Bispo, A.A..Judeus no Malabar. Revista BRASIL-EUROPA 131/6. Academia Brasil-Europa e ISMPS





Revista

BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 131/6 (2011:3)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2745



Judeus no Malabar em suas inserções em processos histórico-culturais desencadeados pelos portugueses
- brancos, pretos e marrons -



Trabalhos da A.B.E. pelos 500 anos da conquista de Goa por Afonso de Albuquerque. 30 anos do Simpósio Internacional "Música Sacra e Cultura Brasileira" e 20 anos de sessão acadêmica na Universidade Urbaniana em Roma. Museu da sinagoga de Cochim e sinagoga de Chennamangalam

 












Chennamangalam. India. Foto A.A.Bispo

Chennamangalam. India. Foto A.A.Bispo

Fotos A.A.Bispo
©Arquivo A.B.E.



 
Sinagoga. Cochim. Foto A.A.Bispo

Em números anteriores desta revista salientou-se o significado dos estudos culturais judaicos para a condução adequada de análises de processos culturais em contextos globais. Em particular no mundo marcado pelos Descobrimentos e pela ação colonial e missionária dos portugueses, a consideração de questões histórico-culturais relacionadas com os judeus representa uma exigência para a pesquisa.


A época dos Descobrimentos foi marcada pela expulsão dos judeus da Espanha e a seguir de Portugal, obrigando-os a procurar refúgio em outros países da Europa e das regiões recém-contatadas da África e da Ásia. Sobretudo nos Países Baixos desenvolveu-se uma numerosa e influente comunidade de judeus portugueses. Esses desempenharam um papel de importância nas Américas e em regiões de outros continentes sob a influência dos Países Baixos.


Significado dos estudos da migração judaica nos estudos culturais . Paredesi ou "judeus brancos"


Sinagoga. Cochim. Foto A.A.Bispo
Questões indo-judaicas no âmbito dos estudos culturais euro-brasileiros adquirem significado de particular relevância sobretudo se consideradas sob perspectivas interdisciplinares. A atenção dirige-se naturalmente em princípio aos judeus que emigraram de Portugal e da Espanha à Índia à época dos Descobrimentos e no decorrer do século XVI, assim como a seus descendentes.


Esses judeus eram "estrangeiros" para a comunidade indo-judaica já existente há séculos na costa do Malabar. Passaram, assim, a ser denominados de Paradesi ou Pardesi, termo do Malayalam que significa "estrangeiro". Também passaram a ser designados pela cor de pele, sendo chamados de "judeus brancos", distinguindo-se daqueles da terra.


A comunidade desses judeus imigrados era marcada por diversidade cultural, uma vez que provinham de diferentes países do Ocidente e, em alguns casos, do Oriente Próximo, muitos deles contando com experiências em diversas nações por que passaram nos complexos caminhos que os levaram à Índia.


A essa diversidade somavam-se as diferentes experiências negativas da discriminação, perseguição, expulsão e conversão induzida. Traziam, sobretudo aqueles provindos dos países ibéricos, onde as suas famílias estavam há séculos integradas, tradições religiosas e culturais próprias. Considerando-se o significado da mística judaica, em particular da cabala na Península Ibérica, pode-se supor que para os centros sefárdicos da Índia foram transportadas concepções e práticas místicas do mundo ibérico, cujas relações com a mística cristã e as suas correntes menos ortodoxas de cunho cabalístico representam importante tarefa para os estudos culturais.


Essas relações foram consideradas pela primeira vez em pesquisas, eventos e publicações no âmbito de instituições relacionadas com a A.B.E. e discutidas, com a participação de pesquisadores brasileiros, em simpósio internacional realizado na Alemanha, em 1989 (A.A.Bispo, Grundlagen christlicher Musikkultur in der außereuropäischen Welt der Neuzeit I, Musices Aptatio 1987/8, Roma 1989). Algumas das singularidades da cultura judaica na Índia, consideradas como expressões de uma adaptação ao contexto hindú, precisariam ser reconsideradas sob a perspectiva da mística judaica. Assim, as lâmpadas a óleo coloridas que pendem do teto de sinagogas dificilmente podem ser vistas como elementos do Hinduísmo, mas sim interpretadas com base na mística da luz e no significado figurado das luminárias, tão importantes na tradição cabalística da Península Ibérica.


