Bispo, A.A..Cristãos de São Tomé: origens apostólicas. Revista BRASIL-EUROPA 131/7. Academia Brasil-Europa e ISMPS





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BRASIL-EUROPA

Correspondência Euro-Brasileira©

 

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Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 131/7 (2011:3)
Prof. Dr. A.A.Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e Conselho Científico
da
Organização Brasil-Europa de estudos teóricos de processos inter- e transculturais e estudos culturais nas relações internacionais (reg. 1968)
- Academia Brasil-Europa -
de Ciência da Cultura e da Ciência

e institutos integrados

© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1998 e anos seguintes © 2010 by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados
ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501

Doc. N° 2746


A.B.E.


Referenciações histórico-culturais dos "cristãos de São Tomé" católicos
entre a União do Malabar no Sínodo de Diamper (1599) e a memória das origens na época apostólica



Trabalhos da A.B.E. pelos 500 anos da conquista de Goa por Afonso de Albuquerque.
30 anos do Simpósio Internacional "Música Sacra e Cultura Brasileira" e 20 anos de sessão acadêmica na Universidade Urbaniana em Roma. Paravur - Igreja de Kottakavu Ferona, St. Aloysius High School

 
Paravur. Cochim. Foto A.A.Bispo
No âmbito das atividades motivadas pela passagem, em novembro de 2010, dos 500 anos da conquista de Goa por Afonso de Albuquerque (1510), a A.B.E. retomou trabalhos sobre os "cristãos de São Tomé" da Índia que vem sendo desenvolvidos desde a década de 80 sob a perspectiva dos estudos luso-brasileiros.


Essa atenção aos "cristãos de São Tomé" justifica-se pelo significado que assumem nos estudos voltados a exames de encontros culturais e dos processos históricos daí resultantes, sobretudo sob a perspectiva das relações entre o Ocidente e o Oriente no mundo marcado culturalmente pelos portugueses.


Tendo sido os trabalhos até agora desenvolvidos sobretudo em instituições de pesquisa do Ocidente, decidiu-se retomá-los na própria Índia, em Paravur, Kerala, um dos principais centros memoriais da tradição de São Tomé. Os trabalhos puderam ser, assim, desenvolvidos em diálogo com estudiosos locais.


Paravur. Cochim. Foto A.A.Bispo
Nessa ocasião, procurou-se constatar o estado dos conhecimentos e as perspectivas com que se desenvolvem os estudos entre aqueles que se identificam com a tradição de São Tomé, expondo o enfoque que orienta os trabalhos efetuados no contexto da A.B.E.


A visão local é hoje sobretudo marcada pela preocupação em salientar a antiguidade da história cristã da Índia, relembrando as suas raízes apostólicas e, portanto, anterior à chegada dos portugueses, fato compreensível à luz dos esforços em trazer à consciência que o Cristianismo não representa, em si, um produto da colonização européia.


A preocupação dos trabalhos desenvolvidos no âmbito da A.B.E. tem sido a de examinar o encontro de tradições cristãs orientais e ocidentais e dos processos postos em vigência pela chegada dos portugueses nas suas dimensões e consequências mais amplas, não porém de um ponto de vista histórico-eclesial e missiológico, mas sim sob enfoques teórico-culturais.


Somente a consideração do edifício das concepções e imagens que fundamentou a convicção de uma expansão mundial do Cristianismo pelos apóstolos no primeiro século da história cristã e os antigos conhecimentos geográficos e simbólico-etnográficos é que permite compreender a suposição de ter São Tomé também atuado nas Américas, entre outros no Brasil. A tradição que viu a atuação de São Tomé no Brasil - até mesmo vendo seus vestígios na Bahia - reflete concepções relacionadas com Índias.


Local de reflexões: Paravur - igreja de Kottakavu Ferona


Paravur, distrito de Ernakulam, um dos grandes centros dos "cristãos de São Tomé", é marcado pela igreja de Kottakav Ferona, pertencente à Diocese de Ernakulam, Angamale. Essa igreja assume especial significado pela sua história, pelas suas tradições e por ser centro importante de peregrinações. Com aproximadamente quatro milhões de fiéis, a região possui significativa parcela dos cristãos na Índia, cujo número é calculado em ca. de 28 milhões, dos quais ca. de 18 milhões católicos.


