Doc. N° 2089
Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
101 - 2006/3
Museologia da emigração. Museu do Emigrante Canário Visita em Teguise, Lanzarote
A museologia da migração e da colonização tem sido constante objeto de estudos da Academia Brasil-Europa e das instituições a ela vinculadas. Museus de colonos alemães e italianos no Brasil, seja em Caxias do Sul, Nova Petrópolis ou Joinville, foram já por várias vezes visitados e comentados. Salienta-se, no caso, a sessão específica realizada no âmbito do Forum Rio Grande do Sul do Congresso de Estudos Euro-Brasileiros, em 2002. No decorrer dos trabalhos de 2006, à luz das discussões relativas à questão da possibilidade de estudos sistemáticos e comparativos de processos migratórios no Brasil e na Europa, realizaram-se visitas a instituições européias dedicadas à emigração, à documentação de sua história e aos estudos correspondentes. Em maio do corrente ano visitou-se o Museo del Emigrante Canario, situado na cidade de Teguise, na ilha de Lanzerote, entidade que está cumprindo os seus 15 anos de existência. Como o seu nome indica, o museu tem como objetivo a documentação história, o fomento e a divulgação de estudos relativos aos emigrantes canários que tiveram que abandonar o arquipélago e partir para a América Latina no decorrer dos séculos XIX e XX. O museu serve também e sobretudo para a formação de consciência dos habitantes da ilha a respeito do passado migratório e de suas conseqüências. Tem-se criado laços com associações de emigrados canários na América e organizado exposições relativas à emigração, mestiçagem, pirataria e outros temas, transformando a instituição em centro de significado para o estudo das relações transatlânticas. Nele está localizado também um Centro Internacional para la Conservación del Patrimonio. O museu está localizado no castelo de Santa Bárbara, também conhecido com o nome de Castelo de Guanapay, um forte construído no alto do vulcão Guanapay, a 135 metros acima da cidade Teguise. Esse forte, do início do século XIV, edificado por Sancho de Herrera, tinha como objetivo dar proteção aos habitantes da cidade por ocasião de assaltos de piratas. No século XVII, foi reforçado. O museu inclui documentos diversos provenientes de arquivos e objetos de emigrados, fotografias, gravuras, mapas, cartas pessoais, modelos de navios e instrumentos musicais. São documentos que dizem respeito sobretudo aos canários que abandonaram a ilha na segunda metade do século XIX por motivos de uma grande sêca em direção a Cuba, Venezuela, Argentina, Uruguai e Estados Unidos, sobretudo Flórida. Nos últimos anos, constata-se uma crescente atenção das autoridades pelos canários a seus emigrados e descendentes na América Latina. Em novembro de 2004, realizaram-se as primeiras jornadas de integração social e cultural com os emigrantes canários. Como Efraín Medina, vice-conselheiro de Emigração Canária ressaltou, as Canárias fizeram história no terreno da emigração graças a uma crescente sensibilidade e à cooperação de muitos dos dois lados do Atlântico. Na prática, os esforços são dirigidos no sentido de ajudar a uma autêntica integração tanto dos emigrantes nos países latino-americanos quanto dos retornados. As associações canárias nos diferentes países latino-americanos desenvolvem intenso trabalho social nas colonias e mantém relações com a administração das ilhas. Salienta-se aqui as sociedades de Cuba, por exemplo o Centro de Día "Renascer" da Asociación Canaria "Leonor Pérez Cabrera" de Havana, e aquela relativas ao Uruguai. O projeto "Escuela Islas Canarias", apoiado pelo governo canário, tem como objetivo recuperar em Montevideo o relacionamento dos descendentes de canários com as ilhas. Na Argentina, que possui um significativo Centro Archipiélago Canario" em Buenos Aires, a colonia desenvolve um Programa "Canárias" de assistência médica. Outro centro significativo em assuntos sociais é a "Asociación Canaria Zona Norte". Com relação ao Brasil, Marina Alvarez Barcanin, descendente de canários, expôs a situação da colonia de São Paulo, salientando que a mesma não vive em pobreza extrema mas tem de lutar com situações muito difíceis relativamente à assistência médica e social, sobretudo com a questão do amparo aos idosos. Nas primeiras Jornadas de Integração Social e Cultural no Exterior, organizadas em Santa Cruz de Tenerife, de 25 a 29 de agosto de 2005, o presidente da comunidade das Ilhas Canárias Adán Martín Menis expôs o plano de incremento de ajuda à coletividade canária emigrante no sentido de melhorar as condições de vida dos insulares que vivem na Argentina, no Brasil, em Cuba, na Venezuela e no Uruguai. Medidas culturais deverão também auxiliar à manutenção da identidade canária nos meios de emigrados e seus descendentes. A.A.Bispo
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Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).