A animosidade contra os judeus extendeu-se também à Índia, e o desenvolvimento das comunidades judaicas locais foi dependente da situação política determinada pelo poder da nação européia predominante. Em linhas sumárias, essas comunidades puderam desenvolver-se quando da supremacia local de autoridades hindus, sofrendo pressões em diferentes graus com o aumento da influência política dos católicos europeus.


Os elos com os Países Baixos, com a sua importante comunidade de judeus portugueses de Amsterdam, permitem que se compreenda  que a história das comunidades judaicas na Índia relacionou-se com aquela das tensões internas européias, marcadas por questões religiosas da Reforma e da Contra-Reforma.


À época da União Pessoal de Portugal com a Espanha, quando também territórios portugueses passaram a ser alvo dos holandeses, a população judaica desenvolveu-se mais livremente nas regiões conquistadas, tanto na esfera atlântica - também no Brasil holandês - como em Cochim. Principal monumento histórico-cultural dos "judeus brancos" é a sinagoga em Cochim. Há referências que a população judaica apoiou a tentativa de ocupação neerlandesa, em 1662, sendo a sua sinagoga em Mattancherry - centro de sua presença na região -, e construída em 1568, destruída pelos portugueses, voltando a ser reconstruida com a vitória dos holandeses. Os elos entre Amsterdam e os judeus de Malabar necessitariam ser considerados com mais atenção; judeus de ascendência portuguesa dos Países Baixos dirigiram-se a Cochim, em 1686, sob a liderança de Moses Pereira de Paiva, época na qual existiam, na Costa do Malabar, nove sinagogas. Tem-se referências também sobre o envio aos judeus da Índia de livros e rolos de Tora. Houve, assim, entre os Sefarditas de origem européia da região, diferentes fases na história da imigração e dos contatos com a Europa.


A sinagoga de Cochim apresenta hoje a configuração que recebeu em fins do século XVIII. Nessa época, um mecenas da comunidade possibilitou que fosse ornamentada com azulejos em azul-e-branco, o que poderia ser interpretado em relação à tradição neerlandesa, ao comércio com a China e à difusão de um gosto por chinoiseries no Ocidente e nos países influenciados por europeus. As dependências abrigam hoje uma exposição de importância para os estudos indo-judaicos. Objeto de particular importância histórica ali conservado é um texto gravados em cobre, em versão antiga do tamilo, originado entre os séculos IV e X, onde se registra a entrega de uma aldeia a um comerciante judeu, com privilégios, inclusive de uso de atributos designativos de autoridade.


Pressupostos: Judeus de Malabar ou "judeus pretos"


Assim como os cristãos europeus encontraram, ao chegar à Índia no íncio do século XVI os "cristãos da terra", descendentes daqueles conversos em remotas épocas, os judeus europeus depararam-se com um judaismo indiano de antigas raízes, os judeus do Malabar. Como resultado de séculos de contatos, esses judeus diferenciavam-se pelas suas expressões culturais, pelo idioma - uma variante do Malayalam com expressões judaicas - e também pela cor da pele, sendo designados como "judeus pretos". A existência desses judeus de Malabar era conhecida na Península Ibérica já séculos através de informações trazidas por viajantes.


A chegada dos europeus e dos judeus europeus, porém, determinou sensíveis transformações na vida social e cultural das comunidades indianas. Assim como os "cristãos de São Tomé" tinham consciência dos fundamentos religiosos comuns, mas, também, de uma identidade própria diferenciada, que levaria a movimentos reativos contra pressões integradoras, também os "judeus pretos" da Índia consideravam-se a si próprios como em posição privilegiada (Meyuhassim). Os judeus dominavam em grande parte o comércio de especiariais, como o indicam os grandes depósitos na zona do ancoradouro de Mattancherry.