O Catolicismo na Índia é marcado pela distinção entre a igreja latina e as duas orientais, a sírio-malabar e a Malankara católica, ambas em comunhão com a Igreja romana. Essas igrejas e a Malankara ortodoxa foram objeto dos trabalhos desenvolvidos (Veja artigo sobre a igreja Malankara ortodoxa nesta edição).


Paravur. Cochim. Foto A.A.Bispo

A igreja sírio-malabar é organizada administrativamente em 26 dioceses, cinco das quais arquidioceses. Treze desses bispados se encontram no Estado de Kerala. Há considerável número de católicos sírio-malabares nas Américas, havendo uma diocese sírio-malabar em Chicago. A principal curia arquiepiscopal sírio-malabar se encontra no Monte de São Tomé, em Kakkanad, também em Cochim/Kerala.


A igreja de Paravur, construída nos anos trinta do século XX, foi terminada em 1938. Levanta-se em meio a grande área livre, tendo as suas dimensões valorizadas pela perspectiva que se abre do largo fronteiriço. O edifício manifesta, na sua arquitetura, a repercussão de correntes estilísticas ocidentais. As sugestões neo-góticas de seus arcos e janelas indicam também a recepção, ainda que tardia, de intuitos restauradores de cunho historista do Ocidente. Distingue-se, porém, pela integração de elementos mais antigos, entre êles uma cruz persa do século IX.


Na vasta área marcada pela igreja, localizam-se várias construções de significado religioso, eclesiástico e de ensino, entre elas, à frente da igreja, o Muthappante Nada, a instituição escolar S. Aloísio, o salão, o cemitério, a igreja velha, na sua  terceira versão, de 1308, o presbitério, o Theerthakulam, um antigo muro, o Anamathil e a tumba do bispo Francisco Ros S.J..


A memória desse jesuita salienta o significado histórico-cultural de Paravur. Instituído como vicário apostólico pelo Arcebispo de Goa D. Aleixo de Menezes (1559-1617), principal responsável pelo Sínodo de Diamper e a "União do Malabar" (1599), surge como um dos principais nomes de crucial fase da unificação do Cristianismo indiano com Roma.


Esse período tem recebido particular atenção da pesquisa histórica, ainda que sob diferentes tendências quanto à sua apreciação (p.e. Sanjay Subrahmanyam, "Dom Frei Aleixo de Meneses 1559-1617 et l'échec des tentatives d'indigénisation du christianisme en Inde/Dom Frei Aleixo de Meneses 1559-1617 and the Failure of Attempts to Indigenise Christianity in India", Archives de Sciences sociales des Religions 103, 1998, 21-42).


Constata-se, assim, em Paravur, uma situação singular de mudança corretiva de referenciais históricos. Relacionado com um movimento de latinização de comunidades dos séculos XVI e XVII, procura-se, agora, sob condições culturais marcadas pela consciência da união indiana do período pós-colonial, sobretudo salientar a remota origem da corrente cristã a que se prende.



O principal local de veneração é a capela situada por detrás do novo templo, nas proximidades do tanque de água no qual, segundo a tradição, São Tomé realizou o seu milagre que levou à conversão de um brâmane. A capela se levanta no local de um antigo templo, transformado em igreja cristã, construído segundo a tradição por esse converso. O tanque de água é marcado por uma encenação escultórica que representa São Tomé, observado em atitude de reverência por vários hindús que se elevam da água, subindo os degraus em direção ao apóstolo.



Entre essa piscina e a capela conservam-se restos de muros do antigo templo não-cristão. Um fragmento de coluna, com uma cruz denotando a transformação cristã ou o batismo da antiga construção, encontra-se à frente da entrada da capela. Esta é continuamente visitada por fiéis que, de forma compenetrada e silenciosa, mantém perene veneração do Santíssimo.



O ato maravilhoso que teria sido realizado pelo apóstolo - o de lançar água para o alto e ter essa permanecido no ar - pode ser interpretado sob várias perspectivas. Adquire particular significado o fato de ter levado à conversão de um Nambudiri (Namboothiri), ou seja, de representante de brâmanes particularmente conhecidos pela sua ortodoxia. O milagre de São Tomé foi assim praticado perante um portador por excelência da tradição védica e de seus rituais, seguidores de tradições ceremoniais particularmente severas no seu conservadorismo, como a Shrauta e o Purva Mimansa.


