No âmbito dos trabalhos da Academia Brasil-Europa dedicados a questões relativas às transformações confessionais nas suas implicações culturais, foram consideradas várias expressões culturais ibéricas que continuam sendo cultivadas até hoje em países latino-americanos. Quais seriam as possibilidades de sobrevivência de figuras que surgem como enigmáticas das tradições católicas sob a influência de movimentos evangelicais?

As expressões culturais da Catalunha, em especial em Barcelona, e suas implicações para a América Latina foram alvo de particular consideração. Um dos complexos culturais tratados foi o relacionado com um ímbolo de grande significado para Barcelona, mas até hoje pouco elucidado pelos estudiosos. Trata-se da Tarasca, também conhecida da tradição de outras cidades espanholas, por exemplo de Madrid e Granada.

A pesquisa histórica já revelou documentos iconográficos relativos a essa figura no passadp.. A Tarasca de Barcelona assemelha-se a um monstro de carapaça escamada.

A questão da origem desse símbolo e da justificativa de sua inclusão nos festejos profanos de festas católicas, em particular do ciclo natalino, foi tratada por diferentes autores. Ela não foi, porém, até hoje suficientemente ilucidada.

Entretanto, se considerada a partir da perspectiva teológica adequada, é uma imagem de compreensível explicação. Para isso, torna-se necessário considerar a imagem de Behemoth no Antigo Testamento, conceitos correspondentes no livro da Apocalipse e suas interpretações patrísticas (Jerônimo, Teodoreto, Agostinho e Gregório Magno).

Nas reflexões, foram consideradas formas similares de representação dessa concepção simbólica nas tradições latino-americanas, por exemplo em Cuba e no Brasil. Tratou-se pormenorizadamente dos elos que ligam a Tarasca à Coca/Cuca de contextos luso-brasileiros.

Os conceitos elucidados e analisados pioneiramente no âmbito dessas reflexões serão considerados pormenorizadamente em publicação da A.B.E.

Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).