Por parte dos "judeus brancos", porém, criou-se uma situação marcada por distância quanto aos nativos, o que surge como surpreendente considerando-se que os próprios imigrados haviam experimentado ou passavam por discriminações. Mantiveram-se, assim esferas diferenciadas entre os próprios judeus, com exclusão dos "pretos" de atos sinagogais de "brancos", evitando-se também casamentos mixtos.


Resgate de escravos e transformações culturais - "judeus marrons"


Outra questão que exige particular atenção dos estudos culturais diz respeito ao papel desempenhado por escravos ou resgatados na Índia. Esses escravos, comprados e mantidos por comerciantes de posses, pelo que tudo indica de árabes, passaram a assumir concepções e expressões dos seus senhores, constituindo o que se designou como "judeus marrons" (Meshuhrarim) - libertos, forros ou resgatados.


Passaram a orientar-se culturalmente segundo os imigrados "brancos", ainda que ocupando posição social inferior e sendo alvo de discriminação pela cor de pele, características de um processo identificatório que poderia ser analisado sob a perspectiva de mecanismos conhecidos de outras situações: os conversos, na sua situação de labilidade, procuram afirmar a sua nova identidade comprovando dominar expressões culturais dos grupos em que se integraram, levando a intensificações, a serem mais cientes e conservadores do que aqueles que determinaram a sua transformação religioso-cultural.


Ainda que minoria, essas comunidades de prosélitos assimilaram uma cultura marcada pelas suas tradições ocidentais, provavelmente imbuídas da mística ibérica, tornando-se dela portadores. A temática da escravidão e da libertação, com os seus fundamentos bíblicos da história do povo de Israel, pôde aqui ser relacionada com a própria memória de grupo. Esse conservativismo explicável pelos mecanismos desencadeados pelo processo de mudança de identidade pode explicar o surgimento de uma esfera paralela, ocultada ou estranha à dos "brancos". Somente no século XX é que se procederia, sobretudo na emigração, uma superação de barreiras entre os grupos.


Questão das origens e da história dos "judeus do Malabar" ou "judeus pretos"


Ao chegarem à Índia, os portugueses ali encontraram comunidades judaicas de remotas raízes. A questão de suas origens tem dado margens a diferentes hipóteses. Segundo alguns, os judeus teriam imigrado apenas no início da Idade Média, vindos do Iraque e do Iemen. As origens do Judaismo na Índia remontaria, segundo outros, à épocas mais remotas, à do rei Salomão e à conquista da Judeia pela Babilônia no século VI A.C.. Sobretudo na tradição de Cochim, os judeus teriam chegado à Índia apenas no século I, após a destruição do segundo templo. É possível aqui também supor um complexo processo histórico, constituido de diversas ondas migratórias.


Assim, contrariando a hipótese de uma vinda relativamente tardia de judeus à Índia, pode-se lembrar que já à época apostólica ali viviam, como o indica a tradição da atuaçãode São Tomé na costa do Malabar. Este, convidado para o casamento da filha do rei de Cranganore (Shingli, Shinkali, Ginjalek, Muziris), teria entoado uma canção matrimonial hebraica que teria sido entendida apenas por uma flautista judaica presente. Após o casamento, o apóstolo ter-se-ia retirada para o quarteirão judaico em Cranganore, passando ali a morar. Essa tradição sugere a atuação do apóstolo em meio judaico-indiano e faz até mesmo supor ter sido o conhecimento da existência dessa comunidade que o tivesse para ali dirigido.