O ato de conversão praticado por São Tomé assume, assim, particular significado, pois realizou-se perante um sacerdote, um conhecedor profundo da tradição hindu. O fato de serem os Namboothiri muito cientes da posição elevada de sua casta, atentando em particular aos preceitos de pureza e purificação indica que o processo de cristianização - pelo menos na memória dos cristãos - não remontou àquele das castas inferiores, como em geral ocorreria séculos mais tarde à época dos Descobrimentos, mas sim a representante de casta elevada e de posses.


Contribuições de estudos da tradição popular cantada

Segundo a tradição, o apóstolo São Tomé teria chegado no ano de 52 em Kodungallur, na costa do Malabar. Ainda segundo a tradição, teria fundado sete "e meia" comunidades cristãs (Ezharappallikal) em Kerala. A seguir, teria passado a atuar na costa do Coromandel. Sofreu o martírio no ano de 72, num monte em Mylapore, próximo a Madras (Chennai), onde foi sepultado.

As comunidades que remontam às atividades de São Tomé em Kerala são: Kodungallur, Paravur (Kottakavu), Palayoor, Kokkamangalam, Niranam Chayal(Nilackal) e Kollam (Quilão).  A "meia-igreja" é a da Thiruvithankode, situada em Kanyakumari, no distrito de Tamilnadu, uma igreja síria ortodoxa.  A igreja de Niranam, no norte de Thiruvalla, é também igreja ortodoxa síria (Igreja Síria Ortodoxa Malankara). A igreja de Chayal (Nilackal), ao norte de Sabarimala, distrito de Pathanamthitta, é ecumênica.


A tradição malabar é considerada como particularmente importante como prova do apostolado de São Tomé na Índia. O povo da região tem a consciência de guardar uma remota tradição, transmitida em cantos populares e narrativas cantadas, sendo a mais longa a Rambanpattu, e entre as menores, Veeradayanpattu e Margam Kali Pattu, uma canção de matrimônio. Essas canções narram a vida de São Tomé desde a sua chegada à India, a sua viagem marítima, o seu apostolado e as sete igrejas que ergueu, a sua visita a Coromandel e outras regiões, a sua morte e a sua tumba em Mylapore.


A tradição em Kerala é considerada como um importante testemunho da realidade histórica de um apostolado de São Tomé na Índia. Essa tradição é mantida por cristãos e hindús. Assim, uma família chamada Kalathur-Mama guarda um documento chamado Nagara-garanda-variyola, que contém a notícia de que um Sanyasi estrangeiro chamado Tomé chegara à localidade orando por aqueles que tinham polução. Transmite a data da chegada a Muziris, na vizinhança de Palayoor. Envolve os descendentes de uma família hindú que possuem a memória que os seus ancestrais teriam deixado a aldeia quando o apóstolo converteu outros brâmanes com o milagre no tanque de água onde aqueles faziam o seu banho ritual.


O milagre teria sido visto aqui antes como magia. A tradição diz que 34 de um total de 40 famílias de brâmanes tornaram-se cristãs. Até hoje existem famílias em Kerala que remontam as suas origens aos conversos de Tomé. Outros, considerando-o feiticeiro, abandonaram a localidade. transferindo-se para Venmenad.


Aspectos rediscutidos dos estudos de processos transformatórios


Em primeiro lugar lembrou-se, em Paravur, do desenvolvimento e da situação atual dos estudos relativos ao encontro de católicos europeus e cristãos da Índia à época dos Descobrimentos.  Salientou-se que já há 25 anos atrás, em simpósio internacional realizado em Roma, reconheceu-se que esses estudos não podem ser desenvolvidos sem a consideração das diferenças na própria cultura católica romana com a qual os cristãos da Índia se confrontaram.


Os cristãos da terra tomaram contato não apenas com marujos, soldados e homens do povo que traziam expressões religiosas tradicionais, mas também com padres seculares e religiosos de ordens provenientes de distintos contextos histórico-culturais e portadoras de diferenças quanto à cultura teológica, à espiritualidade e a procedimentos missionários.


A consideração dessas diferenças faz-se necessária sobretudo para a compreensão adequada dos processos de transformação cultural marcados por intuitos de uniformização e movimentos de reação vinculados sobretudo com a ação dos jesuítas.


