Doc. N° 2142
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
104 - 2006/6
Fundação Castro Maya: Chácara do Céu e Museu do Açude (Rio de Janeiro
Instituição em foco
No quadro do seu programa de estudos "Cultura, Natureza, Música", a Academia Brasil-Europa tem considerado a concepção e o trabalho de instituições do Brasil e do Exterior que se destacam sob a perspectiva de uma ciência da cultura de orientação ambiental.
No mês de dezembro de 2007, representantes da A.B.E. visitaram os Museus Castro Maya no Rio de Janeiro, a Chácara do Céu, em Santa Teresa, e o Museu do Açude, no Alto da Boa Vista. ambos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
No centro das atenções esteve a vida, a obra e as concepções de Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968). Essa múltipla personalidade de brasileiro nascido em Paris, influente da vida cultural e social brasileira do século XX, assume posição significativa no âmbito dos estudos euro-brasileiros, em particular franco-brasileiros.
A relevância atual de seu pensamento e seu legado, porém, manifesta-se sobretudo nos elos que via e que criou entre cultura e meio-ambiente. Essa temática, de premente atualidade, encontra nas residências-museus de Castro Maya expressões e concretizações históricas, oferecendo assim possibilidades de aprofundamento temporal da discussão referente ao binômio Cultura/Natureza ou Cultura/Meio-Ambiente.
O relacionamento entre o patrimônio cultural e o natural é objetivo explícito do Museu do Açude. O museu está instalado numa antiga propriedade de Castro Maya no Alto da Boa Vista, em plena Floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo. A residência foi reformada em estilo neocolonial na década de vinte. O objetivo ambientalista-cultural da instituição se manifesta sobretudo na sua própria localização, em diálogo poético-cenográfico do edifício com a paisagem que dele se descortina. As coleções que abriga oferecem sobretudo possibilidades de análise de visões de cultura de determinada época e esfera social no Brasil: objetos artísticos do Oriente, louça e azulejaria de Portugal, porcelana da Companhia das Índias, mobiliário brasileiro do passado. A disposição dos objetos, em parte também expostos em espaços abertos, oferece possibilidades de comparações museológicas por ex. com o Sítio Burle Marx, em Guaratiba. Com o patrocínio do programa Petrobrás Artes Visuais, obras de arte contemporânea encontram-se instaladas permanentemente ao ar livre, estabelecendo assim relações concretas da arte com o meio ambiente.
A Chácara do Céu, no tradicional bairro de Santa Teresa, patrimônio herdado por Castro Maya, apresenta um edifício de construção mais recente, um projeto dos anos cinqüenta, do arquiteto Wladimir Alves de Souza. As reflexões relativas ao diálogo entre a arquitetura, a arte e a natureza encontram aqui uma situação diversa àquela do Museu de Açude, uma vez que a modernidade da residência-museu impõe outro tipo de considerações e contextualizações daquelas influenciadas pelo neocolonialismo da casa da Floresta da Tijuca. Também aqui tem-se uma posição extraordinariamente privilegiada da edificação, possibilitando um vista ampla do Rio de Janeiro e da baía.
A coleção de obras de arte da Chácara do Céu inclui obras de pintores e escultores de renome nacional e internacional - entre outras o maior acervo de Portinari - e, particular relevante sob o ponto de vista dos estudos culturais, uma considerável coleção de mapas relativos ao Brasil e representações visuais de viajantes do século XIX, entre eles desenhos de Jean-Baptiste Debret.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).