Doc. N° 2137
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
104 - 2006/6
Sabedoria/Cultura e ideais premonstratenses
Ilbenstadt
Círculo euro-brasileiro de estudos culturais de Hessen
Entre os monumentos visitados no contexto do Circuito Euro-Brasileiro de Estudos Culturais de Hessen, da Academia Brasil-Europa, destacou-se o antigo convento premonstratense de Ilbenstadt.
Essa construção é de interesse histórico-artístico e cultural internacionalmente relevante, pois representa uma das igrejas mais importantes do Românico e um dos primeiros conventos dos Premonstratenses na Alemanha, extinto em 1803. Os Premonstratenses também atuam no Brasil. Sob o ponto de vista musicológico, assume a igreja de Ilbenstadt importância sobretudo pelo seu magnífico órgão do século XVIII, com fachada de J. Onymus, da Mogúncia, de 1733/35.
À luz do tema "Sabedoria e Cultura", teceram-se reflexões acerca da espiritualidade da ordem dos Cônigos Regulares Premonstratenses, ordem fundada por São Norberto, cônego de Colonia, posteriormente bispo de Magdeburgo. O seu intento primordial foi o de reformar a vida religiosa dos capítulos das catedrais. A denominação da ordem deriva do fato de S. Norberto ter instalado a comunidade em Premontré, nas proximidades de Laon, França (1120). A regra finalmente adotada foi a de Santo Agostinho.
Característica dos Premonstratenses é a integração de ideais monacais aos objetivos de vida próprios dos canônicos regulares: louvor divino em coro e zelo pelas almas aliados a espírito de penitência contínua. Além dessas finalidades, dedicam-se intensamente ao culto eucarístico e à devoção mariana.
Além das reflexões concernentes a esses ideais premonstratenses sob o aspecto do tema Sabedoria e Cultura, deu-se particular atenção às representações simbólicas existentes na igreja de Ilbenstadt, de origem no século XII.
Entre essas imagens, considerou-se em particular a representação da luta entre centauros e leões sob o aspecto da continuidade de concepções mitológicas na tradição cristã. Com base nas discussões relativas à tipologia e anti-tipologia na hermenêutica medieval e nas expressões culturais tradicionais ainda hoje vigentes no Brasil, desenvolvidas nos eventos da A.B.E., tratou-se do símbolo do centauro à luz do problema Sabedoria/Cultura. Salientou-se o aspecto negativo da figura do homem-centauro, tratando-se dos problemas de antropologia simbólica por ele representado. O centauro - ou sagitário - representaria o homem de cultura e espírito, movido pelo entusiasmo e por um espirito que sente ser privilegiado, mas sem possuir sabedoria. Como um cavalo sem rédeas movimenta-se em contínua agitação, caindo numa roda viva sem sentido que transforma a sua vida em contínua atribulação (roda de Ixion, o pai dos centauros e outras representações mitológicas).
Essa interpretação foi discutida diferenciadamente com base em fontes históricas. Nesse contexto, debateu-se a função negativa para a sociedade e para o progresso dos conhecimentos de personalidades que correspondessem ao tipo representado pelas imagens simbólicas. Os estudos deverão ter continuidade.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).