Doc. N° 2044
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96 - 2005:4
Goetheanum, Dornach Reflexões da A.B.E.: Antroposofia e estudos transatlânticos Dornach, Suiça, 13 de agosto de 2005
A Academia Brasil-Europa, no âmbito do projeto de estudos das interações entre processos culturais transatlânticos e interamericanos, desenvolveu, após encontros preparatórios para a vinculação de rêdes de cooperações nos Estados Unidos e no Caribe, uma série de trabalhos intereuropeus dedicados a estudos de fundamentos culturais e religiosos do complexo cultural transmitido pelos europeus ao continente americano no decorrer da expansão ocidental. Entre outros aspectos, deu-se atenção também à tradição de pensamento gnóstico, oculto e/ou esotérico do Ocidente, ou seja, a correntes histórico-culturais pouco focalizadas no âmbito dos Estudos Culturais contemporâneos.
Uma particular consideração foi dada aos conceitos e às perspectivas da Antroposofia. A razão dessa atenção reside no próprio desenvolvimento histórico da A.B.E., uma vez que os seus principais fundadores, no início do século XX, vivenciaram os primeiros anos de constituição e solidificação do movimento antroposófico na Áustria, Sul da Alemanha e Suíça, acompanhando também a sua introdução e expansão no Brasil. Por essse motivo, decidiu-se realizar uma visita de representantes da A.B.E. a Dornach, com o intento de atualização de conhecimentos a respeito do trabalho científico, artístico e pedagógico de antropósofos e, na medida das possibilidades, estabelecer cooperações.
No primeiro caso, deu-se particular atenção a dois projetos: o de um Encontro de Estudos de Urbanística Orgânica (21 a 23 de outubro de 2005), proposta que apresenta similaridades com o projeto Poética da Urbanidade da A.B.E. e o de um Simpósio Musical dedicado ao tema "Movimento interno e externo" (14 a 16 de outubro de 2005).
Quanto ao desejo de estabelecimento de cooperações, salienta-se que o intercâmbio de informações entre estudiosos da cultura e estudiosos antroposóficos seria necessário para o levantamento amplo de fontes documentais que possibilitassem a escrita de uma história cultural da Antroposofia relacionada com o Brasil e, em geral, com a sua expansão a outros países americanos. Essa pesquisa traria também subsídios para os estudos de migração, no caso, de imigrantes de língua alemã no Brasil.
Concepções culturais desempenham papel relevante na ampla e complexa obra de Rudolf Steiner - e também em outros escritos de autores. Com a transplantação da Antroposofia - em particular das escolas Waldorf - a situações culturais totalmente diversas, como no caso do Brasil, parece ser importante, acompanhando o processo de integração de imigrantes e de seus descendentes, encetar reflexões diferenciadas a respeito das possibilidades e problemas de adaptação teórico-cultural das concepções e de seus aportes para os estudos culturais, das perspectivas que abrem e das questões que levantam. Considerando que vários intelectuais brasileiros, hoje atuantes nas várias áreas das ciências da cultura, tiveram a sua formação em escolas de orientação antroposófica no Brasil e no Exterior, seria importante para os estudos teóricos da ciência e das rêdes de trabalho científico que se analisasse o tipo de informações e a visão do mundo e do homem que receberam.
A.A.B.
Observação: o presente texto oferece apenas um relato suscinto de eventos, estudos e projetos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu conteúdo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).