Doc. N° 2116
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
103 - 2006/5
Estudos histórico-culturais de processos eclesiais de perda de hegemonia: De situação de predominância a enclave confissional Gimborn: O "País de Schwarzenberg"
Circuito de estudos culturais de Oberberg e Vale do Agger
Para o encerramento do circuito euro-brasileiro de estudos culturais de Oberberg, desenvolvido pela A.B.E., escolheu-se o domínio do Castelo de Gimborn. Esse monumento, hoje sede de uma academia internacional de estudos policiais, apresenta uma história profundamente vinculada àquela das transformações confissionais e suas reações em nível internacional.
Como centro histórico da região onde se desenrolou o circuito de estudos, o domínio de Gimborn pareceu ser ideal do ponto de vista simbólico para as reflexões finais. Além do mais, o castelo oferece, na história de seus antigos proprietários, von Schwarzenberg, vínculos estreitos com a história religiosa da Europa na sua luta contra os muçulmanos e com a ordenação política determinada por diferenças confissionais.
Gimborn surge, em certa época de sua história, como bastião e/ou exclave de uma rêde católica internacional em meio do processo reformador nas regiões rurais da Alemanha Central. Por essa função, o local oferece sugestões para o tratamento de questões atuais relativas ao processo de decatolização do Brasil com o aumento extraordinário de grupos religiosos de outras confissões.
Os documentos históricos mais antigos comprovam o enraizamento de Gimborn na história católica medieval. Burgo já citado em fontes do século XIII, passou à tutela do convento de São Gereão, de Colonia, no século XV. Da capela primitiva do burgo, do século XIV, ainda se conservam dois sinos.
Após a extinção da linha masculina da estirpe de Gimborn, diversas famílias se sucederam como proprietários do castelo. Em 1550, através de casamento contraído, o Freiherr Wilhelm zu Schwarzenberg deu início a uma soberania que durou séculos e que marcou profundamente a região, sendo esta até mesmo conhecida pelo seu nome. O seu filho, Adolf, ficou renomado pelos seus feitos militares à frente de tropas imperiais contra os turcos e pela conquista da fortaleza de Raab. O seu filho, por sua vez, Adam, entrou a serviço do príncipe eleitor de Brandenburg, salientando-se por seu caráter destemido e enérgico. O domínio de Gimborn, cujo novo castelo foi construído em 1602, aumentou consideravelmente no século XVII, englobando povoações tais como Gummersbach, Strombach e outras.
Os vínculos da família von Schwarzenberg com os católicos Habsburgs causaram problemas com o Príncipe Eleitor Friedrich Wilhelm de Brandenburgo, Duque da Prússia, levando à prisão do conde Adam zu Schwarzenberg. O seu filho, Johann Adolf, procurou refúgio em Viena, deixando Gimborn a cargo de funcionários. Em 1782, a propriedade foi vendida ao conde de Wallmoden, um general dos exércitos de Hannover/Grã-Bretanha. Em 1896, Napoleão nomeou o seu cunhado Joaquim Murat a Duque de Berg e Mark. Todo o território de Oberberg foi dividido em três cantões. Gimborn-Neustand, então Gummersbach, foi submetido ao Arrondissement Siegen.
Após a derrota de Napoleão na Lípsia, em 1813, a região se libertou do jugo napoleônico. Pelo Congresso de Viena (1814-1816), o ducado de Berg passou à suserania da Prússia. Os reis prussianos - e mais tarde imperadores alemães - passaram a ser senhores do território. Em 1813, o castelo havia sido vendido ao conde de Meerveld, passando em 1835 ao conde de Stolberg-Stolberg. Franz-Egon von Fürstenberg o comprou em 1847.
As reflexões foram dirigidas sobretudo às conexões políticas globais em que se insere a história de Gimborn e os seus vínculos múltiplos com a história do conflito do Islamismo e da Cristandade e do movimento de reformação e contra-reformação dentro do próprio Cristianismo. As estruturas que podem ser detectadas no processo histórico serviram como ponto de partida para a consideração de situações brasileiras. Os trabalhos deverão ser prosseguidos no âmbito de outro circuito de estudos culturais.
Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).