Emma Luiza de Souza Lima. BRASIL-EUROPA 134/32. Bispo, A.A. (ed.). Academia Brasil-Europa e ISMPS





Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 134/32 (2011:6)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2841



Da correspondência

Experiências e reflexões
Emma Luiza de Souza Lima


Como em números anteriores desta revista, nos quais foram publicados depoimentos pessoais de brasileiros que vivem ou atuam no Exterior, solicitou-se à pianista Emma Luiza de Souza Lima que registrasse as suas experiências de vida e de atividades profissionais nos Estados Unidos e na Europa para que fossem divulgadas aos leitores da Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira. O objetivo desse pedido foi, como nos casos anteriores, o de documentar fatos, ocorrências e reflexões pessoais que, tais como peças de um mosaico, possam contribuir aos estudos da história cultural mais recente da presença de brasileiros no Exterior e, de um modo mais geral, a uma história da música em contextos globais e em relações internacionais.

A resposta a essa solicitação foi dada por carta versada em tom coloquial e informal, que é aqui mantido. Justamente a espontaneidade e a informalidade com que as lembranças são registradas surgem como qualidades que dão vida a um texto de características tão pessoais, fazendo com que o leitor participe de um processo de trazer à memória fatos e sensações por vezes esquecidos e mesmo de redescobrimento das próprias experiências de vida. Trata-se, assim, de um texto que deve ser visto como uma primeira fixação de recordações, como notas de um caminho que é acompanhado por reconstruções crescentes do passado com base em documentos que vão sendo encontrados em forma de programas, notícias, fotos ou cartas.


 





Fotos © Emma Luiza Souza-Lima

No título: recital no  Palácio da Foz, Portugal, 28.07.2008
Na coluna da direita:
1) com o Senador Antonny Stamm, Washington D.C.,
2) Porto, 3) Porto, 4) Palácio da Foz, 5) Turin,, Castello di Cortanze
No texto:1) Classe do Mtro. V. Marianni, 2)  recital, Instituto Musical de São Paulo, 3) Maria e João de Souza Lima, 4) e 5) em Washington , 6) com Ney Salgado, 7) e 8) Detroit Guittar Association, 9) Buxton, Ingalterra, 10) Turin, Castello di Cortanze, 11) na Casa do Fado, Lisboa
.

 
Eu era uma garota de 27 anos com uma bagagem profissional considerável: com quinze anos, 1959, Diploma de Piano; 1961, Diploma de Aperfeiçoamento; 1965 a 1968, estudos na Faculdade de Psicologia na PUC-SP; desde 1956, professora particular de piano; desde 1965, assistente do Maestro Souza Lima como professora de piano; desde 1966, assistente do professor Manoel São Marcos como professora de Violão Erudito na Faculdade de Música Santa Marcelina;
1966, nomeação como Inspetora do Ensino Artístico-Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo; desde 1954, várias apresentações como aluna dos maestros Vittório Mariani e Souza Lima, incluindo concerto com orquestra no Teatro Municipal de São Paulo, em 1965; 1968, equiparação aos diplomados na Faculdade de Música, registro no MEC como de nível universitário.


Ano de 1971: viagem aos Estados Unidos para pesquisas e aperfeiçoamento, pela Secretaria de Cultura do Govêrno do Estado de São Paulo. A viagem foi muito proveitosa, resultando numa fonte inesgotável de aprendizado, experiências e contatos que valeram e valem até os dias de hoje.


Passamos uma semana em Washington em casa da filha do professor Raul Laranjeiras, homem amável, bondoso, violinista que esteve em Paris com Souza Lima, grande amigo e frequentador de sua casa; até o fim da vida os dois faziam semanalmente prática de duo, encontravam-se para relembrar o passado, comentar fatos interessantíssimos, tocavam e jantavam gostosamente.



Ali aprendemos as primeiras coisas básicas para enfrentar a vida naquele país, seus usos e costumes, assim como a nos proteger das ciladas que o desconhecimento cultural prepara às vezes. Junto com Amelia, filha de Raul Laranjeiras, visitamos a casa do pianista brasileiro Nei Salgado, que nos recebeu gentilmente e nos brindou com uma feijoada brasileira, autêntica, servida inclusive por empregados que êle trouxe do Brasil.


Após esses dias rumamos para Lansing, onde nos esperava o carro da Michigan State University com a senhora que nos levaria ao campus. Jantamos com ela e, já nesse dia, conhecemos vários casais de brasileiros estudantes.