Os cristãos da Índia entraram em contato aqui com representantes de uma corrente de reforma interna da Igreja que projetaram as suas concepções de vida religiosa na militância missionária a favor de um Cristianismo bem compreendido segundo os seus próprios critérios. Um desses aspectos dizia respeito à compreensibilidade do que se orava.


Francisco Xavier, ao encontrar cristãos de São Tomé na ilha Socotra, notou que esses fiéis se entendiam como sendo cristãos, mas pouco sabiam. Não sabiam ler nem escrever, e não possuiam textos. Os seus guias chamavam os fiéis não com sinos, mas sim com toques de madeira, como se fazia na Europa à época da Semana Santa ("matracas") (Ep. 15, 124).


Sabendo-se que uma das características da Companhia era a dispensa do canto dos ofícios - para deixar mais tempo à militância -, pode-se perceber um certo tom negativo na constatação de Francisco Xavier de que os cristãos de São Tomé conheciam muitas orações de horas e iam quatro vezes por dia à igreja, pela manhã, às Vésperas, à Completa e à noite, mas que não entendiam o que oravam, pois as preces eram em idioma desconhecido para êles, provavelmente caldeu. Francisco Xavier registrou algumas orações nessa língua e assistiu a uma véspera dirigida por um desses "cacizes", que eram casados. Notou a longa duração da cerimônia e o uso excessivo de incenso.


Constata-se, nessas palavras, o confronto cultural dentro do próprio Cristianismo, marcado por uma atitude crítica à luz de convicções dirigidas à reforma interna do Catolicismo na Europa com relação a práticas consuetudinárias dos cristãos de São Tomé. Estes se viram confrontados com um tipo de religiosidade que dava maior ênfase ao aspecto racional da compreensão de textos cantados e rezados em detrimento a qualidades de cunho sacral de idiomas e da música. (Bispo, A.A., Grundlagen christlicher Musikkultur in der außereuropäischen Welt der Neuzeit, Musices Aptatio 1987/88, Roma 1989, 599).


Canto de horas e adoração da cruz dos nativos e o culto a santos dos portugueses


Um relato de viagem ao principal centro dos cristãos de São Tomé, Angamale, na passagem de ano 1556/57, oferece dados significativos a respeito das transformações que se processavam com o contato entre os cristãos nativos e os portugueses.


Angamale é descrita como uma espécie de cidade universitária para esses cristãos da terra. A direção cabia a um erudito de grande renome (Mar Abuna Iacobo), que ali atuava já há 50 anos e tinha muitos discípulos na costa do Malabar. Esses aprendiam desde o início em idioma siríaco. Quanto ao culto, observavam as horas do ofício de manhã e à noite, e muitos fiéis vinham duas vezes ao dia para a adoração da cruz. As diferenças com relação ao Catolicismo Romano eram ainda grandes. A mais evidente quanto aos costumes era a de que não usavam sinos. No seu lugar, empregavam uma "viga de madeira pendurada por duas cordas" e que era percutido com um bastão de marfim. Havia, porém, traços de uma adaptação ao Cristianismo ocidental. Originalmente, não possuiam imagens de santos; nos lugares, porém, onde tinham entrado em contato com portugueses, a situação mudara. Das suas expressões populares, notava-se a importância dos almoços fúnebres e que os portugueses chamavam de "chatas" (do Malayaam "chattam", funerais) e que podiam ser comparadas com os "saimentos" de Portugal (fontes em Bispo, A.A., op.cit. 628)


Mudanças na concepção e na prática sacro-musical sob a influência jesuítica


Desde 1553 subordinavam-se ao Patriarca caldeu João Sullaqa (+1555), que recebeu o Pallium em 1553 do Papa Julio III e que se empenhou pela união com Roma. Uma carta do Pe. M. Nunes Barreto SJ de Cochim, de 31 de dezembro de 1561 manifesta uma admiração pelos "cristãos da serra", que viviam em ambiente inimigo, sem apoio religioso e, mesmo assim, mantinham a sua fé, em especial a sua devoção pela cruz. Todos os dias, antes do por do sol, reuniam-se para rezar salmos e lições em caldeu, o mesmo fazendo ao raiar do dia, enquanto os seus padres, os Caçanares, pronunciavam as matutinas e o povo respondia piedosamente com "aleluias". Em contato com esses cristãos, sentiu a necessidade que algum jesuita aprendesse o caldeu, uma vez que esses cristãoa pouco respeito tinham para com o latim. Enviado pelo Patriarca caldeu, chegou, em 1558, um bispo católico para Angamala. Após a morte do seu sucessor Mar Abraham (+1597), Angamala foi submetida a Goa. Já em 1578 os jesuítas ali festejaram a festa da Assunção de Nossa Senhora com música polifônica, chirimias e flautas. (Bispo, A.A., op. cit. 721)


