à história do esporte no sentido convencional do termo, de suas diferentes disciplinas, às suas origens em determinados contextos histórico-culturais, à sua difusão entre os povos e às transformações por que passaram no decorrer do tempo, por mais necessários e importantes que seja a sua pesquisa e análise.


A atenção deve ser dirigida a questões fundamentais das relações recíprocas entre o físico e o homem interior nas suas inserções em edifícios de visões do mundo, assim como às bases epistemológicas e metodológicas do seu próprio estudo.


Se as práticas de formação física e esportivas fazem parte da história cultural da Humanidade desde remotas eras, sendo assim objeto de estudos, pouco se tem considerado que corresponderam a imagens do complexo da ordenação visual de concepções do mundo e do homem e que estas, reciprocamente, referenciaram-se segundo o físico.


Refletir e analisar essas complexas relações surgem como exigências para uma ciência da cultura consciente da função esclarecedora que deve cumprir. Elas pressupõem um esforço de distanciamento do observador, pois este é obrigado a reconhecer a natureza antropocêntrica do edifício imagológico nas suas relações com o físico. Esse reconhecimento surge como pré-condição para uma possível superação do antropocentrismo no desenvolvimento de uma perspectiva científica do mundo e do homem.


A sensibilidade aguçada para essas questões teóricas pelos jogos olímpicos de 2012 adquire particular significado para os estudos euro-brasileiros, uma vez que o Brasil tomou a si a responsabilidade de abrigar a próxima Olimpíada. Torna-se oportuno e necessário, nestas condições, acompanhar esse empreendimento com reflexões que contribuam ao desenvolvimento diferenciado dos estudos.


Experiências de jovem graduada em Educação Física: Maissa Zanetti Barboza


Como ponto de partida para essas reflexões procurou-se dar a palavra a uma jovem profissional de Educação Física que, após ter-se graduado, adquire experiência internacional como preparação a cursos de pós-graduação que pretende realizar e à carreira universitária que pretende seguir: Maissa Zanetti Barboza, de 22 anos, procedente de Sorocaba, São Paulo.


O despertar do seu interesse pelo estudo da Educação Física demonstra os estreitos elos entre a prática artística, a esportiva e a cultura física em geral, uma vez que foi no ballet clássico que constatou a sua vocação e o seu fascínio por questões relacionadas com educação e imagens corporais.


Durante a sua formação na Faculdade de Educação Física de Sorocaba/ACM, procurou não contentar-se com o cumprimento de exigências estabelecidas, como alguns de seus colegas, mas ampliar conhecimentos, movida por uma insaciável procura de conhecimentos e pela convicção do valor da Educação Física e da consciência desse valor que os seus representantes devem desenvolver. Paralelamente, ganhou experiência profissional nos trabalhos que assumiu para possibilitar os seus estudos, entrando em contato com diferentes meios sociais e atuando como orientadora de crianças e jovens.


Tanto no ensino de ballet, como na orientação de brinquedos, jogos ou como instrutora em academias teve a possibilidade de relacionar o vocabulário e a técnica da dança clássica com procedimentos lúdicos e a sistemática de desenvolvimento físico nas suas relações com a saúde e o bem-estar individual e social.


O seu empenho em ampliar horizontes, conhecer e estudar outras culturas de imagens corporais e de procedimentos educativos levou-a a candidatar-se já antes de terminar os seus estudos a uma atividade como orientadora profissional em nave de cruzeiros marítimos.


Da preocupação externa pela aparência à imagem mental nas diferentes culturais


Após ter efetuado cursos preparatórios, nos quais ganhou conhecimentos para a realização de seminários sôbre saúde, postura, desintoxicação e outras questões que dirigem a atenção antes à imagem mental e à purificação do que à aparência externa do corpo, surgindo esta como uma decorrência daquela, passou a observar as diferenças relativas a essas questões nos diferentes contextos culturais.


Procurando considerar os pressupostos culturais de seus orientados na prática física, tornou-se observadora e estudiosa das diferentes culturas físicas também nas regiões que visitou. Compreende-se, assim, que, apesar de ter ficado impressionada com a beleza e a qualidade de vida de Sydney, com o desenvolvimento de cidades da Nova Zelândia, da Malásia ou com o fascínio exótico de outros países orientais, o seu principal interesse foi despertado pela Índia.


Como procura, em todos os locais que visita, ganhar conhecimentos a respeito de concepções relativas à saúde e a práticas físicas, surpreendeu-se em constatar que, sob muitos aspectos, práticas relativas à ioga na Índia diferem daquelas que conhecia do Brasil. Os procedimentos baseiam-se sobretudo em trabalho mental e a atenção é dirigida primordialmente a questões de pureza interior e suas repercussões corporais.


Sob um aspecto totalmente diferente, surpreendeu-se com situações relativas à cultura física feminina em países árabes. Como as mulheres não frequentam academias devido a normas islâmicas, treinadoras pessoais desempenham um papel de excepcional importância, percebendo nos emirados salários incomparavelmente mais altos do que em outros países. Teve a oportunidade, assim, de constatar a existência de uma cultura física de características femininas e reservada a mulheres, distinta e sob muitos aspectos fascinante. Nesse sentido, não apenas em Dubai, mas também no Egito vivenciou situações culturais que justificariam novas visitas e experiências.


Dos países europeus, constatou compreensivelmente maior proximidade quanto a concepções e práticas de cultura física e de imagens corporais entre italianos e espanhóis. Na sua própria condução de vida no Exterior, procura ganhar forças conscientizando-se da necessidade de não parar na sua procura de conhecimentos, encarando a vida como uma escada, como um contínuo crescimento.


Experiência de transformabilidade cultural e perspectivas para ações no Brasil


Após as dificuldades iniciais de separação de sua família e de seu país, desejando retornar após algumas semanas por não sentir-se no seu mundo, registra uma gradual modificação de seu modo de ser e expressar-se, fato constatado por colegas e parentes em conversas telefônicas.


Ao mesmo tempo, porém, sente que a sua identificação cultural com o Brasil aumenta ao observar que o país possui uma imagem altamente positiva no Exterior pelo fato de despertar associações com alegria.


Muitos dos estrangeiros surpreendem-se com a força de vontade, capacidade de ação e pragmatismo dos brasileiros. Essa imagem do Brasil no Exterior contribui não apenas para aumentar a sua auto-estima e o orgulho em ser brasileira, mas sim também para que a imagem do Brasil surja na sua lembrança de forma iluminada.


Pressente, porém, que o país que encontrará ao retornar já não será aquele que deixou ou aquele que formou na sua mente. Sabe que terá sempre os seus pés no mar, será sempre uma navegante, sentindo-se um pouco perdida. Pretende, assim, após uma ou outra viagem pelo mundo, passar a correr o Brasil, dando continuidade a suas observações nas diferentes regiões, aprofundando-se em estudos de pós-graduação e seguindo a carreira universitária.



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Indicação bibliográfica para citações e referências:
Bispo, A.A. "
Cultura do corpo nos seus elos com a cultura mental e imagens. Educação Física nas observações de graduados navegando pelo mundo: Maissa Zanetti Barboza". Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 138/14 (2012:4). http://www.revista.brasil-europa.eu/138/Maissa-Zanetti-Barboza.html



  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


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