Doc. N° 2114
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
103 - 2006/5
Fundamentação bíblica de representações inigmáticas na cultura Significado para a preservação de expressões culturais em processos de mudança confissional
Mallorca: Cavallets
No âmbito dos trabalhos da Academia Brasil-Europa dedicados a questões relativas às transformações confissionais nas suas implicações culturais, foram consideradas várias expressões culturais ibéricas que continuam sendo cultivadas até hoje em países latino-americanos.
Entre os pontos tratados, considerou-se a fundamentação bíblica da tradição dos Aguinaldos e das Posadas em Navarra e em países da América Central, em particular no México. O mesmo se deu com relação às tradições pastorais do período do Natal, dando-se especial atenção às transformações das formas exteriores de concepções, por exemplo de instrumentos (gaita, foles, pito e tambor. flauta, chirimia, tamborim, apitos, ferrinhos).
As tradições relativas ao presépio foram discutidas com base nos resultados de debates anteriores em eventos da A.B.E., dando-se especial atenção à noção de gruta nas suas conotações simbólicas. A Pastorada da Espanha foi analisada segundo a sua justificação teológica, dando-se particular ênfase à questão do Feminino nas tradições.Comparativamente, tratou-se da Pastorela no México, na Jamaica e do Pastoril no Brasil, nas suas formas particulares nas diversas regiões (Alagoas, Goiás, Espírito Santo, Paraíba). Atenção particular foi dada à pandeireta do Pastoril nas suas formas européias e latinoamericanas.
Prosseguindo os estudos que se desenvolvem a respeito das Mascaradas na Europa e na América Latina, tratou-se da fundamentação bíblica de tais expressões e da possibilidade de sua consideração no caso de mudança confissional.
Foram analisadas várias expressões centralizadas em símbolos-animais presentes até hoje em presépios, em particular do boi(touro) e do burro. Entre outras, tratou-se do Torito no México, no Equador, em San Salvador, Guatemala e Colombia, comparando essas manifestações com o Bumba-meu-boi do Brasil. A diferenciação do Boi no Maranhão (Boi zabumba, matraca, orquestra) foi analisada de acordo com a sua justificação bíblica, corrigindo-se as interpretações da literatura folclórica e etnomusicológica correspondente.
O simbolismo da Cuica/Puíta foi refletido também com base na sua fundamentação hermenêutica, revendo-se as falsas interpretações da literatura etnomusicológica a respeito. A necessidade de revisão crítica também foi salientada relativamente a tradições que incluem o símbolo do cervo ou do veado.
O desaparecimento de expressões culturais que se definem expressamente pela figura do burro em algumas regiões latino-americanas não significa que as suas bases simbólicas estejam extintas. Sob a forma de Mula, Mulinha ou Burrinha, esse símbolo, de antiga tradição bíblica e da Antiguidade não-cristã, permanece viva no simbolismo lúdico católico de vários países. Analisou-se, como exemplo, a Mulinha cultivada na Bahia e as correspondentes tradições de origem brasileira em Benim.
O símbolo do Cavalo Marinho, significativo nas tradições de Reis no Brasil, foi analisado comparativamente com os Cavallets em Mallorca. As diversas hipóteses relativas às origens dessas tradições, sobretudo aquela que diz respeito a uma suposta cristianização de dança muçulmana, foi submetida a exame crítico. Os seus elos com tradições similares na França do passado foram salientadas. Sobretudo tratou-se da fundamentação teológica de tal simbologia, o que exige revisão de interpretações da literatura correspondente. Somente uma consideração dessas bases bíblicas poderá contribuir à manutenção dessas expressões tradicionais mesmo após mudanças confissionais de comunidades.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).