Doc. N° 2184
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
106 - 2007/2
Estudos bismarckianos da perspectiva dos estudos euro-brasileiros 130 anos de entrega do retrato de Herbert von Bismarck a Pedro II°
Doebbelin. Trabalhos da A.B.E., março de 2007
A.A.Bispo
Em 1877, o imperador do Brasil Pedro II° recebia, como presente, um retrato do Príncipe Herbert von Bismarck, executado em aço pelo gravador C. F. Merckel, de Leipzig. O artista pedira, em carta de 9 de julho daquele ano, permissão para oferecer-lhe aquele seu trabalho. Pedro II° aceitou o presente e enviou carta ao Enviado Extraordinário e Ministro Plenipontenciário do Brasil na Alemanha, Barão de Jauru, Conselheiro César Sauvan Viana de Lima, mensagem solicitando que apresentasse ao gravador os seus agradecimentos (Arquivo Nacional, Dom Pedro II e a cultura, Rio de Janeiro, 1977, pág. 540).
Não se saber por que razão C.F.Merckel tomava a iniciativa de oferecer tal presente ao imperador do Brasil. Tem-se levantado a suposição de que teria agido por sugestão do próprio Herbert von Bismarck. Em todo o caso, esse singular fato histórico-cultural chama a atenção para a necessidade de estudos mais aprofundados das relações culturais entre o antigo Império Alemão e o Brasil. Tratando-se de época de importância particular para a história da imigração ao Brasil, o vulto de Herbert von Bismarck (1849, 1904) assume especial interesse. Esse filho mais velho de Otto von Bismarck, o fundador do Império Alemão de 1871 (1815-1898), encontrava-se desde 1874 a serviço do Ministério do Exterior, tendo atingido o ápice dessa sua carreira diplomática como Secretário de Estado em 1886.
Os estudos bismarckianos em geral, sobretudo com relação à política externa do império, merecem maior atenção nos estudos das relações euro-brasileiras. Precisariam, para isso, ser relidos e desenvolvidos sob perspectiva e critérios teóricos adequados segundo o debate atual dos estudos culturais. Considerando também que membros da família Bismarck mantém até hoje vínculos com o Brasil, explorados também pela mídia, o tema surge como singularmente atual.
O seu significado para os estudos culturais, porém, diz respeito sobretudo às análises do ideário dos alemães vindos ao Brasil no século XIX e da sua influência nos intuitos de manutenção da identidade alemã. As posições de Bismarck precisariam ser melhores estudadas para a avaliação adequada de suas extensões e eventuais adaptações na vida dos colonos alemães no Brasil.
Os estudos históricos e culturais relacionados com Otto von Bismarck não podem deixar de considerar duas localidades na região do Elba e Altmark. A cidade natal do estadista, Schönhausen, no Elba, mantém o Museu Bismarck e Doebbelin, a 20 km de distância, possui a residência da família.
O castelo de Doebbelin é a mais antiga residência de uma família nobre na região do Altmark. É sede da família von Bismarck no Altmark há 19 gerações. Nos últimos anos, restaurações externas e internas devolveram ao conjunto histórico o brilho que teve no passado e correspondente ao significado da história prussiana. Os seus proprietários procuram dar à casa um cunho aberto, permitindo visitas e organizando recepções às quais convidam os habitantes da pequena localidade. De relevância internacional são os eventos musicais de verão que ali se realizam e nos quais participam artistas de renome. Sobretudo o mundo natalino tem sido curiosamente relacionado com o nome de Bismarck.
Os fundamentos mais antigos do complexo arquitetônico são as caves em cúpula do século XIII. Também a chama "casa das pombas" possui um teto em forma cilíndrica que remonta a esse século; a construção de madeira e argila, na técnica tradicional da região, é posterior, do século XVII. O edifício principal foi construído em 1736 em estilo barroco a mando de Hans-Christoph von Bismarck e sua mulher, Maria von Jagow.
Assim como a decoração interna, também o parque do palácio foi modificado várias vezes no decorrer dos séculos. Entre árvores centenárias e um lago, estátuas e um mausoléu da famíla transformam-no em local ideal para concertos ao ar-livre.
Uma pequena igreja, remontante ao século XII, guarda os restos mortais dos membros da família.
Com uma visita a essa localidade, a A.B.E. deu início às reflexões relativas às possibilidades de desenvolvimento dos estudos prussianos em geral e bismarckianos em particular sob a perspectiva intercultural, em especial euro-brasileira.
Os debates deverão ter prosseguimento.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).