A União do Malabar no Sínodo de Diamper e suas expressões


O ponto culminante do processo de aproximação - e latinização -, de graves consequências, deu-se com a "União do Malabar" concretizada pelo Arcebispo Alexius de Menezes de Goa (1559-1617) com o Sínodo de Diamper, em 1599. Durante a visitação feita por esse arcebispo às comunidades dos cristãos nativos em regiões distantes do Malabar, os cristãos de Carturte decidiram-se unir a Roma. Essa união foi justificada pela intensa adoração da cruz pelos indianos. No domingo de Páscoa, prestaram obediência ao Arcebispo. Em Vaipicota, a obediência foi prestada pelo arquidiácono dos cristãos de São Tomé.


O Sínodo de Diamper, perto de Cochim, teve lugar de 20 a 28 de julho de 1599. A união com Roma foi simbolizada também sob o ponto de vista musical. A missa pontifical de abertura do sínodo foi celebrada com a participação de representantes de diferentes comunidades, grande número de religiosos católicos, do Capítulo de Cochin com a sua capela musical.


Ao término do Sínodo, o Arcebispo entoou o Te Deum laudamos e realizou-se uma procissão solene ao redor da igreja, aberta com danças populares. Os participantes cantaram durante a procissão cantigas de igreja na língua malabar; a elas siguiam os caçanares, que entoavam hinos e salmos em caldeu. Por fim vieram os religiosos católicos, cantando os mesmos salmos em latim. O canto dos mesmos textos em três línguas, sem criar confusão, devia demonstrar a mesma fé e a mesma caridade.


No dia 4 de agosto de 1600, a Diocese sírio-malabar de Angamale tornou-se sufragâneo de Goa pelo breve In supremo militantis. O seu primeiro bispo sob o Padroado Português foi o jesuíta Francisco Roz. Ainda nesse ano realizaram-se traduções de livros litúrgicos, entre eles o Missal syriaco para uzo da igreja de Malabar. Em 1608, sob Paulo V (1605-1621), o bispo de Angamale tornou-se novamente Arcebispado, sendo a sede do Arcebispo Cranganore. (Bispo, A.A. op.cit. 722)






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Indicação bibliográfica para citações e referências:

Bispo, A.A. (ed.). Referenciações histórico-culturais dos cristãos de São Tomé católicos entre a União do Malabar no Sínodo de Diamper (1599) e a memória das origens na época apostólica". Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira 131/7 (2011:3). http://www.revista.brasil-europa.eu/131/Cochim-Cristaos_de_Sao_Tome.html



  1. Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui aparato científico. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição e o índice geral da revista (acesso acima). Pede-se ao leitor, sobretudo, que se oriente segundo os objetivos e a estrutura da Organização Brasil-Europa, visitando a página principal, de onde obterá uma visão geral e de onde poderá alcançar os demais ítens relativos à Academia Brasil-Europa de Ciência da Cultura e da Ciência (culturologia e sociologia da ciência), a seus institutos integrados de pesquisa e aos Centros de Estudos Culturais Brasil-Europa: http://www.brasil-europa.eu


  2. Brasil-Europa é organização exclusivamente de natureza científica, dedicada a estudos teóricos de processos interculturais e a estudos culturais nas relações internacionais. Não tem, expressamente, finalidades jornalísticas ou literárias e não considera nos seus textos dados divulgados por agências de notícias e emissoras. É, na sua orientação culturológica, a primeira do gênero, pioneira no seu escopo, independente, não-governamental, sem elos políticos ou religiosos, não vinculada a nenhuma fundação de partido político europeu ou brasileiro e originada de iniciativa brasileira. Foi registrada em 1968, sendo continuamente atualizada. A A.B.E. insere-se em antiga tradição que remonta ao século XIX.


  3. Não deve ser confundida com outras instituições, publicações, iniciativas de fundações, academias de letras ou outras páginas da Internet que passaram a empregar designações similares.




 









Fotos A.A.Bispo
©Arquivo A.B.E.