Hipótese de difusão: do porto e centro comercial de Cranganor a outras localidades


Segundo a tradição do Malabar, o importante porto e centro comercial de Cranganore  teria sido o centro da presença e de irradiação judaica. Um dos principais da colonia. Sob o ponto de vista religioso-cultural, eram liderados pelo mudaliar, indicado pelo rajá. Com a crescente perda de significado do porto de Cranganor ao redor de 1341, e consequentes diminuição do comércio, os judeus transferiram-se para Cochim e outras localidades, entre elas Chennamangalam. O término da comunidade de Cranganor ter-se-ia dado ou com a chegada dos portugueses ou com o ataque árabe, em 1524, efetuado com o apoio do Zamorim de Calicut, com o objetivo de aniquilar a crescente influência dos judeus no comércio de especiarias, levando à fuga dos judeus a territórios sob autoridade de hindús.

A memória da importância da comunidade judaica de Cranganor permaneceu na tradição; através dos séculos manteve-se o costume de enterrar  judeus em Cochim com um pouco de terra de Cranganor. A pronúncia de Cranganor permaneceu também na tradição das orações da sinagoga de Cochim.


Chennamangalam e a questão de suas origens


Se a sinagoga de Cochim representa um dos maiores monumentos históricos do judaísmo na Índia, a sinagoga da pequena aldeia de Chennamangalam adquire particular interesse sob o aspecto dos estudos culturais relativos aos judeus de Malabar ou "judeus pretos". Pelo seu significado, foi restaurada em 2006 com o apoio financeiro de fundações norteamericanas The Koret Foundation e The Taube Foundation for Jewish Life and Culture de San Francisco, assim como de doadores particulares. Trabalhos de pesquisa entre famílias emigradas levaram a um acervo de fotos e documentos escritos que permitiram, em parte, documentar a vida indo-judaica na pequena localidade e a realização da exposição The Chennamangalam Synagoge.


A história dos judeus em Chennamangalam levanta muitas questões, sendo a reconstrução do seu vir-a-ser e do seu desenvolvimento no decorrer dos séculos objeto de suposições.


Ela abriga a mais antiga inscrição em hebraico conhecido da Índia. Em lápide mortuária conservada ao lado da sinagoga, datada de 1269, podem ser lidas as palavras "Sara bat Israel", (Sara, filha de Israel). Essa inscrição levou o arqueólogo P. Anujan Achan à conclusão que os judeus teriam vindo de Cranganore a Chennamangalam em meados do século XIII, o que seria explicável pela decadência do porto de Cranganore. Supõe-se, também, que Chennamangalam tivesse sido o povoamento judaico mencionado por Ibn Battuta (1307-1377), situado a cinco dias de viagem de Calicut ou Quilão e localizado no cimo de uma colina, com um governador, sujeito a uma taxa a ser paga ao sultão de Quilão.


Pesquisa musical a serviço do esclarecimento do passado indo-judaico


Um caminho que se tem utilizado para o esclarecimento das origens e do obscuro passado histórico de Chennamangalam é o das informações transmitidas em canções. O pesquisador M. Jussay analisou cantos dos judeus em Malayalam de Cochim, interpretando o nome que ali ocorre de Kunja-Kari como sendo Chennamangalam. Uma dessas canções descreve como os judeus de Cochim receberam as mencionadas placas de cobre de Bhaskara Ravi Varman (962-1020 C.E.) garantindo-lhes 72 privilégios, entre eles o direito de usar uma lampada diária e trajes festivos de passeio, o privilégio de tocar um trompete e levantar um palanquim, assim como o direito de cobrar juros.


Na canção O canto do Everayi, menciona-se a migração de judeus de Jerusalem através do Egito, Iemen e Pérsia a Palur, ao norte de Cranganore, de onde ter-se-iam transferido para Chennamangalam.


Na Canção do pássaro, que descreve a migração de um pássaro à India à procura de uma goiaba, o pássaro voa até uma mansão verde situada numa elevação, sendo esta identificada pelo pesquisador como Kunja-Kari, ou seja, Chennamangalam.


Na Canção de Paliathachan, também recitada pelos judeus de Cochin, contava-se que Paliath Achan representava o Chennamangalam Nayar, a autoridade local, cargo existente até 1809.