Logo na chegada, ficamos um mês (maravilhoso para alguém que nem café sabia fazer!) no Kellog Center, um hotel para recém-chegados, na verdade um apartamento mobiliado, empregada, recebíamos os amigos em uma sala bem aconchegante, com uma mini-cozinha absolutamente equipada.


Em seguida, alojaram-nos num ‘’faculty apartment’’ e ali começou a nossa vida rotineira. Sofri bastante, pois estava meio abandonado, os últimos moradores, Martha e Eduardo Suplicy, haviam saído há mais de um mês... Literalmente, sentei e chorei!


Saí caminhando pelo lindíssimo campus e cheguei ao Music Department. Apresentei-me e logo fui muito bem recebida pelo Chairman, Mr. James Niblock, um homem muito simpático, que já ouvira falar do brasileiro Souza Lima; toquei para ele e começou a me admirar também, o que muito me estimulou.


Era a primeira vez que via meus esforços resultarem vitoriosos fora de meu país!


Niblock, regente e compositor de mais de 150 obras de envergadura, das quais muitas foram publicadas e executadas, sobretudo durante cursos de verão no Blue Lake Fine Arts Camp no Muskegon County. Em abril de 2006, foi homenageado pela Michigan State University com o Distinguished Emeritus Faculty Award pelo seu trabalho educativo e mais de 40 anos de associação ao Blue Lake fine Arts Camp, uma organização fundada para o fomento da Educação Artística de jovens. Entre as suas mais recentes composições, destacam-se três óperas, dois concertos duplos para violino, clarineta e orquestra, várias peças para instrumentos e composições corais.



A partir daí, quase não precisei me esforçar, pois as pessoas me telefonavam, por indicação de Mr. Niblock, para ter aulas de piano e violão, coisa que fiz com muito prazer, adquirindo vários amigos e admiradores, com quem me correspondo frequentemente. A rede de contatos que fiz naquela época ainda hoje me vale, sendo fonte de convites para concertos, tanto no Brasil como Estados Unidos e Europa.


Tive algumas sessões bastante interessantes com um pianista e professor da MSU, Mr. Ralph Votapek, homem de carreira brilhante, com quem troquei muitas ideias, uma vez que ele se interessava bastante pelo Brasil e pela música brasileira. Ele também amava Piazzola, Gershwin, Tom Jobin e até nisso tínhamos afinidade, pois eu era, além de violonista erudita, uma amante da Bossa Nova, que cantava, acompanhando-me, com vasto repertório. Tocamos um para o outro, numa maratona que não queria ter fim, eram horas de intensa alegria e genuíno relacionamento artístico.


Ralph Votapek, pianista, havia conquistado o renomado Naumburg Award e a medalha de ouro do primeiro Van Clibum International Piano Competition. As qualidades da sua execução e interpretação foram salientadas como reunindo valores da tradição pianística e tendências atuais, combinando poesia, fogo e calor dos anos anteriores à Guerra com a clareza e a energia rítmica apreciadas no presente.



Uma coisa interessante, dentre as inúmeras que me aconteceram, foi o conhecimento de uma pessoa marcante, Mr. Antonny Stamm, criador de cães Scottish Terriers e Senador do Estado de Michigan. Amantes de cães, o que nos levou até êle foi essa paixão, porém junto dele desfrutamos momentos de raro prazer, incluindo uma visita ao Senado e a batida tradicional do ‘’Hammer of Justice’’!


Através do querido casal, conhecemos o esquisito universo ‘cinófilo’ americano, com suas peculiaridades, pessoas fantasiadas com chapéus estranhos, roupas, adereços lembrando as raças de seus pupilos, nichos onde se viam verdadeiras metamorfoses dos pobres cães na arrumação para o show, donos estressados, rivalidades, lojas vendendo tudo que dizia respeito, todas as idiossincrasias características do hobby ou da mania, por assim dizer.


Mas não foi só isso que o casal nos apresentou, conheci uma violinista incrível, Patricia, não guardei o sobrenome, que me pediu para acompanha-la num Concurso, em Jackson. Esse evento foi interessantíssimo, pois ensaiamos bastante e ela tirou a nota máxima, ganhou prêmios e todos queriam saber quem era a ‘’South American Lady’’.


É incrível como o professor, que tem a vocação de mestre, é capaz de ensinar até um instrumento que não domina, como meu caso com o violino; logo no início de nossas sessões, vi que Patrícia não estava absolutamente preparada para uma contestação, tinha defeitos de técnica, o que resultava num tempo deficiente, compassos desencontrados. Fui mostrando a ela que teríamos que estudar devagar, contar os tempos, para que a apresentação fosse lisa, uniforme, clara e precisa, antes de colocar expressão, interpretação, o que ela já estava fazendo, com um texto completamente mal resolvido.


