Doc. N° 2026
Direção: Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath e Curadoria Científica © 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova série by ISMPS e.V. Todos os direitos reservados - ISSN 1866-203X - urn:nbn:de:0161-2008020501
95 - 2005:3
Johannes Eriugena - relações culturais intereuropéias Seminário: História do pensamento muso-teórico Diálogo de culturas e religiões na Idade Média
No decorrer do primeiro semestre de 2005, realizou-se, em cooperação com a Universidade de Colonia, um Seminário dedicado a história do pensamento muso-teórico na Idade Média sob a perspectiva do diálogo de culturas e religiões. No âmbito dos trabalhos da Academia Brasil-Europa, esse seminário teve o objetivo de fornecer subsídios de base para o projeto que visa o estudo das interações entre processos transatlânticos e interamericanos e que não pode dispensar a consideração de pressupostos históricos intereuropeus. Entre as personalidades focalizadas, deu-se particular atenção a Johannes Eriugena ou Johannes Scottus Erigena, nascido na Irlanda (Scotia maior) ao redor de 810 e falecido ao redor de 877. Vindo em 845 à Franconia ocidental, tornou-se mestre da escola da corte de Carlos, o Calvo. Nas reflexões, salientou-se o papel de Eriugena como tradutor e mediador cultural, tendo possibilitado a difusão de obras do Pseudo-Dionísio Areopagita, de Maximus Confessor e Gregorio de Nyssa. Especial relevância foi dada ao fato de Eriugena ser considerado como um dos principais veículos de transmissão do pensamento neo-platônico ao Ocidente. Já o fato de terem as suas obras sido acusadas de panteístas (1210 e 1225) parecem sugerir o interesse de uma renovada consideração de suas concepções na atualidade, marcada que é por questões graves no relacionamento do homem com a natureza. Discutiu-se, no âmbito dos trabalhos, sobretudo as relações entre concepções trinitárias e a teoria do conhecimento. Particular consideração foi dada à distinção entre Natura crans increata (Deus como causa primeira), Natura creata creans (idéias eternas, modêlos originais de todo o ser), Natura creata non creans (ser segundo imagem) e Natura nec creata non creans (finalidade do retorno). Essas concepções foram discutidas com relação à mística e como possíveis chaves categoriais para o entendimento de tradições místicas em regiões de irradiação da cultura ocidental, como constatáveis no Brasil até o presente. Foram também discutidas como possíveis categorias de análise de expressões culturais de fundamentação ontológica, comparando-as com aportes teóricos mais recentes.