A ação liberal dessas autoridades locais assume particular relevância para os estudos culturais, pois teriam possibilitado a existência, em harmonia, de comunidades representativas das grandes religiões no pequeno espaço da povoação. Ainda hoje existem em Chennamangalam restos do palácio do Paliyam numa colina, acima mas próxima desses locais de culto, ou seja, de um templo hindu, de uma mesquita, de uma igreja cristã e da sinagoga.



Sinagoga de Chenamangalam e a Inquisição sob os portugueses


A sinagoga de Chenamangalam, como hoje existente, foi construída em 1614. Essa data tem sido interpretada como indicadora da ação da Inquisição nos centros maiores de Kerala e que teria levado à procura de refúgio para os perseguidos na reclusão maior da comunidade interiorana de Chenamangalam, por detrás de altos muros.


O cerimonial nessa sinagoga possuia características sul-indianas. Assim, no Simchat Torah, os judeus de Cochim e Chennamangalam edificavam uma arca temporária, manara, na frente da sinagoga, para os rolos da Tora. Os rolos eram expostos nos dias festivos com revestimentos de prata e ouro, sendo enfeitados com guirlandas de jasmim. As expressões culturais próprias das comunidades eram cultivadas em festas da comunidade e no interior das famílias. As crianças judiais frequentavam a escola localizada no piso superior da sinagoga, passando apenas no século XX a visitar escolas fora da aldeia. Um filho do cantor (hazan) da sinagoga, o Dr. Pinhas ben Abraham Pallivathukal (1937-1989), chegou a alcançar renome fora da comunidade.


Emigração dos judeus de Cochim e Chennamangalam a Israel


A comunidade judaica interiorana de Chennamangalam sempre foi mais reduzida do que a da costa do Malabar. A diminuição da população no decorrer do século XX levou a que, em 1950, apenas 46 famílias ali vivessem.


Em 1948, com a criação do Estado de Israel, os judeus de Cochim tomaram a decisão de emigrar. Em 1949, o primeiro grupo, com 17 membros, deixou a costa de Malabar, entre êles judeus de Chennamangalam.


Digno de atenção é o papel desempenhado por um estudioso de questões culturais, em particular do Folclore na emigração dos judeus indianos a Israel: Immanuel Olswanger. Em 1950, esse pesquisador de origem polonesa visitou Kerala como emissário israelita, motivando à emigração judeus de Cochim, Ernakulam, Mala, Parur e Chennamangalam. Em fins do século XX, todos os judeus haviam deixado Chennamangalam.


Em fins dos anos 90, o governador de Kerala visitou Israel e contatou as organizações judias de Cochim ali existentes, entre elas a associação Kol Mevasser. Consciente da importância do passado judaico nessa região da Índia, o governo de Kerala deu início a um plano de renovação de sinagogas e locais de culto. O primeiro edifício a ser restaurado foi a sinagoga de Chennamangalam, tendo sido inaugurada em fevereiro de 2005.


Grande parte dos judeus de Cochim passaram a atuar em colonias agrícolas israelitas. Alguns deles, casados com judeus não-indianos, transferiram-se para cidades. Hoje, a cultura indo-judaica é fomentada pela Israel India Cultural Association (India's Jewish Heritage: Ritual, Art and Life Cycle", Mumbai, 2002, 2a. ed. 2004).


Na exposição de fotografias montada na sinagoga de Chennamangalam acima mencionada, apresentam-se documentos de algumas famílias que abandonaram a Índia nos anos 50. Entre elas, salientam-se a família Takutham, cujo cabeça era Moshe Tiferet (Takutham), assim como a família Kadvil por ocasião da imigração de Rivka e seu filho Moshe, ambas em 1954. Para fins de estudos da vida cultural e social dos indo-judeus adquirem importância sobretudo fotografias de festas e costumes de casamentos.












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Indicação bibliográfica para citações e referências:

Bispo, A.A. "Judeus no Malabar em suas inserções em processos histórico-culturais desencadeados pelos portugueses - brancos, pretos,marrons". Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 131/6 (2011:3). http://www.revista.brasil-europa.eu/131/Cochim-Judeus_do_Malabar.html






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