Doc. N° 2112
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103 - 2006/5
Dimensões simbólicas da militância na arquitetura religiosa Significado para a preservação de expressões culturais em processos de mudança confissional Marienheide
Circuito euro-brasileiro de estudos culturais na região de Oberberg e no Vale do Agger
Um dos objetivos do Circuito euro-brasileiro realizado no conjunto das "igrejas coloridas" (Bunte Kerken) da região de Oberberg, Renânia do Norte/Vestfália, foi o de demonstrar a utilidade de estudos comparativos e interculturais para os estudos de História da Arte, tanto na Europa como no Brasil.
Um dos aspectos tratados no exemplo da "Wehrkirche" de Müllenbach, em Marienheide, disse respeito à questão das igrejas com caráter de fortificação, conhecidas do Brasil sobretudo dos primeiros séculos do período colonial.
No caso de capelas de fortalezas - como a capela de Santa Bárbara da Fortaleza de Santa Cruz, Niterói - a existência de elementos da arquitetura militar explica-se por razões práticas de defesa.
Em muitos outros casos, em aldeias missionárias e povoados, à parte de possíveis funções práticas, percebe-se apenas uma intencionada expressão de marcialidade. Em geral, os elementos próprios da arquitetura militar apresentam-se como sendo sem utilidade real de defesa em edifícios sacros, seja pela sua disposição na construção, seja pela própria localização da igreja.
Assim, torna-se difícil tirar conclusões históricas concretas a respeito da necessidade de defesa de comunidades contra inimigos - por exemplo índios - a partir da existência de igrejas com aspecto de fortalezas.
A interação entre o militar e o sagrado elucida-se a partir de uma perspectiva mais profunda, analisando-se as bases teológicas da militância da Cristandade e da imagem da igreja-forte.
O estudo das igrejas fortificadas no Brasil deve ser inserido na análise global das manifestações desse simbolismo. Também na Europa tem-se constatado que muitos dos elementos militares na arquitetura sacra nunca tiveram função real de defesa. Em geral, esses elementos surgiram até mesmo apenas nos séculos XV e XVI.
A igreja de Marienheide, entretanto, indica um tipo mais antigo dessas construções, e nela se presume uma função prática acentuada. A igreja parece ter servido aqui como refúgio para os habitantes em tempos de perigo e necessidade. Tendo surgido de uma capela batismal ou de um oratório, uma construção simples de madeira, foi reedificada na segunda metade do século XI, quando monges do convento de São Severino, de Colonia, missionaram a região. Tratando-se, portanto, de um exemplo de arquitetura sacral de missão na Europa Central, as reflexões se dirigiram a comparações com a construção religiosa nas missões do passado brasileiro.
As considerações se concentraram nos aspectos simbólicos que unem a militância à propagação religiosa, independentemente das circunstâncias reais nos diferentes contextos.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).