Considero essa uma experiência de sucesso, uma vitória muito gratificante!


Num certo dia, ao sair de uma das sessões com Ralph Votapek, deparei com um anuncio ‘’Precisa-se de pianista. Falar com Bill.’’ Cheguei em casa, telefonei, encontrei-me com o ‘’Bill’’ e soube do caso. Era um jovem artista, montando uma peça de teatro junto com outros jovens - Bertold Brecht ‘’A man’s a man’’.


Digo jovens, porque como eu já estava casada, sentia-me ‘’mais velha‘’ que eles, mas todos beiravam a minha idade, só que a minha ‘’senioridade’’ revelava-se na medida em que era eu quem dava os sinais para cada um, eu que os ensaiava no sentido volume, interpretação, gestos e jeito. Foram dois meses de alegria e aprendizado, onde ganhei experiência nesse assunto e amigos da primeira ordem. Hoje são todos profissionais de Teatro, Cinema e TV.



Mais uma vez uma surpresa!  Num fim de semana em casa de uma americana que conhecemos no Brasil, Dra. Christine Rosenfield, conhecemos um amigo seu que fazia parte da Detroit Guittar Association. Jantamos com a família e eles nos levaram à Sociedade, para a conhecer, na cidade de Lansing, Michigan. Assistimos a um fantástico recital e, em seguida, Ron Schwartz apresentou-me como uma violonista brasileira; executei para eles algumas peças, tanto eruditas como Bossa-Nova, cantando, e daí resultaram seis recitais em seis meses seguidos nessa Sociedade. Posso dizer que nunca estudei tanto violão como naqueles dias, tendo sempre me dedicado mais à carreira de pianista!


Novamente essa aventura me rendeu, não só mais alunos enquanto eu lá estava, como um bom comprador para o violão que eu levara para lá, um Di Giorgio-Concerto. Ainda na Guittar Detroit Association fui convidada a realizar recitais de piano, uma atividade prazerosa, uma vez que tinham um magnifico Baldwin de concerto e essa era a minha especialidade!


Os americanos têm coisas peculiares ... Fui convidada a jantar com uma amiga, Mrs. Jean Slocum, ela, marido e três filhos; alí, várias coisas me surpreenderam.


A casa era muito bonita, absolutamente mobiliada e aparelhada no mais atual do mercado, o que demonstrava uma família de posses; no entanto, o marido era um empregado de fábrica, que trabalhava como mecânico de automóveis, e ela apenas ‘’do Lar’’; era o ‘’Thanksgiving Day’’. Finalmente, após a sobremesa, os cinco elementos da família começaram a entoar o Hino Nacional Americano em cinco vozes! Cinco perfeitas, afinadas, bonitas vozes, desde o pai até a criança de 7 anos! Foi uma experiência deveras emocionante, inesquecível!


O Music Department era simplesmente um sonho para brasileiros, na época; cada sala de professor tinha um piano de cauda Baldwin novo, que era trocado todos os anos pela fábrica e as inúmeras salas de alunos, tinham Baldwin novos também, porém de armário. Eram salas isoladas acusticamente (estamos falando de 1971, portanto para o Brasil isso era quimera!), confortáveis e ventiladas, onde os estudantes não se ‘’acotovelavam’’ para estudar, assim como tinham toda a infraestrutura de suporte.


Outra coisa que me surpreendeu na época e que me surpreende até hoje, é a ajuda que a Universidade dá ao aluno, tanto na aquisição de partituras como de instrumentos, tudo sai a bom preço, possível para qualquer bolso de estudante.


Nas tardes, era delicioso passear pelo Campus e, quase sempre, encontrava a Banda da MSU ensaiando pelos gramados, com seus instrumentos de metal brancos, coisa que eu nunca tinha visto e que tanta vista fazia, além da qualidade das apresentações.


A Orquestra da Universidade era de uma qualidade invejável para as nossas orquestras da época e o Maestro Dennis Burch também tinha uma grande admiração pela música brasileira, chegando a demonstrar isso em diversas ocasiões em que nos encontramos no Music Department. Sua orquestra, no ano de 1971 era composta na maioria por jovens estudantes da MSU, com raras exceções de contratados.


Recebemos a visita do Maestro Souza Lima em Dezembro de 1971, ocasião em que ele mesmo dirigiu essa orquestra, além de ministrar uma bonita palestra sobre as composições brasileiras e seu convívio com Villa Lobos.


Mais uma experiência para se guardar foi a amizade com a Dra. Rose Hayden, que traduziu essa palestra de Souza Lima e depois tornou-se nossa grande amiga; veio ao Brasil algumas vezes e já me recebeu na Itália, onde mora agora; através dessa amizade, fui convidada e apresentei-me em Roma, em julho de 2008 e em julho de 2010, na Vila Torlonia, num belo recital ao ar livre, onde os ouvintes, na maioria turistas europeus, aplaudiram maravilhados os compositores brasileiros.


Conheci, também um homem gentilíssimo, Dr. Ray Winstam, cientista inglês da Scotland Yard, que, embora trabalhando em outra área, tornou-se meu bom amigo, trocamos muitas cartas e, já na era da Informática, muitos e-mails; infelizmente ele veio a falecer e continuei a mesma amizade com sua esposa, Mrs. Janet Byers, através da qual já obtive dois convites para recitais na Inglaterra, em 2008 e em 2010. Na ocasião, em 2008, eu fazia uma homenagem ao mestre, sogro e parceiro de duo, Souza Lima, com uma Conferencia-Recital "110 anos de Souza Lima’’. Novamente o sucesso foi retumbante, tendo suas composições agradado sobremaneira e sua carreira no inicio dos anos 20 surpreendido os ouvintes.


O título de minha resenha é ‘’Experiencias e Reflexões, portanto passo a descrever também as ultimas experiências que tenho tido artisticamente, agora já com a "Senioridade" que a idade e as muitas atividades nos trazem.


Vou pular muitos anos de ‘’mesmice’’, aulas, arranjos, eventos, recitais no Brasil, banca de concursos, um parceiro de duo, outro e outro, foram vários, e descrever o ano de 2008, que penso foi o ano da maturidade, o ano da Redenção, a sobrevivência após o verdadeiro ‘’Tsunami’’ que veio sobre a minha vida com a morte de minha filha, a perda do cargo de VP da multinacional chinesa PPW- Promotional Partners Worldwide, a morte de meu único irmão e a separação.


Tive a ideia do projeto ‘’110 anos de Souza Lima’’ e comecei a trabalhar nele, inicialmente escrevendo a palestra, que não podia durar mais que quinze minutos entre palavras e projeção de slides com o material precioso do acervo, obviamente em Português, Italiano e Inglês.

Paralelamente, comecei a estudar as peças de meu CD, decorar tudo e elaborar a interpretação.


Coloquei para mim mesma prazos e sinais, tipo ‘’se eu conseguir a confirmação dos locais de concertos até Dezembro, eu vou”, ‘’se eu conseguir um patrocínio para a passagem até Março, eu vou’’, ‘’se eu conseguir um dinheiro de bolso até Maio, eu vou’’. As coisas foram acontecendo de uma maneira linda, fui me fortalecendo, vivendo e vestindo aquela idéia, física e espiritualmente, até que embarquei no dia 29 de Junho de 2008,  para dar o primeiro recital na Itália em 9 de Julho, antes passando uns dias com amigos em Portugal. Eu já tinha viajado antes, tanto para a Europa, como para os Estados Unidos, mas após o Tsunami, só, era a primeira vez!




Portugal-Porto, Itália-Turin, Inglaterra-Londres, Inglaterra-Buxton, Portugal-Lisboa e Brasil de volta, todos os recitais foram um sucesso, muitos aplausos, o publico recebendo a desconhecida obra de Souza Lima com admiração e apreço, além de comprarem CDs após os recitais. Fui acarinhada por todos, recebi convites para voltar em 2010 e, no meio de tudo, mais pessoas para minha rede de contatos e mais histórias para minha lista de experiências.


2010 voltei para os mesmos locais, somente dando mais recitais em cada país, outro programa, 20 quilos a menos no corpo e uma bagagem completa, com trajes para seis
concertos, de 14 quilos, resultado dos percalços negativos por que passei em 2008.


Além dos locais de recitais, Turin, Roma, Buxton, Porto(2) e Lisboa, dessa vez separei uns dias para viagens de trem e conhecer um ou outro lugar maravilhoso, por exemplo, Florença.


Foi uma viagem de sonhos, realizações artísticas e superação pessoal, abençoada em todos os aspectos, incluindo oito decolagens e pousos tranquilos.




Todos os direitos relativos a texto e imagens reservados. Reproduções apenas com a autorização explícita de Emma Luiza de Souza Lima.

Indicação bibliográfica para citações e referências:
Souza Lima, Emma Luiza de. Experiências e reflexões. Revista Brasil-Europa/Correspondência Euro-Brasileira 134/32 (2011:6). http://www.revista.brasil-europa.eu/134/Emma-Luiza-Souza-Lima.html